Estudo revela que Brasil terá de investir R$ 500 bilhões em transporte público para evitar colapso nas cidades
A construção do governo para o futuro da mobilidade urbana passa por uma transformação profunda no transporte público de média e alta capacidade. Um estudo do BNDES, em parceria com o Ministério das Cidades, aponta que o Brasil precisa dobrar sua rede de metrôs e quadruplicar a malha de BRTs e VLTs até 2054. O plano prevê 194 projetos prioritários e exige aportes públicos e privados na casa dos R$ 500 bilhões.
A proposta é considerada a mais ambiciosa da década e responde a uma queda de 43% no número de passageiros entre 2014 e 2023. A construção do governo federal visa recuperar a atratividade do transporte coletivo diante da migração crescente para carros e motos, sobretudo por aplicativo, além de enfrentar gargalos históricos de investimento e planejamento urbano.
BNDES mapeia 192 projetos e traça metas para os próximos 30 anos
Segundo o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, a rede de metrôs no Brasil, atualmente com 376 km, precisará ganhar mais 323 km nos próximos 30 anos. No caso dos sistemas de BRT, VLT e monotrilhos, a expansão prevista é ainda mais drástica: de 631 km para 2.500 km. O levantamento considerou apenas cidades com mais de 1 milhão de habitantes e avaliou criticamente a viabilidade de cada projeto.
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Felipe Borim, superintendente de infraestrutura do BNDES, explicou que o custo de um quilômetro de metrô pode chegar a R$ 1 bilhão, enquanto o BRT custa, em média, R$ 50 milhões. Por isso, a estratégia da construção do governo também envolve soluções mais baratas, mas integradas: “Todas as grandes cidades vão precisar de metrôs e BRTs se complementando, cada um com suas vantagens.”
Governo prevê R$ 42 bilhões já até 2028
O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, afirmou que o plano já tem previsão de investimento de R$ 42 bilhões até 2028. Ele criticou a ausência de financiamento nos anos anteriores e defendeu que a construção do governo precisa ser contínua e estável: “Antes disso, não houve financiamento nenhum. Isso não pode acontecer de novo.”
Em São Paulo, o estudo considerou obras como a ampliação da Linha Verde e a nova Linha Ônix. No Rio, foram analisadas a expansão da Linha 4 e a Linha 3 de Niterói a São Gonçalo. A lista completa dos projetos deve ser divulgada nos próximos meses, conforme o grau de maturidade de cada proposta.
VLT avança dentro das cidades; trens seguem em queda
O estudo também avaliou os serviços de trens urbanos, que praticamente não terão expansão, à exceção de São Paulo, com previsão de acréscimo de 96 km à sua rede atual. Já os VLTs vêm ganhando força como alternativa eficiente para áreas centrais. “Neste momento, o VLT é mais eficaz do que o trem para ambientes urbanos”, disse Borim.
Clarisse Cunha Linke, diretora do ITDP, reforça que a complementaridade entre trilhos e corredores de ônibus será essencial para o sucesso da construção do governo em mobilidade urbana. A integração tarifária, a prioridade no trânsito e o desincentivo ao transporte individual são pontos centrais da proposta.
Número de passageiros despenca; pandemia acelerou a crise
Entre 2014 e 2023, o número de passageiros em transporte coletivo caiu 43%, segundo o BNDES. A pandemia acentuou o problema: no pico, a demanda chegou a cair 80%. Mesmo em 2023, o uso do transporte coletivo ainda estava 15% abaixo do período pré-pandemia. Em paralelo, cresceu o uso de motos e carros de aplicativo, principalmente entre trabalhadores informais.
Para o governo, essa perda reflete a baixa qualidade dos serviços e o abandono de políticas públicas na área. A construção de uma nova política nacional de transporte público busca reverter esse cenário com planejamento de longo prazo, integração entre modais e tarifa acessível.
Expansão pode multiplicar por cinco o número de usuários
Se a rede planejada for implementada, cidades como Fortaleza poderão atender até 501% mais pessoas em sistemas de alta e média capacidade — passando de 213 mil para 1,2 milhão de usuários. No Rio, a população atendida pode saltar de 1,6 milhão para 5,9 milhões. Em São Paulo, o aumento seria de 68%, chegando a 15 milhões de pessoas.
Para isso, será necessário manter a construção do governo de forma consistente, com garantia de orçamento, licenciamento ágil e priorização política. O cenário otimista depende de quatro pilares: limite de gasto do usuário em até 6% da renda, integração tarifária, políticas contra uso excessivo de carros e preferência semafórica para o transporte coletivo.
Você acha que o Brasil vai conseguir cumprir esse plano até 2054? Acredita que o transporte coletivo pode voltar a ser prioridade? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive isso na prática.