Ex-presidente da Microsoft Brasil alerta que a IA fortalece hackers e o crime cibernético, que já movimenta US$ 10 trilhões por ano.
A inteligência artificial (IA) está transformando não apenas os negócios, mas também o submundo do crime digital. Segundo Tania Cosentino, ex-presidente da Microsoft Brasil, a tecnologia que impulsiona a inovação corporativa também serve como combustível para o crescimento do cibercrime — que já movimenta cerca de US$ 10 trilhões por ano.
O alerta foi feito durante o CRM Zummit, em Florianópolis, onde a executiva destacou que a falta de preparo em cibersegurança está deixando empresas vulneráveis a hackers cada vez mais sofisticados.
De acordo com Cosentino, o avanço rápido das ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, colocou nas mãos de mais de 1,5 bilhão de pessoas um poder tecnológico sem precedentes.
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Contudo, enquanto 92% das empresas já utilizam IA, a maioria dos líderes de risco não se considera preparada para lidar com as ameaças que surgem desse mesmo avanço.
A face dupla da IA: inovação e ameaça
O entusiasmo com a inteligência artificial, segundo a ex-presidente da Microsoft Brasil, transformou o ambiente corporativo em uma “feira de ciências”, onde muitos projetos são lançados, mas poucos trazem resultados concretos. “Apenas 5% dos projetos de IA estão conseguindo gerar resultados em escala”, afirmou.
Para Cosentino, o motivo é simples: falta de estrutura. “Não recomendo que um projeto de IA seja colocado em prática sem três coisas: uma arquitetura de dados bem-feita, governança sólida e uma fundação de cibersegurança”, explicou.
Entretanto, o risco mais grave é o uso indevido da tecnologia. “A IA dá ao hacker velocidade, escala e sofisticação. Estamos vendo ataques de vishing, onde a voz de um executivo é clonada para pedir transferências, com vídeos e áudios facilmente falsificáveis. Não podemos mais crer no que vemos e ouvimos”, alertou a especialista.
Crime cibernético já movimenta mais que o PIB da Alemanha
O impacto econômico do crime digital é gigantesco. Cosentino revelou que o cibercrime cresce entre 15% e 20% ao ano, movimentando valores que ultrapassam o dobro do PIB da Alemanha.
“Se fosse um país, o crime cibernético seria o terceiro maior PIB do mundo. Estamos falando de uma organização criminosa que rende muito dinheiro e não tem ética”, disse.
Ela ressaltou ainda que a IA atua em ambos os lados dessa guerra digital.
“Na defesa, ela ajuda a monitorar sistemas em tempo real, identificar padrões e reduzir falsos alarmes. No ataque, automatiza a busca por vulnerabilidades e aprimora as técnicas de engenharia social”, detalhou.
Brasil entre os principais alvos de ataques hackers
Cosentino destacou que o Brasil é um dos países mais afetados por ataques de ransomware, modalidade em que criminosos sequestram dados e cobram resgates em troca da liberação.
“O problema é cultural. O Brasil paga o resgate, e isso alimenta o crime organizado”, afirmou.
Além dos prejuízos financeiros, as empresas afetadas sofrem com multas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e com o dano à reputação, que pode levar até 100 dias para ser revertido.
Segundo a executiva, o combate aos criminosos exige mais do que tecnologia: “Segurança cibernética é um esporte de equipe. Não basta ter a melhor plataforma; é preciso pessoas treinadas, engajadas e uma governança forte para integrar tudo”.
Cultura de segurança é o novo desafio das empresas
A ex-presidente da Microsoft Brasil comparou o atual cenário da cibersegurança com o das indústrias nos anos 1970, quando a segurança física ainda não era prioridade.
“Foi preciso criar uma cultura de segurança, liderada do topo. É o que precisamos fazer agora no mundo digital”, afirmou.
Cosentino defende o conceito de ‘Secure by Design’ — segurança desde a concepção. Isso significa que todo projeto de IA, produto ou campanha deve nascer com medidas de segurança embutidas.
A mudança cultural, segundo ela, é tão importante quanto a tecnologia em si.
Confiança: o novo capital digital
Encerrando sua palestra, Tania Cosentino destacou que a confiança se tornou um ativo essencial no ambiente digital.
“O cliente nos dá dados sensíveis, e precisamos tratá-los com responsabilidade. Se fizermos isso, a relação cresce. Segurança não é um tema técnico, é um tema de negócios, um dos maiores riscos da atualidade”, concluiu.