Coreia do Norte envia à Rússia o temido M1989 Koksan, um canhão de artilharia com alcance de até 60 km. Esse reforço pode alterar os rumos da guerra na Ucrânia, mas enfrenta desafios logísticos e ataques de precisão das forças ucranianas.
Um arsenal poderoso que já foi peça-chave em conflitos históricos pode estar mudando de mãos para alterar os rumos da guerra na Ucrânia.
Imagens enigmáticas, divulgadas em redes sociais, mostram algo que parece confirmar uma nova parceria militar entre dois países que desafiam sanções internacionais e alertam a comunidade global.
O envio de artilharia norte-coreana e a escassez russa
De acordo com análises compartilhadas em redes sociais e por especialistas, unidades do M1989 Koksan, um sistema de artilharia autopropulsada de fabricação norte-coreana, podem estar a caminho da linha de frente na Ucrânia.
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Fotos divulgadas por fontes russas e ucranianas, como o perfil @Archer83Able na plataforma X (antigo Twitter), apontam para a presença desses armamentos em Krasnoyarsk, no centro da Rússia.
Essa movimentação indica uma intensificação da parceria militar entre Moscou e Pyongyang. Segundo especialistas, trata-se de uma resposta à significativa perda de equipamentos de artilharia de longo alcance pela Rússia, como os obuses 2S7 Pion, durante o conflito com a Ucrânia.
As capacidades do M1989 Koksan
O M1989 Koksan é um dos sistemas de artilharia mais poderosos da Coreia do Norte. Equipado com um canhão de 170 mm, ele pode atingir alvos a até 60 km de distância usando munições assistidas por foguetes.
Essa capacidade oferece à Rússia uma alternativa estratégica frente às dificuldades de reposição de seus sistemas tradicionais.
Com uma cabine fechada para proteção da tripulação e uma estrutura robusta, o M1989 pode armazenar até 12 projéteis de munição, corrigindo uma das principais limitações de seu modelo antecessor, o M1978.
No entanto, seu tamanho e peso comprometem a mobilidade em terrenos irregulares, e sua cadência de tiro é considerada baixa – cerca de um disparo a cada cinco minutos.
Um reforço estratégico para Moscou?
A entrada do M1989 no arsenal russo pode equilibrar temporariamente as perdas significativas de sistemas como o 2S7 Pion.
Estima-se que, de um total de 75 unidades, cerca de 30 foram destruídas ou gravemente danificadas na guerra contra a Ucrânia. Esse cenário não apenas fragiliza a capacidade de ataque de longo alcance da Rússia, mas também coloca pressão sobre a cadeia de suprimentos de munição.
Apesar de sua potência, o calibre de 170 mm do Koksan é incomum na artilharia moderna, o que significa que a Rússia dependerá diretamente da Coreia do Norte para o fornecimento de munições.
Isso pode trazer desafios logísticos significativos, dificultando a integração do sistema às operações militares.
A experiência de combate do Koksan
O M1989 Koksan já demonstrou sua eficácia em conflitos passados, como a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), onde desempenhou papel fundamental em missões de contra-bateria.
No contexto atual, o Koksan oferece à Rússia uma possibilidade de rivalizar com os sistemas de artilharia de longo alcance fornecidos à Ucrânia pelos países da OTAN.
Entretanto, mesmo com essas vantagens, a artilharia russa enfrenta sérias ameaças. Equipamentos como drones e radares de contra-bateria fornecidos pelos aliados ocidentais da Ucrânia têm se mostrado extremamente eficazes na neutralização de peças de artilharia pesada.
Caso os Koksan sejam de fato integrados às forças russas na Ucrânia, será essencial adotar estratégias de camuflagem e proteção para minimizar perdas.
O que Pyongyang ganha com isso?
Para a Coreia do Norte, essa cooperação com a Rússia representa uma oportunidade rara de estreitar laços com uma potência militar e, possivelmente, obter benefícios econômicos e tecnológicos.
Contudo, a transferência de armamentos pode violar sanções impostas pelas Nações Unidas, levando a uma intensificação das sanções contra as redes logísticas norte-coreanas.
Além disso, Pyongyang busca reforçar sua influência geopolítica ao fornecer armas que podem desequilibrar um conflito de importância global, enquanto envia uma mensagem clara sobre sua capacidade militar.
O impacto global da aliança Rússia-Coreia do Norte
Embora a chegada do M1989 Koksan possa aliviar algumas das dificuldades da Rússia no campo de batalha, essa cooperação militar traz riscos.
A intensificação dos ataques de artilharia, a expansão da guerra e o aumento da dependência mútua entre Moscou e Pyongyang podem gerar repercussões internacionais significativas.
Por outro lado, o envio desses armamentos reacende questões sobre a fragilidade da Rússia em manter uma autossuficiência militar e sobre as sanções como ferramenta de contenção.
Será que a artilharia norte-coreana pode virar o jogo para a Rússia, ou será apenas um esforço temporário diante da superioridade tecnológica da OTAN?