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Crypto.com comete erro e transfere US$ 10,5 milhões por engano; ao reaver o dinheiro, descobre que cliente comprou mansão e inicia batalha na Justiça

Escrito por Carla Teles
Publicado em 15/10/2025 às 19:23
Crypto.com comete erro e transfere US$ 10,5 milhões por engano; ao reaver o dinheiro, descobre que cliente comprou mansão e inicia batalha na Justiça
Por um erro de digitação, a Crypto.com transferiu R$ 50 milhões por engano. A cliente comprou uma mansão antes que a empresa notasse. Entenda o caso.
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Um simples erro de digitação resultou em uma transferência de US$ 10,5 milhões para uma cliente na Austrália, mas a empresa só notou a falha sete meses depois.

Um erro operacional que deveria ser um simples reembolso de US$ 100 se transformou em uma das falhas mais notórias do universo das criptomoedas. A plataforma Crypto.com transferiu acidentalmente a quantia de US$ 10,5 milhões (cerca de R$ 50 milhões) para a conta de uma cliente na Austrália, Thevamanogari Manivel. A empresa, no entanto, só percebeu a falha catastrófica sete meses depois, durante uma auditoria de rotina.

Nesse meio tempo, a beneficiária e seu parceiro, Jatinder Singh, embarcaram em uma onda de gastos extravagantes, que incluiu a compra de uma mansão de luxo, veículos e a transferência de milhões para o exterior. O caso desencadeou uma intensa batalha judicial, culminando em prisões e sentenças distintas para o casal, e expondo graves vulnerabilidades nos controles financeiros de uma gigante da tecnologia.

A catástrofe de um dígito: como o erro aconteceu

A origem deste erro milionário não foi um ataque hacker sofisticado, mas uma falha humana assustadoramente simples. Em maio de 2021, um funcionário da Crypto.com, localizado na Bulgária, deveria processar um reembolso de A$ 100 para Thevamanogari Manivel. Conforme revelado nos processos judiciais citados pelo The Guardian, o funcionário inseriu acidentalmente o número da conta bancária da cliente no campo destinado ao valor do pagamento em uma planilha do Excel. O sistema, sem qualquer trava de segurança, processou a transferência de A$ 10,47 milhões.

O mais alarmante, no entanto, foi a falha sistêmica que permitiu que uma transação tão anômala passasse despercebida por sete meses. A descoberta só ocorreu em dezembro de 2021, durante uma auditoria de final de ano. A ausência de alertas automáticos para transações de valores tão elevados ou de processos de reconciliação diária revelou uma perigosa dependência de processos manuais e uma grave deficiência nos controles internos da empresa, contrastando com sua imagem de vanguarda tecnológica.

Da sorte ao crime: a ostentação e a tentativa de fuga

Ao receber a fortuna inesperada, o casal rapidamente passou da surpresa para uma série de ações calculadas. Jatinder Singh alegou ter dito a Manivel que o dinheiro era um prêmio de um concurso da Crypto.com, uma narrativa que, segundo o The Guardian, foi desmentida no tribunal por um representante da empresa. No dia seguinte à transferência, Singh instruiu Manivel a mover a maior parte dos fundos para uma conta conjunta, uma manobra para impedir que o banco revertesse a transação.

A partir daí, eles iniciaram uma onda de gastos de quase A$ 6 milhões, que incluiu a compra de quatro casas, entre elas uma mansão de A$ 1,35 milhão em nome da irmã de Manivel, residente na Malásia, obras de arte, veículos e a transferência de A$ 4 milhões para o exterior. O ponto de virada ocorreu em janeiro de 2022, quando o banco começou a contatá-los para reaver os fundos. Ignorando os avisos, eles intensificaram os gastos. A saga culminou em março de 2022, quando, conforme noticiado pelo The Guardian, Manivel foi presa no aeroporto de Melbourne com A$ 11.000 em dinheiro e uma passagem só de ida para a Malásia.

A batalha nos tribunais e o veredito final

A Crypto.com moveu uma ação cível no Tribunal Supremo de Victoria, baseada no princípio do enriquecimento ilícito, e conseguiu ordens de congelamento para os bens restantes. O tribunal ordenou a venda da mansão para restituir parte do valor à empresa. Paralelamente, o estado australiano iniciou um processo criminal, acusando Singh de roubo e Manivel de lidar imprudentemente com os proventos do crime, refletindo a percepção de que ele foi o instigador principal.

As sentenças finais, detalhadas pelo Crypto News Australia, foram distintas. Thevamanogari Manivel foi condenada a uma ordem de correção comunitária de 18 meses, sem tempo adicional de prisão, pois o juiz considerou que sua intenção criminosa se tornou clara apenas quando ela foi notificada do erro e decidiu continuar gastando. Já Jatinder Singh recebeu uma pena mais dura: foi condenado a três anos de prisão.

Segundo o Crypto News Australia, o tribunal considerou fatores atenuantes para Singh, como seu QI “extremamente baixo” e o fato de ter sofrido bullying na prisão. No entanto, sua contínua falta de remorso e a insistência em culpar a Crypto.com pelo erro inicial pesaram contra ele, justificando a pena de encarceramento. Apesar de toda a saga, foi confirmado durante o julgamento que a Crypto.com conseguiu reaver a totalidade do dinheiro.

E você, quem acredita que teve a maior responsabilidade neste caso: o funcionário que cometeu o erro de digitação, a Crypto.com pela chocante falta de controles financeiros, ou o casal que decidiu gastar um dinheiro que não era seu? Deixe sua opinião nos comentários!

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Carla Teles

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