Construção civil enfrenta uma crise que pode abalar sua base: a falta de trabalhadores qualificados. Com custos crescentes, envelhecimento da força de trabalho e dificuldades para atrair jovens, o setor pode enfrentar um apagão.
O Brasil pode estar caminhando para uma crise silenciosa, mas devastadora: a escassez de trabalhadores qualificados na construção civil.
Apesar de ser um dos pilares da economia nacional, o setor enfrenta uma dificuldade crescente para contratar profissionais capacitados, o que ameaça a continuidade de obras importantes e o crescimento do mercado imobiliário.
No último levantamento do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), feito pelo IBGE, constatou-se um aumento de 69% no custo da mão de obra nos últimos dez anos.
-
Weg aposta R$ 160 milhões no ES. O que está por trás desse investimento milionário?
-
Entrou em vigor nesse mês: Estado aprova salário mínimo regional até R$ 2.267, um dos maiores do Brasil
-
Isolado há décadas, Jalapão só agora iniciou a construção de um novo aeroporto para atender turistas e moradores
-
Férias antecipadas podem virar dor de cabeça se você ignorar essa regra da CLT
Este cenário reflete uma ameaça que já é sentida por empresários do ramo: 90% deles relatam dificuldade em encontrar trabalhadores, conforme pesquisa da Grua Insights.
A falta de pedreiros lidera as queixas, seguida por serventes e carpinteiros.
O impacto no setor
Essa crise de mão de obra não é apenas um dado frio em um relatório. Segundo o mesmo estudo, 70% das empresas precisaram adiar a entrega de obras nos últimos seis meses devido à dificuldade de contratar.
Isso gera um efeito cascata que afeta o planejamento de investimentos, como o estimado R$ 1,3 trilhão que poderia ser injetado no setor até 2029, conforme estimativas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Renato Correia, presidente da CBIC, destacou durante um evento em Minas Gerais que o problema afeta todo o setor, que emprega cerca de 2,8 milhões de pessoas, segundo o IBGE.
Para ele, uma das soluções seria atrair jovens e trabalhadores informais para a construção civil, que oferece um dos melhores salários de entrada no mercado nacional, perdendo apenas para o funcionalismo público e as áreas de tecnologia.
Jovens não se interessam pela construção civil
Outro ponto levantado é a dificuldade em atrair jovens, cujo perfil tem mudado nos últimos anos.
Hoje, a idade média dos trabalhadores no setor é de 41 anos, segundo a pesquisa da Grua Insights.
Correia acredita que, para conquistar esse público, será necessário modernizar ainda mais o setor, com tecnologias que atraiam os jovens para um mercado cada vez mais industrializado e digital.
“Hoje, o jovem prefere trabalhar na internet, virar influenciador ou buscar profissões que exijam menos esforço físico.
Mas a construção civil está se transformando rapidamente e tem muito potencial para atrair novos talentos”, explicou o presidente da CBIC.
Obras mais caras, imóveis mais caros
Além da escassez de mão de obra, os custos crescentes impactam diretamente o mercado imobiliário.
Em novembro de 2024, o custo do metro quadrado no Brasil alcançou R$ 1.786,82, de acordo com o IBGE.
Em Minas Gerais, o valor médio foi de R$ 1.684,62, mas a alta acumulada nos últimos 12 meses no estado superou a média nacional.
Felipe Boaventura, vice-presidente de Relações Trabalhistas do Sinduscon-MG, destacou que a falta de profissionais aumenta os custos das obras, seja por salários mais altos ou pelo prolongamento do cronograma.
Ele alertou que isso pode esfriar o mercado imobiliário, já que o público de média e baixa renda, que compõe a maior parte dos consumidores, tem baixa tolerância a variações de preço.
“A venda de imóveis em Belo Horizonte subiu 60% no terceiro trimestre de 2024, mas um aumento de custos pode provocar uma retração significativa no futuro”, alertou Boaventura.
Envelhecimento dos trabalhadores agrava o problema
Luiz Henrique Bombinho, empresário da construção em Belo Horizonte, reforçou que os trabalhadores do setor estão envelhecendo e que os mais jovens têm procurado alternativas fora da construção, como os aplicativos de transporte.
Para ele, o setor precisa agir rápido para evitar um apagão no futuro próximo.
“Os profissionais mais experientes estão ficando mais lentos e muitos já estão perto de se aposentar.
Se o setor não atrair novos trabalhadores, teremos um problema ainda maior nos próximos anos”, projetou Bombinho.
Como superar o apagão?
A modernização, aliada à oferta de melhores condições de trabalho e oportunidades de qualificação, é vista como o principal caminho para evitar que o setor entre em colapso.
Renato Correia acredita que investir em tecnologias e na digitalização dos processos pode transformar o setor em algo mais atraente e competitivo para os jovens.
Diante de tantas adversidades, será que a construção civil brasileira conseguirá se reinventar a tempo de evitar um colapso no futuro?
Sabe qual é o problema disso tudo? E desvalorização do profissional, hoje às empresa querem pagar menos da metade do teto do engenheiro, aí querem mão de obra qualificada. Os engenheiros hoje em dia sabe que pra ganhar, tem que arregaçar as mangas e pegar suas próprias obrar, pequenas mas ainda ganha melhor que trabalhar pra muitas empresas nesse país. Sou aluno do último ano de engenharia civil, e digo que não vou me submeter a trabalhar pra empresa que pagam menos que o teto.
O principal obstaculo em nao atrair os mais jovens é o salario pago. Muito baixo para quem esta iniciando é uma profissao desgastante sem beneficios especiais alem dos empresarios e a propria populacao descriminarem estes trabalhadores tao essenciais na construcao civil tao quanto os engenheiros e arquitetos que sao também desvalorizados
O problema não é falta de mso de obra.
É o baixo salário oferecido pelos empresários que enxergam funcionários com pouco estudo e não valorizam essa mão de obra.
Os mais jovens migram para outros setores informais que pagam mais, juntando com o auxílio que o governo oferece (bolsa preguiçoso), compensa mais trabalhar quando quiser e do jeito que quiser.
Ofereçam salário justo, e verá que tem muita gente qualificada.
Agora querer pagar 2.000,00 a um pai de família para trabalhar em um serviço degradante, infelizmente não encontrará ninguém.