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Criado por acidente na Guerra Fria, o buraco de 70 metros que nunca para de queimar já engoliu uma sonda soviética e virou atração no meio do deserto

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 26/06/2025 às 14:04
Criado por acidente na Guerra Fria, o buraco de 70 metros que nunca para de queimar já engoliu uma sonda soviética e virou atração no meio do deserto
cratera Darvaza/Reprodução -AAD
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Criada por acidente em 1971, a cratera Darvaza arde há mais de 50 anos no meio do deserto do Turcomenistão. Entenda o mistério do “Portão do Inferno”.

No coração do deserto de Karakum, no Turcomenistão, um fogo que arde há mais de meio século desafia o tempo, a ciência e a lógica. Conhecido como Portões do Inferno, ou cratera de Darvaza, esse buraco de 70 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade foi criado por engano, em um dos episódios mais insólitos da corrida energética da Guerra Fria.

Tudo começou em 1971, quando uma equipe de geólogos soviéticos perfurava o solo em busca de gás natural — e encontrou algo além do esperado. O que era para ser uma simples perfuração tornou-se um acidente geológico e químico de proporções épicas, que ainda hoje queima incessantemente em meio às areias escaldantes da Ásia Central.

Um erro soviético que entrou para a história

O Turcomenistão, então república soviética, sempre foi uma terra rica em gás natural. Na década de 70, a busca por reservas subterrâneas era intensa, e o deserto de Karakum parecia promissor. Mas o que os soviéticos encontraram foi uma caverna gigantesca repleta de gás, tão instável que colapsou logo após a perfuração, engolindo parte do equipamento e deixando um buraco fumegante no solo.

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Temendo uma liberação tóxica de metano e outros gases, os engenheiros tomaram uma decisão extrema: atear fogo na cratera, na esperança de que o gás queimasse em poucos dias ou semanas. O que eles não sabiam é que o subsolo da região repousa sobre a bacia de Amu-Darya, uma das maiores reservas de gás da Ásia Central — combustível suficiente para alimentar as chamas por décadas.

‘Portões do Inferno’: uma cratera em chamas há 50 anos

Desde então, o local arde sem interrupção. O calor é tão intenso que impede qualquer aproximação prolongada. A noite, as chamas iluminam o deserto como uma fornalha sobrenatural — um verdadeiro “shining of Karakum”.

  • Diâmetro: entre 60 e 70 metros
  • Profundidade: cerca de 30 metros
  • Temperatura: suficiente para queimar continuamente gás metano por décadas

A cratera Darvaza virou atração turística improvável, mesmo diante da rigidez do regime turcomeno. Viajantes e exploradores são atraídos pelo mistério, pelo visual surreal e pela sensação de estar diante de um fenômeno quase apocalíptico.

Buraco em chamas no Turcomenistão – cratera Darvaza virou símbolo (e problema)

O fenômeno é, ao mesmo tempo, um cartão-postal não oficial do país e um problema ecológico de longa data. O metano liberado na queima é um dos gases de efeito estufa mais potentes, o que levanta preocupações ambientais.

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Em 2022, o governo do Turcomenistão anunciou planos para extinguir o fogo e capturar o gás remanescente, aproveitando o recurso de forma energética. No entanto, a complexidade técnica da operação, somada ao risco de explosões e instabilidade geológica, adiaram a missão.

Por ora, cratera Darvaza, ainda que com menos intensidade: medições recentes apontam que a força das chamas caiu até três vezes em comparação com décadas anteriores, indicando que o gás pode estar se esgotando.

A ciência por trás do fogo eterno

O fogo contínuo é alimentado por bolsões de gás natural subterrâneos, especialmente o metano. Quando o gás escapa pelas fendas da cratera e entra em contato com o oxigênio, entra em combustão espontânea, criando chamas constantes, estáveis e intensas.

Apesar de parecer algo mágico ou sobrenatural, trata-se de um processo químico bem documentado. Mas o que ainda intriga geólogos é a estabilidade da cratera: como ela mantém uma queima tão uniforme por tanto tempo? E por que a estrutura da câmara não colapsou ainda?

Curiosidade: vida nos arredores da cratera

Embora o ambiente pareça hostil à vida, relatos de exploradores indicam que algumas espécies de aranhas se adaptaram à borda da cratera. A luz atrai insetos durante a noite, e os aracnídeos constroem teias nas margens para capturá-los.

Apesar de fascinante, não há estudos científicos oficiais publicados sobre esse comportamento, o que mantém o mistério vivo entre cientistas e entusiastas da biologia extrema.

Por que o “fogo do inferno” ainda arde?

As tentativas de extinguir a cratera de Darvaza esbarram em três fatores principais:

  • A profundidade e complexidade das bolsas de gás: não há como estimar com precisão a quantidade total de combustível.
  • O risco de explosão: redirecionar ou selar o gás pode causar novos acidentes.
  • O interesse turístico: paradoxalmente, a cratera atrai curiosos e coloca o Turcomenistão no mapa de viajantes do mundo todo.

A cratera de Darvaza é um lembrete vivo dos riscos — e fascínios — da exploração humana. Criada por acidente durante a Guerra Fria, tornou-se um símbolo involuntário do poder da natureza e da persistência da energia subterrânea.

Meio século depois, o fogo segue queimando, agora observado por satélites, câmeras e viajantes curiosos. É um espetáculo hipnótico, um alerta ecológico e, ao mesmo tempo, uma anomalia histórica.

Se você ainda não ouviu falar da cratera de Darvaza, prepare-se: este pode ser o buraco mais quente, mais duradouro e mais misterioso do planeta — um verdadeiro Portão do Inferno aberto pela mão humana.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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