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Conheça o projeto da Barragem da Renascença Etíope (GERD) de US$ 5 Bilhões que irá armazenar quase 100 bilhões de metros cúbicos de água do Rio Nilo!

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 15/07/2024 às 17:57
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foto/reprodução: ia

A construção da maior hidrelétrica da África promete transformar a produção de energia na região, mas também gera tensões significativas!

A Grande Barragem da Renascença Etíope (GERD) é um projeto ambicioso que visa transformar o cenário energético da África. Localizada no Nilo Azul, a hidrelétrica está destinada a dobrar a produção de energia da Etiópia. Contudo, essa inovação tecnológica traz consigo um impacto geopolítico considerável, especialmente para o Egito e o Sudão, que dependem intensamente das águas do rio Nilo para suas necessidades básicas, de acordo com bbc.

O colossal projeto da hidrelétrica etíope

A GERD, que começou a ser construída há mais de 12 anos, é a maior barragem hidrelétrica da África. Situada a 30 quilômetros ao sul da fronteira com o Sudão, ela se estende por mais de um quilômetro de comprimento e 145 metros de altura. O reservatório por trás dessa gigantesca barragem cobre uma área equivalente ao tamanho da Grande Londres, representando um investimento de US$ 5 bilhões.

Para a Etiópia, a barragem é um marco de desenvolvimento crucial. Com 60% de sua população atualmente sem acesso a eletricidade, a GERD promete fornecer energia não apenas para os etíopes, mas também para países vizinhos como Sudão, Sudão do Sul, Quênia, Djibuti e Eritreia. A barragem tem o potencial de transformar a economia da região, oferecendo um fornecimento constante de energia que pode impulsionar o crescimento industrial e melhorar a qualidade de vida da população.

As preocupações do Egito e do Sudão com a barragem

Apesar dos benefícios prometidos pela GERD, o projeto tem gerado sérias preocupações no Egito e no Sudão. O Egito, com uma população de cerca de 107 milhões de pessoas, depende quase exclusivamente do rio Nilo para seu abastecimento de água doce. Este recurso é vital para consumo humano, agricultura e para a operação da Represa Alta de Assuã. O Sudão, com 48 milhões de habitantes, também depende fortemente das águas do Nilo.

Os dois países temem que a barragem possa restringir o fluxo de água, afetando suas capacidades de irrigação e produção de energia. O Egito, em particular, argumenta que uma redução de apenas 2% na água do Nilo poderia resultar na perda de cerca de 81 mil hectares de terra irrigada, impactando significativamente sua produção agrícola. Além disso, níveis baixos de água podem dificultar o transporte no rio, essencial para a economia egípcia.

Mohammed Basheer, da Universidade de Toronto, destaca que a principal preocupação do Egito é como a GERD será operada a longo prazo, especialmente durante períodos de seca. A Etiópia encheu a barragem em apenas três anos, enquanto o Egito havia sugerido um período de 12 a 21 anos para minimizar o impacto a jusante.

Possibilidade de Acordo e Perspectivas Futuras

Desde o início da construção da GERD em 2011, as tensões entre Egito, Sudão e Etiópia têm aumentado. Tratados históricos de 1929 e 1959 concederam ao Egito e ao Sudão direitos sobre quase toda a água do Nilo, permitindo-lhes vetar projetos a montante. No entanto, a Etiópia não reconhece esses tratados e iniciou a construção da barragem durante a Primavera Árabe, um período de turbulência política no Egito.

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foto/reprodução: copernicus sentinel-2

Embora um novo tratado tenha sido assinado em 2015, as negociações sobre a gestão das águas do Nilo fracassaram repetidamente. Em 2019, o Grupo Internacional de Crise alertou sobre a possibilidade de conflito armado. Os Estados Unidos tentaram mediar um acordo, mas sem sucesso. As conversações foram retomadas recentemente, pouco antes da Etiópia anunciar a conclusão do enchimento da barragem.

A busca por um acordo equilibrado é crucial para evitar conflitos futuros e garantir que todos os países envolvidos possam beneficiar-se das águas do Nilo. A colaboração e a negociação são essenciais para transformar a GERD em um símbolo de progresso regional, em vez de um ponto de discórdia.

A grande hidrelétrica etíope

A Grande Barragem da Renascença Etíope representa um avanço significativo para a produção de energia na África, mas também evidencia os desafios geopolíticos que acompanham grandes projetos de infraestrutura. A Etiópia vê na GERD uma oportunidade de desenvolvimento e melhoria de vida para sua população, enquanto o Egito e o Sudão temem as consequências para suas necessidades hídricas. O futuro das negociações será determinante para a estabilidade e o desenvolvimento sustentável da região.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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