Estatal acumula prejuízo de R$ 4,3 bilhões no semestre, solicita ajuda emergencial ao Tesouro e alerta para colapso até 2026, mas Ministério da Fazenda teme impacto no Orçamento e cobra reestruturação antes de liberar recursos
A crise nos Correios se agravou com a confirmação de um rombo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre, mais que o triplo do prejuízo do ano anterior. Para manter as operações até 2026, a estatal solicitou R$ 7 bilhões ao Tesouro Nacional, divididos entre um aporte imediato de R$ 2 bilhões em 2025 e mais R$ 5 bilhões em 2026.
O Ministério da Fazenda, porém, resiste à liberação dos recursos. Técnicos da pasta alertam que, se a ajuda for concedida, os Correios passarão a ser oficialmente classificados como empresa dependente, o que obrigaria o governo a contabilizar R$ 20 bilhões de despesas no Orçamento da União, sacrificando outras políticas públicas.
Rombo histórico pressiona governo e acelera trocas internas
O alerta financeiro veio acompanhado de mudanças na gestão. Fabiano Silva dos Santos, presidente demissionário desde julho, foi substituído por Emmanoel Schmidt Rondon, nome técnico aprovado pelo Conselho de Administração.
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A expectativa nos bastidores é que essa renovação facilite o diálogo com a equipe econômica de Fernando Haddad, que exige ações concretas de corte de despesas antes de qualquer socorro
Mesmo com a troca no comando, a situação interna é crítica. Segundo apuraram Geralda Doca e Thaís Barcellos, d’O Globo, os Correios já vêm atrasando pagamentos a fornecedores e prestadores de serviço.
A folha salarial só tem sido paga em dia às custas do não cumprimento de outras obrigações financeiras, como aportes ao fundo de pensão
Fazenda exige plano de corte e novo papel para a estatal
A avaliação da Fazenda é que, antes de qualquer injeção de recursos, a estatal precisa apresentar um plano sólido de reestruturação.
Técnicos sugerem repensar o papel dos Correios na era digital, inclusive transferindo parte da obrigação de universalização postal para outros agentes do mercado
Hoje, essa obrigação legal de chegar a todos os cantos do país torna o serviço deficitário por natureza, consumindo grande parte da receita.
Para Haddad e seus aliados, esse modelo está esgotado, e a estatal precisa competir em pé de igualdade com empresas privadas, sem depender de verbas públicas permanentes
Mudança de perfil e fim da cota política
Com a saída de Fabiano Silva, ligado ao grupo Prerrogativas e ao PT, o governo Lula optou por um perfil mais técnico.
A saída do União Brasil da base aliada abriu caminho para a retirada das indicações políticas feitas à estatal, incluindo as que comandavam três das cinco diretorias dos Correios, além de cargos no Postal Saúde e no fundo de pensão Postalis
Apesar disso, duas diretorias comandadas por mulheres técnicas devem ser mantidas: Juliana Picoli Agatte (Governança e Gestão) e Loiane Bezerra de Macedo (Diretoria Financeira).
Ambas chegaram a ser cotadas para a presidência, mas o Planalto optou por um nome de fora dos quadros internos
Crise de modelo e herança da tentativa de privatização
Durante o governo Bolsonaro, os Correios chegaram a ser preparados para privatização.
Com a mudança de orientação no governo Lula, o projeto foi abandonado, mas a empresa não conseguiu estabilizar suas contas. O passivo cresceu e, em 2025, o rombo atingiu nível histórico
Segundo apuração d’O Globo, a estatal enfrenta ingerência política nos estados, resistência sindical a cortes e dificuldades em enxugar gastos com pessoal, que ainda representam cerca de 60% das despesas fixas.
A diretoria anterior também foi criticada pela lentidão na adoção de medidas emergenciais
Resistência política interna adia solução definitiva
A escolha de Rondon como presidente não foi fácil. Inicialmente, ele resistiu ao convite.
Mas, com apoio da Casa Civil e da Fazenda, acabou aceitando o desafio de reestruturar uma das estatais mais simbólicas do país, ainda marcada por décadas de aparelhamento político e modelo operacional defasado
O governo sabe que qualquer decisão sobre os Correios terá impacto político e orçamentário.
A ajuda direta seria uma solução rápida, mas com custo fiscal elevado. Já a reestruturação profunda exigirá tempo, enfrentamento de interesses internos e revisão da missão pública da estatal
A ajuda do Tesouro é válida ou só adia o inevitável fim de um modelo superado? Queremos saber o que você pensa sobre a crise dos Correios e o futuro da estatal. Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate sobre o papel dos serviços públicos no Brasil de hoje.
Em relação aos correios tem tudo pra voltar a ser a melhor empresa de entregas do Brasil com todo respeito aos entregadores da shop ,mercado livre e outras a confiabilidade nos correios é diferenciado.
O problema é que muita gente manda mas poucos entenderão meu ver deveriam sim investir na recuperação dessa empresa histórica que dentro de condições normais supera qualquer concorrente.
Segundo apuração d’O Globo, a estatal enfrenta ingerência política nos estados, resistência sindical a cortes e dificuldades em enxugar gastos com pessoal, que ainda representam cerca de 60% das despesas fixas.
A diretoria anterior também foi criticada pela lentidão na adoção de medidas emergenciais.
Está na própria matéria. Dar mais dinheiro, não vai resolver esses problemas. Seria como botar mais água em uma panela fervendo pra evitar que ela derrame.
Os Correios deviam estar pedindo socorro aos Estados, regionalmente (infelizmente não podem). Porque foi a ganância dos governadores que enterrou de vez as importações, com o ICMS absurdo cobrado.
Até o Amazonas, que nunca cobrou o ICMS devido a ZFM, passou a se beneficiar de 20% mas onda dos outros Estados.