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Conta de luz dispara! Seca histórica nas bacias hidrelétricas ameaça abastecimento no Brasil

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 07/09/2025 às 15:26
Principais bacias hidrográficas do Brasil enfrentam seca há 10 anos, comprometem usinas hidrelétricas e elevam a conta de luz.
Foto: IA
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Principais bacias hidrográficas do Brasil enfrentam seca há 10 anos, comprometem usinas hidrelétricas e elevam a conta de luz.

O Brasil enfrenta uma crise silenciosa, mas que já pesa no bolso do consumidor. As principais bacias hidrográficas do país, responsáveis por abastecer as maiores usinas hidrelétricas, vivem um período de seca prolongada há mais de dez anos.

O déficit hídrico compromete a geração de energia, expõe falhas no modelo de previsão do setor elétrico e resulta em tarifas mais altas na conta de luz.

Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), obtidos com exclusividade, regiões estratégicas como Paraná, São Francisco e Tocantins atravessam uma sequência de estiagens cada vez mais severas.

Esses reservatórios alimentam hidrelétricas como Furnas, Sobradinho, Itaipu, Tucuruí e Três Marias, que juntas respondem por cerca de 60% da energia nacional.

Modelo defasado não considera mudanças climáticas

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reconhece que o método atual de previsão é ultrapassado.

Criado há décadas, o sistema baseia-se em séries históricas de chuvas e vazões que remontam aos anos 1930, mas não leva em conta os efeitos recentes da crise climática.

“Os dados históricos das vazões necessitam de atualizações para, de fato, contemplarem as mudanças climáticas e eventos extremos”, admite o ONS em nota.

Na prática, as estimativas ainda projetam cenários otimistas, mascarados por registros antigos de períodos chuvosos.

Assim, os reservatórios tendem a ser operados de forma arriscada, consumindo mais água do que efetivamente será reposta pelas chuvas.

Impactos diretos na conta de luz

Com os níveis dos reservatórios cada vez mais baixos, a Aneel acionou em agosto a bandeira vermelha patamar 2, o nível mais caro da tarifa.

Isso significa que a prolongada seca nas bacias está diretamente ligada ao aumento da conta de luz de milhões de brasileiros.

Especialistas alertam que, se nada mudar, o risco de racionamento volta ao horizonte. Além disso, a tendência é que usinas termelétricas, mais caras e poluentes, sejam acionadas com maior frequência para suprir a demanda energética.

Um novo padrão de estiagem nas bacias

Os dados históricos apontam uma mudança drástica a partir de 2014. Antes, havia ciclos regulares de cheias e estiagens.

Agora, o cenário mostra longos períodos secos, intercalados por chuvas curtas e insuficientes.

Serra da Mesa (GO): maior reservatório do país, com capacidade de 54,4 bilhões de m³, enfrenta estiagens contínuas desde 2013;

Furnas (MG): essencial para o Sudeste e Centro-Oeste, viveu sete anos consecutivos de seca entre 2015 e 2022;

Três Marias (MG): também entrou no ciclo de estiagem prolongada a partir de 2015, atingindo níveis inéditos.

Para a pesquisadora do Cemaden, Adriana Cuartas, esse quadro representa um “novo normal” climático.

“Desde 2015, não voltamos a um ciclo de alternância entre cheias e secas. Temos um país mais quente e mais seco, reflexo direto do aquecimento global e do desmatamento”, afirma.

Especialistas pedem revisão urgente do sistema

Ex-diretores da Aneel e do ONS, como Jerson Kelman e Luiz Barata, reforçam que o sistema de previsão é um ponto cego.

Para eles, a falta de atualização coloca em risco não apenas a geração de energia, mas também a segurança energética do país.

“Os modelos atuais superestimam o volume de água disponível e subestimam os impactos da seca. Isso pode comprometer contratos, elevar preços e fragilizar o abastecimento no futuro”, explica Kelman.

Barata acrescenta que tentou modernizar o modelo entre 2016 e 2020, mas encontrou resistência interna. “O sistema precisa mudar com urgência. Do jeito que está, reage tarde e torna a energia ainda mais cara.”

O Brasil diante de um novo desafio energético

Para além da conta de luz mais cara, o cenário exige planejamento estratégico. O setor elétrico ainda depende majoritariamente das usinas hidrelétricas, mas especialistas defendem que é hora de investir mais em fontes alternativas e em ferramentas de previsão alinhadas à realidade climática.

Enquanto isso, consumidores e empresas convivem com um risco crescente: o de ver a energia no Brasil ficar não apenas mais cara, mas também mais instável nos próximos anos.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia, Geopolítoca, Econômia. Apaixonada por leitura e escrita.

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