1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Crime digital movimenta trilhões com IA e ameaça a segurança de empresas
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Crime digital movimenta trilhões com IA e ameaça a segurança de empresas

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 19/10/2025 às 07:28
Ex-presidente da Microsoft Brasil alerta que a IA fortalece hackers e o crime cibernético, que já movimenta US$ 10 trilhões por ano.
Foto: IA
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Ex-presidente da Microsoft Brasil alerta que a IA fortalece hackers e o crime cibernético, que já movimenta US$ 10 trilhões por ano.

A inteligência artificial (IA) está transformando não apenas os negócios, mas também o submundo do crime digital. Segundo Tania Cosentino, ex-presidente da Microsoft Brasil, a tecnologia que impulsiona a inovação corporativa também serve como combustível para o crescimento do cibercrime — que já movimenta cerca de US$ 10 trilhões por ano.

O alerta foi feito durante o CRM Zummit, em Florianópolis, onde a executiva destacou que a falta de preparo em cibersegurança está deixando empresas vulneráveis a hackers cada vez mais sofisticados.

De acordo com Cosentino, o avanço rápido das ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, colocou nas mãos de mais de 1,5 bilhão de pessoas um poder tecnológico sem precedentes.

Contudo, enquanto 92% das empresas já utilizam IA, a maioria dos líderes de risco não se considera preparada para lidar com as ameaças que surgem desse mesmo avanço.

A face dupla da IA: inovação e ameaça

O entusiasmo com a inteligência artificial, segundo a ex-presidente da Microsoft Brasil, transformou o ambiente corporativo em uma “feira de ciências”, onde muitos projetos são lançados, mas poucos trazem resultados concretos. “Apenas 5% dos projetos de IA estão conseguindo gerar resultados em escala”, afirmou.

Para Cosentino, o motivo é simples: falta de estrutura. “Não recomendo que um projeto de IA seja colocado em prática sem três coisas: uma arquitetura de dados bem-feita, governança sólida e uma fundação de cibersegurança”, explicou.

Entretanto, o risco mais grave é o uso indevido da tecnologia. “A IA dá ao hacker velocidade, escala e sofisticação. Estamos vendo ataques de vishing, onde a voz de um executivo é clonada para pedir transferências, com vídeos e áudios facilmente falsificáveis. Não podemos mais crer no que vemos e ouvimos”, alertou a especialista.

Crime cibernético já movimenta mais que o PIB da Alemanha

O impacto econômico do crime digital é gigantesco. Cosentino revelou que o cibercrime cresce entre 15% e 20% ao ano, movimentando valores que ultrapassam o dobro do PIB da Alemanha.

“Se fosse um país, o crime cibernético seria o terceiro maior PIB do mundo. Estamos falando de uma organização criminosa que rende muito dinheiro e não tem ética”, disse.

Ela ressaltou ainda que a IA atua em ambos os lados dessa guerra digital.

“Na defesa, ela ajuda a monitorar sistemas em tempo real, identificar padrões e reduzir falsos alarmes. No ataque, automatiza a busca por vulnerabilidades e aprimora as técnicas de engenharia social”, detalhou.

Brasil entre os principais alvos de ataques hackers

Cosentino destacou que o Brasil é um dos países mais afetados por ataques de ransomware, modalidade em que criminosos sequestram dados e cobram resgates em troca da liberação.

“O problema é cultural. O Brasil paga o resgate, e isso alimenta o crime organizado”, afirmou.

Além dos prejuízos financeiros, as empresas afetadas sofrem com multas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e com o dano à reputação, que pode levar até 100 dias para ser revertido.

Segundo a executiva, o combate aos criminosos exige mais do que tecnologia: “Segurança cibernética é um esporte de equipe. Não basta ter a melhor plataforma; é preciso pessoas treinadas, engajadas e uma governança forte para integrar tudo”.

Cultura de segurança é o novo desafio das empresas

A ex-presidente da Microsoft Brasil comparou o atual cenário da cibersegurança com o das indústrias nos anos 1970, quando a segurança física ainda não era prioridade.

“Foi preciso criar uma cultura de segurança, liderada do topo. É o que precisamos fazer agora no mundo digital”, afirmou.

Cosentino defende o conceito de ‘Secure by Design’ — segurança desde a concepção. Isso significa que todo projeto de IA, produto ou campanha deve nascer com medidas de segurança embutidas.

A mudança cultural, segundo ela, é tão importante quanto a tecnologia em si.

Confiança: o novo capital digital

Encerrando sua palestra, Tania Cosentino destacou que a confiança se tornou um ativo essencial no ambiente digital.

“O cliente nos dá dados sensíveis, e precisamos tratá-los com responsabilidade. Se fizermos isso, a relação cresce. Segurança não é um tema técnico, é um tema de negócios, um dos maiores riscos da atualidade”, concluiu.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia, Geopolítica, Economia. Apaixonada por leitura e escrita.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x