Jovens da Geração Z rejeitam o consumo frequente de álcool, priorizam saúde, bem-estar e pressionam a indústria de bebidas a inovar
A Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1997 e 2012, está transformando a forma como o mundo consome bebidas. Para esses jovens, a cerveja já não é parte do cotidiano, mas sim um prazer ocasional.
Quando decidem beber, preferem as versões sem álcool. Isso reflete um estilo de vida no qual saúde e bem-estar ocupam lugar central.
Esse desinteresse pelo álcool está ligado a fatores econômicos, sociais e culturais. A renda mais limitada em comparação às gerações anteriores pesa na decisão de não consumir bebidas alcoólicas.
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Além disso, cresce a valorização da cultura fitness e da consciência sobre os riscos do álcool para a saúde.
O peso das calorias
Outro fator importante é a preocupação com o corpo. A cerveja é vista como um produto calórico que atrapalha o emagrecimento e o ganho de massa muscular.
Criadores de conteúdo fitness reforçam essa visão, destacando os impactos negativos do álcool nos resultados físicos.
Portanto, para muitos jovens, a escolha de não beber vai além do bolso: é também uma questão de imagem e desempenho.
Essa tendência não é exclusiva da Alemanha. Jovens de outros países europeus e dos Estados Unidos também estão diminuindo o consumo de álcool. A mudança é global e pressiona a indústria de bebidas.
A situação no Brasil
O Brasil segue o mesmo movimento. Segundo o Relatório Covitel 2023, o percentual de jovens entre 18 e 24 anos que consomem álcool três ou mais vezes por semana caiu de 10,7% antes da pandemia para 8,1% em 2023.
O dado mostra que o comportamento da Geração Z brasileira acompanha a mudança observada em outros países.
Na faixa de 45 a 54 anos, o índice de consumo frequente é de 9,1%. Isso mostra que os jovens já bebem menos do que gerações anteriores, consolidando uma transformação nos hábitos.
Cerveja sem álcool parece ser a solução das cervejarias
As 1.500 cervejarias da Alemanha precisaram se adaptar. O mais importante para elas foi compreender que o crescimento do mercado está em produtos de baixo ou nenhum teor alcoólico.
Muitas passaram a investir em refrigerantes com suco de fruta, propagandas em estações de trem e comerciais de TV que destacam o prazer sem álcool.
A maior inovação do setor, segundo especialistas, é o crescimento da cerveja sem álcool. Apesar de nove em cada dez cervejas vendidas na Alemanha ainda terem álcool, a produção das versões com no máximo 0,5% de teor alcoólico quase dobrou nos últimos dez anos.
A aposta da Krombacher
Um exemplo claro é a Krombacher, uma das maiores cervejarias da Alemanha. Seu porta-voz, Peter Lemm, afirmou que a cerveja tradicional dificilmente crescerá no mercado interno nas próximas décadas.
Para ele, a área de crescimento está em bebidas com baixo teor alcoólico ou totalmente sem álcool.
A empresa investe em processos que removem o álcool após a fermentação. O desafio é manter o sabor da versão original.
Na fábrica de Kreuztal, a cerveja passa por tubulações durante semanas até chegar ao resultado esperado.
Quem é a Geração Z?
A Geração Z reúne pessoas nascidas entre 1997 e 2012. Essa foi a primeira geração a nascer em um ambiente totalmente digital.
Desde cedo, esses jovens conviveram com computadores, videogames e inovações tecnológicas. Não precisaram aprender informática em cursos formais, pois já cresceram inseridos nesse mundo.
Eles aprenderam a se relacionar por redes sociais e aplicativos. Esse comportamento reduziu os encontros presenciais e os vínculos duradouros.
Ao mesmo tempo, viveram num ambiente de insegurança em relação ao futuro. Para eles, um diploma universitário já não garante emprego estável, ao contrário do que ocorria com a geração X.
Críticas e dificuldades no trabalho
Apesar de suas particularidades, a Geração Z enfrenta críticas. Muitos jovens foram contratados no auge da pandemia, mas 60% dos empregadores admitiram demitir parte deles pouco tempo depois.
O psicólogo Mark Travers aponta três razões para essas dificuldades.
A primeira é a suposta falta de motivação. Pesquisas mostram que a Geração Z valoriza empresas que cuidam do bem-estar dos funcionários e se preocupam com o mundo.
Porém, a instabilidade do mercado e a falta de perspectivas geram desânimo e relutância em se dedicar intensamente ao trabalho.
A segunda razão é a forma de comunicação. Por terem crescido no digital, muitos jovens têm dificuldade em se adaptar a ambientes presenciais mais formais.
Essa diferença de linguagem gera ruídos e mal-entendidos, o que pode ser visto como falta de engajamento.
A terceira é a rejeição à cultura do excesso de trabalho. As gerações anteriores valorizavam jornadas longas e sacrifício pessoal.
Já a Geração Z busca equilíbrio, bem-estar e sentido na carreira. Para eles, sucesso não significa estar sempre disponível, mas ter qualidade de vida.
A visão sobre o futuro
Esse choque de mentalidades gera atritos no mercado de trabalho. Empresários esperam dedicação integral, enquanto a Geração Z prioriza saúde mental e vida pessoal.
Para muitos, o emprego não pode ser o centro da existência. Portanto, essa geração busca uma relação diferente com o trabalho, assim como com o consumo de bebidas alcoólicas.
As cinco gerações
Quando falamos em gerações, pensamos em faixas etárias com características próprias. Cada uma viveu em um contexto histórico específico, com traços culturais semelhantes. Atualmente, podemos identificar cinco gerações.
Os Baby Boomers nasceram entre 1946 e 1964. A geração X veio de 1965 a 1980. Já os Millennials, ou geração Y, nasceram entre 1981 e 1996.
A Geração Z engloba os nascidos de 1997 a 2012. Por fim, a Geração Alpha reúne aqueles que vieram ao mundo a partir de 2013.
Essas classificações ajudam a entender os hábitos de consumo, os valores e as formas de comunicação de cada grupo. E no caso da Geração Z, a rejeição ao álcool e a busca por bem-estar são marcas que já desafiam indústrias tradicionais em todo o mundo.
Com informações de ND Mais.