Portugal enfrenta grave escassez de mão de obra na construção civil, comprometendo obras, prazos e investimentos. Sindicatos e empresas pedem melhores salários, qualificação e políticas para atrair e reter profissionais.
Portugal enfrenta um dos seus maiores entraves estruturais no setor da construção civil: a crescente escassez de mão de obra qualificada. O problema, que já começa a comprometer a execução de projetos estratégicos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi denunciado por entidades sindicais e patronais como um risco real para o avanço econômico e social do país.
Escassez de mão de obra compromete obras financiadas pelo PRR
O alerta foi lançado neste sábado (4) pela Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom) e pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).
Ambas as entidades afirmam que a carência de profissionais no setor já está atrasando obras públicas, incluindo projetos habitacionais que deveriam estar em andamento.
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“Temos conhecimento de obras do PRR e da habitação que ainda não saíram do papel e que já deveriam estar no terreno”, afirmou Nuno Gonçalves, representante da Feviccom.
Baixos salários e condições precárias afastam profissionais
Segundo a Feviccom, um dos principais fatores que alimentam a escassez de mão de obra na construção civil em Portugal é a combinação de salários baixos e vínculos precários.
A federação propõe a implementação de um salário mínimo de 1.200 euros para o setor, além de benefícios como o aumento dos dias de férias para 25, melhorias na segurança no trabalho e combate ao trabalho informal.
Gonçalves destaca ainda que muitos profissionais capacitados preferem trabalhar no exterior, onde encontram melhores condições e remuneração.
“O setor tem muitos trabalhadores imigrantes e muitos portugueses que preferem trabalhar fora do país, onde são melhor remunerados”, reforça.
Empresários estimam falta de 80 mil profissionais
Do lado empresarial, o cenário é igualmente preocupante. A AICCOPN estima que o setor da construção civil sofre com um déficit de cerca de 80 mil trabalhadores.
E esse número pode crescer rapidamente com o início de obras de grande porte, como o novo aeroporto de Lisboa, a expansão da ferrovia de alta velocidade e a construção de dezenas de milhares de novas habitações.
Para a associação, a escassez de mão de obra é uma ameaça direta à capacidade de Portugal cumprir os prazos e metas do PRR, colocando em risco a retomada econômica e o investimento público.
A Escassez de mão de obra em Portugal pode ser combatida com mais formação, melhores salários e políticas migratórias eficazes
Embora o governo tenha assinado, em abril de 2025, um protocolo de cooperação para facilitar a migração laboral regulada, a AICCOPN alerta que a medida, por si só, é insuficiente para resolver o problema.
A associação defende uma abordagem integrada que envolva políticas de atração de jovens, reconversão de desempregados e valorização dos trabalhadores do setor.
“Não é razoável que existam taxas de desemprego elevadas e, ao mesmo tempo, falta de trabalhadores em setores-chave como a construção”, afirma a associação.
Apesar de algumas conquistas, como o reajuste médio de 13,2% nos salários por meio do último acordo coletivo com os sindicatos, os avanços ainda são considerados modestos frente ao tamanho do problema.
A Feviccom reforça a necessidade de ampliar investimentos em formação profissional e segurança, tanto para os trabalhadores portugueses quanto para os imigrantes que já atuam no país.
Impacto direto na economia e na qualidade de vida
A escassez de mão de obra na construção civil em Portugal já ultrapassa os limites do setor e começa a impactar diretamente o desenvolvimento de infraestruturas e o acesso à habitação.
Sem ações coordenadas entre governo, empresas e sindicatos, o país corre o risco de ver paralisados projetos fundamentais para o bem-estar da população e para a recuperação econômica.
A urgência é clara: investir nas pessoas que constroem o país!