Isolada nas Dolomitas italianas, a Buffa di Perrero foi erguida em plena Primeira Guerra Mundial. Hoje, a misteriosa casa de pedra atrai alpinistas que enfrentam a perigosa Via Ferrata Ivano Dibona para chegar ao refúgio histórico
No coração das Dolomitas italianas, a 2.760 metros de altura, uma pequena casa de pedra desafia a lógica e o tempo. Cravada em um penhasco do Monte Cristallo, a Buffa di Perrero continua intrigando estudiosos e atraindo aventureiros que buscam emoção em uma das trilhas mais perigosas da Europa.
Um abrigo feito para resistir
Durante a Primeira Guerra Mundial, a casa serviu de refúgio para soldados italianos. Os historiadores explicam que a posição elevada era estratégica, porque oferecia proteção contra ataques inimigos e também contra o clima severo da região.
Mais de cem anos depois, o abrigo permanece em pé. Ainda que marcado pelo desgaste, seu interior guarda sinais silenciosos da guerra, lembrando um passado de luta travada entre rochas e gelo.
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O enigma da construção da casa
A Buffa di Perrero é considerada uma das casas mais isoladas do mundo. Sua arquitetura simples, feita de paredes de pedra e teto inclinado, está localizada em um penhasco tão íngreme que especialistas ainda se perguntam como foi possível erguer a estrutura naquele ponto.
Pesquisadores relatam que os materiais foram transportados com cordas e guindastes improvisados. Esse trabalho exigiu coragem extrema, porque qualquer erro poderia ser fatal.
Relíquias em meio às nuvens
Em 2020, alpinistas alcançaram a construção e encontraram vestígios impressionantes: latas de comida enferrujadas e botões de uniforme militar.
Esses objetos funcionam como cápsulas do tempo, revelando detalhes do cotidiano dos soldados que ocuparam o lugar.
Hoje, dentro da casa restam apenas cadeiras de madeira e paredes marcadas pelo vento. A vista, no entanto, continua grandiosa, transformando o esforço da escalada em uma experiência única.
Casa de pedra: um esconderijo estratégico
O nome da casa homenageia o coronel Carlo Buffa di Perrero, que comandou tropas italianas nas montanhas.
A fortificação contava com duas portas e quatro janelas pequenas, criando um ambiente apertado e escuro, mas funcional para esconder armas e suprimentos.
Apesar de suas dimensões reduzidas, o abrigo representava segurança. Ali, soldados encontravam um espaço para descansar e planejar movimentos no campo de batalha.
Coragem para visitar a casa de pedra
Atualmente, a Buffa di Perrero só pode ser alcançada por quem percorre a Via Ferrata Ivano Dibona, uma das trilhas mais perigosas dos Alpes. O acesso exige preparo físico, equipamento de escalada e experiência.
O teto já desabou sob o peso da neve, mas foi reconstruído. Mesmo assim, a aura de mistério permanece, como se a casa fosse um segredo guardado nas alturas.
Com informações de Gazeta de São Paulo.
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A “Casa do Eremita” é um conjunto de aposentos cavados na rocha. O espaço funciona como um labirinto, com salas ligadas por túneis e escadas, segundo a AP News. O exterior está revestido com pedras, seixos e materiais reaproveitados, conforme descreve o Atlas Obscura.
A origem e a vida na casa da caverna
Kahlon, hoje com 77 anos, passou a dormir à beira-mar antes de começar a cavar os penhascos em 1973. Ele contou à New Lines que vivia em uma barraca depois de fugir de um casamento arranjado.
Quando a polícia tentou expulsá-lo, decidiu construir um refúgio.
A morada cresceu com o tempo. Inicialmente era uma caverna simples, mas ele foi ampliando cômodos ao longo das décadas.
O espaço foi feito e preenchido com material reciclado, disse Kahlon à AP News. “Com as pedras que extraio, faço um molde e construo um muro. Aqui não há desperdício, só material“, afirmou ele.
Detalhes da construção
As imagens mostram uma propriedade em múltiplos níveis, acessível por uma escada que desce da praia.
As paredes internas têm textura e tetos curvos. Portas estreitas e arqueadas quase não deixam passar Kahlon, que é homem de estatura reduzida.
Ferramentas simples, como uma lança de ferro que ele mesmo forjou, pás e espátulas, foram usadas na escultura do espaço, segundo a New Lines Magazine.
Ele também talhou prateleiras nas paredes de pedra para guardar seus pertences, e tem alguns móveis no interior.
Toques artísticos da casa da caverna
O interior mistura cacos de vidro colorido, mosaicos e fragmentos de cerâmica. Kahlon fez esses mosaicos com azulejos velhos que recolheu em lixeiras de Tel Aviv, segundo a AP News. Alguns cômodos exibem paredes, janelas e pinturas com tons vivos.
Apesar da aparência rústica, a casa dispõe de encanamento e linha telefônica. Além disso, muitos aposentos recebem eletricidade, informou a AP News.
Os riscos e as perdas
O mar já destruiu o exterior da casa em duas ocasiões. A primeira ocorreu no início dos anos 1980 e a segunda no fim dos anos 1990, quando a construção da Marina de Herzliya provocou erosão na praia, relata o Atlas Obscura.
Herzliya fica a cerca de 13 quilômetros ao norte de Tel Aviv, e a casa está próxima ao bairro à beira-mar conhecido por hotéis e vilas de alto padrão.
Ameaça de despejo
Agora, depois de quase meio século, Kahlon enfrenta a ordem de remoção do governo israelense. O Ministério de Proteção Ambiental afirma que a caverna causou “danos significativos ao penhasco, colocou o público em perigo e reduziu o acesso da praia ao público”, conforme noticiou a AP News.
Kahlon rejeita a acusação. “Trabalhei aqui cinquenta anos sem salário. O que eu fiz? Matei, roubei, estuprei? Não!”, disse ele à revista New Lines. Para o morador, a casa é um museu e deveria ser reconhecida, não demolida.
O homem admitiu que nunca teve permissão oficial para erguer a construção. Ainda assim, alega que as autoridades locais ligaram sua caverna à rede elétrica anos atrás.
Em 1974, recebeu uma ordem de demolição que não foi cumprida. Desde então, diz que só enfrentou oposição recente.
As autoridades sustentam que ofereceram uma moradia alternativa a Kahlon. Ele, entretanto, afirma não ter intenção de sair. “Não vou sair daqui. Estou pronto para que me enterrem aqui“, declarou à AP News. “Não tenho para onde ir, não tenho outro lar.“
A batalha judicial
Com apoio de amigos e parentes, Kahlon angariou recursos para contratar um advogado para o processo que ocorrerá na justiça, informou a New Lines Magazine.
Ele questiona a razão de ser expulso agora, depois de décadas de convivência com o lugar.
A população e grupos culturais observam a disputa com atenção, porque muitos valorizam a criatividade de Kahlon, mas também temem riscos concretos à costa e estabilidade.
A história ressalta o choque entre patrimônio pessoal e regras públicas. Porque a casa surgiu da necessidade e do engenho de um indivíduo, muitos veem nela valor cultural.
Portanto, o caso põe em cena dúvidas sobre quem define o que é espaço público e o que merece proteção.
Nem todos concordam. Além disso, a erosão e o risco à segurança são argumentos que as autoridades utilizam para justificar a ação.
Com informações de Business Insider.


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