Governo lança linha bilionária de crédito para renovação do parque industrial, com foco em máquinas e tecnologias da Indústria 4.0, juros reduzidos e incentivos fiscais que prometem acelerar investimentos e aumentar a competitividade do setor.
O governo federal lançou uma linha de R$ 12 bilhões para renovar o parque fabril brasileiro com tecnologias da Indústria 4.0.
O programa, anunciado nesta segunda-feira (25), reúne R$ 10 bilhões do BNDES e R$ 2 bilhões da Finep, com juros a partir de 7,5% ao ano e possibilidade de depreciação acelerada dos bens adquiridos.
A iniciativa busca elevar a produtividade e a competitividade do setor.
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Como funciona a nova linha para máquinas 4.0
O Crédito Indústria 4.0 financia a compra de máquinas e equipamentos que incorporem robótica, inteligência artificial, computação em nuvem, sensoriamento e comunicação máquina a máquina, entre outras tecnologias.
No BNDES, a linha soma R$ 10 bilhões voltados a investimentos em bens de capital com conteúdo tecnológico.
A Finep complementa com R$ 2 bilhões por meio da linha Difusão Tecnológica, exclusiva para empresas com plantas industriais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Taxas, formação de custo e tetos
De acordo com o desenho do programa, o custo financeiro combina TR (Taxa Referencial) com taxas de mercado.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que os juros ficam “entre 7,5% e 8%, além do spread”, em referência à remuneração adicional dos repasses bancários.
Em paralelo, o governo fixou que o custo total não ultrapasse 8,5% ao ano, a depender da composição entre TR e mercado.
A mescla busca expandir o alcance para projetos de diferentes portes, com foco especial em micro, pequenas e médias empresas.
Depreciação acelerada: estímulo fiscal ao investimento
O pacote vem “junto com depreciação acelerada”, disse Alckmin.
Na prática, a aquisição de máquinas e equipamentos novos pode ser depreciada em dois anos, em vez de prazos usuais muito mais longos.
Segundo o ministro, “em vez de depreciar […] em 15 anos, você deprecia em dois anos”, o que reduz o imposto a pagar nos exercícios iniciais e antecipa o benefício fiscal para quem investe.
O mecanismo está previsto em lei e regulamentos vigentes, aplicando-se a bens novos adquiridos no período definido pelas normas.
Alocação regional e público-alvo
A participação da Finep é direcionada à redução de assimetrias regionais.
Seus R$ 2 bilhões destinam-se exclusivamente a empresas com projetos de modernização nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Já o BNDES apoiará desde operações indiretas (por meio de bancos credenciados) para MPMEs até operações diretas para projetos de maior porte, com foco em bens de capital credenciados e fabricantes de equipamentos 4.0.
Objetivo: produtividade, eficiência e exportações
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que a linha é “um grande estímulo” ao investimento produtivo, com taxa considerada “extremamente competitiva” frente aos padrões internacionais.
O banco estima que a difusão tecnológica em máquinas e equipamentos pode reduzir custos, elevar a eficiência energética e aumentar a capacidade exportadora das empresas brasileiras.
Base legal e diretrizes
A medida se apoia na Resolução nº 5.232, de julho de 2025, do Conselho Monetário Nacional, que ampliou o uso de recursos do FAT a custo TR para financiar projetos de inovação e difusão tecnológica.
O crédito integra o Plano Mais Produção, eixo de inovação e digitalização da política industrial Nova Indústria Brasil, que prevê instrumentos financeiros para modernização do parque industrial.
Conexão com o pacote pós-tarifaço
O anúncio ocorre poucos dias após o governo detalhar o Plano Brasil Soberano, pacote de apoio a exportadores afetados pela tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Nesse conjunto, o BNDES abriu linhas de crédito e garantias para empresas impactadas, com prioridade para quem registrou queda superior a 5% do faturamento em razão da interrupção ou redução das vendas ao mercado norte-americano.
O Crédito Indústria 4.0 dialoga com essa agenda ao acelerar a modernização e a diversificação de mercados.
O que muda para a indústria
Com juros abaixo do mercado e estímulo tributário na depreciação, a linha pretende encurtar o ciclo de renovação de máquinas, hoje considerado longo no Brasil.
A expectativa do governo e das instituições financeiras é destravar investimentos que estavam represados pelo custo de capital e pela defasagem tecnológica, especialmente em fábricas com maquinário antigo.
Ao mesmo tempo, a exigência de conteúdo tecnológico nos equipamentos financiáveis mira ganhos de produtividade e digitalização de processos.
Próximos passos nas empresas
A partir do anúncio, empresas interessadas devem planejar projetos que se enquadrem nas regras de elegibilidade.
É necessário consultar bancos repassadores credenciados e revisar o enquadramento fiscal para aproveitar a depreciação acelerada, quando aplicável.
Projetos com maior impacto em eficiência e substituição de tecnologias obsoletas tendem a ganhar prioridade em crédito e retorno econômico, sobretudo entre MPMEs.
O que observar na hora de contratar
Antes de fechar o financiamento, companhias precisam comparar custo efetivo total, prazos de carência e amortização, e condições de garantias.
Também é recomendável checar o credenciamento dos equipamentos a serem adquiridos e a aderência do projeto às tecnologias previstas.
No caso da depreciação acelerada, é essencial cumprir os critérios de habilitação e o período de aquisição estabelecido para o benefício fiscal.
Com crédito mais barato, incentivo tributário e foco em tecnologias avançadas, a indústria terá fôlego para renovar seu parque e competir melhor dentro e fora do país; quais segmentos devem se movimentar primeiro para aproveitar a janela e transformar produtividade em resultado?