Com 10 mil metros de profundidade, o “buraco para o Inferno” na China atravessa 12 camadas geológicas e promete revolucionar a exploração de petróleo e gás em regiões extremas.
Em um feito que atraiu a atenção global, a China concluiu a perfuração de um poço com profundidade de 10.910 metros na remota Bacia de Tarim, região de Xinjiang. Apelidado informalmente de “buraco para o Inferno” por sua profundidade extrema e pelas condições inóspitas enfrentadas, o poço tem como principal finalidade a exploração de petróleo e gás, mas também abriu novas possibilidades para o estudo geológico das camadas mais profundas da Terra.
O poço, batizado de Shenditake 1, é o mais profundo da Ásia e um dos maiores do mundo em profundidade vertical reta. A obra levou mais de 580 dias para ser concluída, envolvendo tecnologias avançadas e desafios extremos, como temperaturas acima de 210 °C e pressões superiores a 145 MPa.
Perfuração em condições extremas
Localizado no deserto de Taklamakan, um dos mais inóspitos do mundo, o projeto exigiu soluções de engenharia de altíssima precisão. O solo perfurado atravessou 12 camadas geológicas, incluindo formações com mais de 500 milhões de anos.
-
Energisa aponta gás natural como solução energética para data centers no Brasil
-
IBP celebra isenção dos EUA para petróleo e gás brasileiro e destaca importância no comércio bilateral
-
Mega gasoduto de Uberaba de 300 KM impulsionará industrialização no Triângulo Mineiro até 2030
-
Setor energético comemora: Brasil fura bloqueio tarifário e garante acesso total ao mercado americano
A operação foi realizada pela China National Petroleum Corporation (CNPC), que utilizou a primeira plataforma de perfuração automatizada do mundo capaz de atingir profundidades superiores a 12 mil metros. Ferramentas especiais foram desenvolvidas para suportar as condições severas de calor, pressão e abrasividade do subsolo.
Petróleo, gás e avanço científico
Embora o objetivo central seja a exploração de petróleo e gás, os pesquisadores chineses afirmam que o projeto também tem importância científica. A profundidade alcançada permite estudar camadas que normalmente só são acessadas por meio de perfurações oceânicas ou em ambientes geologicamente raros.
A Bacia de Tarim concentra mais de 80% do petróleo profundo da China e cerca de 64% do gás natural em níveis abaixo dos 6 mil metros. Com o poço Shenditake 1, a China amplia significativamente sua capacidade de extração em reservatórios ultraprofundos, essenciais para garantir a segurança energética em longo prazo.
Um “buraco para o Inferno” na prática
O apelido informal “buraco para o Inferno” não é apenas sensacionalismo. Nos últimos 910 metros da perfuração, a operação levou mais de 300 dias, revelando a dificuldade extrema de lidar com materiais geológicos quase intransponíveis. O poço foi concluído com sucesso em fevereiro de 2025, estabelecendo novos marcos mundiais na área de perfuração terrestre:
- Perfuração mais profunda com cimentação de revestimento contínuo;
- Registro de imagem mais profundo via cabo de monitoramento;
- Perfuração em linha reta mais profunda já registrada em terra firme.
Desafios e inovação tecnológica do poço da China
A complexidade técnica exigiu o desenvolvimento de sistemas inéditos de controle e perfuração. Fluídos especiais foram utilizados para evitar colapsos internos, e os tubos de revestimento passaram por tratamento térmico e de resistência à corrosão para suportar o ambiente subterrâneo hostil.
Além disso, sensores em tempo real permitiram o monitoramento contínuo da trajetória do poço, garantindo segurança e precisão em todas as etapas. Esse nível de controle é indispensável para evitar acidentes em profundidades tão elevadas.
Implicações da conquista da China para a energia global
A conquista da China marca um avanço importante na corrida pela exploração de fontes energéticas em locais de difícil acesso. Poços ultraprofundos são estratégicos para países com reservas em bacias sedimentares antigas, como é o caso da Tarim. Também abrem caminho para o uso da tecnologia em outros locais do planeta, inclusive no oceano e em regiões montanhosas.
Com o poço Shenditake 1, a China fortalece sua posição como potência energética e tecnológica, tornando-se uma das poucas nações do mundo com capacidade operacional comprovada em perfurações ultraprofundas.
Dados geológicos servirão de base para futuros projetos científicos e energéticos
Os dados geológicos obtidos com a perfuração do buraco para o Inferno servirão de base para futuros projetos científicos e energéticos. Além do potencial de produção de petróleo e gás, o poço pode ajudar a compreender melhor os processos tectônicos e a formação dos continentes.
A própria CNPC declarou que o conhecimento gerado será compartilhado com centros de pesquisa e universidades, dentro de uma política de estímulo à inovação tecnológica aplicada à energia.