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Cuba e Venezuela acumulam mais de R$ 9 bilhões em dívidas com o BNDES por obras de metrôs, portos, usinas, pontes e até estradas — valores só não geram prejuízo direto graças ao fundo garantidor do governo, entenda como funciona

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 16/08/2025 às 16:12
Cuba e Venezuela acumulam quase R$ 10 bilhões em dívidas com o BNDES por obras de metrôs, portos, usinas, pontes e até estradas
Foto: Cuba e Venezuela acumulam quase R$ 10 bilhões em dívidas com o BNDES por obras de metrôs, portos, usinas, pontes e até estradas
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Cuba e Venezuela devem mais de R$ 9 bilhões ao BNDES por obras financiadas com recursos públicos, dívida coberta pelo fundo garantidor do governo. Entenda como funciona

Cuba e Venezuela permanecem no centro de uma das maiores controvérsias envolvendo a política de financiamento internacional do Brasil. Segundo dados do BNDES e do Tesouro Nacional, as duas nações juntas acumulam quase R$ 10 bilhões em dívidas resultantes de obras de infraestrutura financiadas com recursos públicos brasileiros. Entre os projetos estão metrôs, portos, estradas e usinas, em sua maioria executados por grandes construtoras nacionais nos anos 2000 e 2010.

O valor bilionário só não aparece como prejuízo imediato nas contas do BNDES graças ao Fundo de Garantia à Exportação (FGE), mecanismo bancado pelo Tesouro Nacional que cobre os calotes. Na prática, isso significa que o custo recai sobre o contribuinte brasileiro, alimentando o debate sobre os riscos e a viabilidade desse modelo de financiamento.

Dívidas de Cuba e Venezuela com o BNDES ultrapassam R$ 9 bilhões

A política de crédito internacional do BNDES ganhou força no início dos anos 2000 como estratégia de internacionalização das construtoras brasileiras e fortalecimento da diplomacia econômica. O objetivo era abrir mercados para empresas nacionais e ampliar a influência do Brasil no cenário geopolítico.

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Na Venezuela, os recursos foram usados em trechos do metrô de Caracas e Los Teques, obras de modernização no porto de Puerto Cabello e a construção de rodovias estratégicas. Em Cuba, o destaque foi o porto de Mariel, considerado o maior investimento brasileiro no exterior, além de melhorias em estradas e projetos energéticos.

Entendenda o valor

Dívidas acumuladas (Cuba + Venezuela)

  • Venezuela
    • Valor contratado com o BNDES: ~US$ 1,27 bilhão (cerca de R$ 6,6 bilhões na cotação atual).
    • Desse montante, mais de US$ 641 milhões já foram indenizados pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE).
    • Ainda restam aproximadamente US$ 54 milhões não indenizados + outros atrasos em renegociação.
  • Cuba
    • Valor contratado com o BNDES: ~US$ 656 milhões (cerca de R$ 3,4 bilhões).
    • O FGE já indenizou cerca de US$ 214 milhões.
    • Restam US$ 407 milhões em atraso, sem pagamentos regulares.

Valor total (Cuba + Venezuela)

  • US$ 1,27 bi (Venezuela) + US$ 656 mi (Cuba) ≈ US$ 1,926 bilhão
  • Em reais, isso equivale hoje a cerca de R$ 10 bilhões.

Ou seja: Cuba e Venezuela juntos devem quase R$ 10 bilhões ao BNDES, sendo que boa parte já foi “coberta” pelo Fundo Garantidor, mas o governo brasileiro ainda tenta recuperar os valores diretamente com os países devedores.

Fundo garantidor cobre custos e evita prejuízo imediato ao BNDES

A inadimplência dos dois países, agravada por crises políticas e econômicas, levou o BNDES a acionar o Fundo de Garantia à Exportação (FGE). Segundo dados oficiais, mais de US$ 850 milhões já foram pagos pelo Tesouro Nacional para cobrir atrasos de Cuba e Venezuela. Isso equivale a bilhões de reais desembolsados pelo contribuinte brasileiro.

Sem o fundo garantidor, o BNDES teria registrado perdas expressivas em seu balanço. Contudo, a transferência de risco para o Tesouro levanta críticas sobre o custo social desses financiamentos.

Renegociações de dívidas internacionais ainda não trazem resultados

Apesar de diversas tentativas de renegociação, os valores seguem em aberto. No caso de Cuba, há conversas para estender prazos e flexibilizar condições de pagamento. Já a Venezuela, imersa em crise econômica e sob sanções internacionais, mantém atrasos recorrentes mesmo após acordos de reescalonamento.

Especialistas alertam que parte significativa desses recursos dificilmente será recuperada, já que os contratos soberanos não permitem execução direta sobre ativos dos países devedores.

Polêmica política: BNDES, Cuba e Venezuela dividem opiniões no Brasil

O financiamento de obras em países como Cuba e Venezuela sempre gerou acirrada disputa política no Brasil. Para críticos, os contratos foram movidos por afinidades ideológicas e colocaram bilhões de reais em risco.

Para defensores, esses investimentos ajudaram a consolidar a presença de empresas brasileiras no exterior e geraram milhares de empregos no país.

Relatórios recentes de transparência do BNDES confirmam que Cuba e Venezuela estão entre os maiores devedores externos do banco, reacendendo a discussão sobre a necessidade de rever o modelo de crédito internacional adotado pelo Brasil.

Quase R$ 10 bilhões em jogo: risco fiscal e impacto no contribuinte brasileiro

Mais do que uma disputa política, o caso ilustra os desafios de conciliar diplomacia econômica e responsabilidade fiscal.

O Brasil enfrenta o dilema de cobrar os países devedores com mais firmeza, correndo o risco de tensões diplomáticas, ou continuar flexibilizando prazos, assumindo a possibilidade de nunca recuperar parte dos valores.

Com quase R$ 10 bilhões em dívidas pendentes, a pressão tende a aumentar em anos eleitorais e em momentos de ajuste fiscal, quando o tema do uso de recursos do BNDES no exterior inevitavelmente retorna ao centro do debate público.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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