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Correios sofre um prejuízo de R$ 2.160.861.702,75 por conta da Taxa das Blusinhas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 04/04/2025 às 10:02
Taxa das Blusinhas
Foto: AB
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A Taxa das Blusinhas, criada para regular compras internacionais de baixo valor, teve um efeito colateral grave: os Correios registraram um prejuízo superior a R$ 2,1 bilhões. A queda brusca nas importações por consumidores afetou diretamente a receita da estatal, que agora enfrenta um dos maiores rombos financeiros de sua história.

Uma mudança na legislação, aprovada em 2024, gerou um prejuízo bilionário aos Correios. A empresa estatal calcula ter perdido mais de R$ 2,1 bilhões após a criação da chamada “taxa das blusinhas”. O dado foi revelado em um documento interno obtido pelo g1.

A taxa foi proposta pelo Ministério da Fazenda e sancionada pelo Congresso Nacional em junho do ano passado. A medida alterou as regras de importação para compras internacionais de até US$ 50, afetando principalmente os envios vindos da China.

Receita esperada não se confirmou

Antes da nova lei, os Correios esperavam arrecadar R$ 5,9 bilhões com o transporte de mercadorias importadas da China em 2024.

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Mas o valor arrecadado ficou em R$ 3,7 bilhões, ou seja, R$ 2,2 bilhões a menos. A queda representa cerca de 37% do que era esperado.

Mesmo considerando a nova regra e um cenário já mais conservador, os números ficaram abaixo do previsto. Com uma previsão de arrecadação de R$ 4,9 bilhões, ainda assim houve uma perda de R$ 1,7 bilhão.

A gente tinha uma expectativa de receita, que ela foi frustrada, então essa expectativa de receita frustrada se traduz depois em prejuízo na empresa“, afirmou.

O presidente dos Correios, Fabiano Silva.

Perda de mercado

Outro ponto levantado por Fabiano foi a perda de espaço dos Correios no mercado de entregas internacionais. Antes da nova legislação, a estatal dominava 98% desse segmento. Hoje, essa participação caiu para pouco mais de 30%.

A gente está em torno de 30 e poucos por cento”, disse Fabiano, ressaltando a entrada de outras empresas no setor, que passaram a realizar o frete de mercadorias internacionais dentro do Brasil.

Segundo fontes ligadas à estatal, os Correios estudam agora formas de reverter a situação. A principal tentativa é alterar o decreto-lei que estabeleceu o novo modelo de tributação simplificada, buscando voltar às regras anteriores.

Déficit e impacto nas estatais

A crise nos Correios foi citada oficialmente pelo Ministério da Gestão como um dos principais fatores para o aumento do déficit das estatais em 2024. Segundo o governo, a estatal teve um rombo de R$ 3,2 bilhões no ano passado.

A boa parte da explicação do aumento do déficit é o déficit dos Correios, que de fato aumentou bastante”, disse a secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, Elisa Leonel.

Ela destacou ainda que a empresa deixou de investir, encerrou contratos e perdeu receitas desde que foi incluída no Plano Nacional de Desestatização, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Fabiano também reconheceu que os Correios perderam oportunidades no período da pandemia, quando o volume de encomendas estava em alta. “Aquele era o momento de você ter feito um salto de qualidade. Ali a gente tinha que ter diversificado as nossas atividades”, afirmou.

Como funciona a taxa das blusinhas

A nova lei criou uma tributação específica para compras internacionais de até US$ 50, algo que se popularizou com o nome de “taxa das blusinhas”. Apesar de ter sido criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a proposta foi sancionada.

A cobrança agora funciona em duas faixas:

  • 20% sobre o valor de até US$ 50;
  • 60% sobre o valor que ultrapassar esse limite.

Além disso, incide também o ICMS estadual, que será reajustado em abril, passando de 17% para 20%.

A lei prevê um desconto de US$ 20 em compras acima de US$ 50, o que reduz um pouco o peso da tributação.

Por exemplo, em uma compra de US$ 60, o imposto final seria de US$ 16. Isso porque há uma cobrança de 20% sobre os primeiros US$ 50 (gerando US$ 10 de imposto), e 60% sobre os US$ 10 restantes (US$ 6).

Em uma compra maior, de US$ 3 mil, o desconto continua sendo de apenas US$ 20. Ou seja, quanto maior o valor, maior o peso da nova taxa.

Com a queda de receita, perda de mercado e aumento do déficit, os Correios tentam agora reagir. A principal aposta da estatal é rever a legislação e recuperar parte do espaço perdido.

Enquanto isso, a empresa continua sob observação do governo federal, que avalia medidas para garantir sua sustentabilidade financeira.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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