Raça Boran, de origem africana, reúne rusticidade, fertilidade e musculatura, sendo cada vez mais usada no cruzamento industrial ao lado do Nelore. Entenda por que ela vem ganhando destaque na pecuária brasileira.
A pecuária brasileira vive um novo momento. A busca por maior produtividade, eficiência e adaptabilidade em sistemas a pasto intensificou a adoção de novas estratégias genéticas. Entre elas, a raça Boran surge como alternativa promissora ao lado do consolidado Nelore.
A expansão da raça Boran no Brasil tem se mostrado acelerada, sobretudo em regiões como o Centro-Oeste e o Norte, onde a rusticidade e a resistência ao calor são requisitos básicos para bons resultados. Mas afinal, o Boran compete com o Nelore ou soma forças com ele?
Raça Boran: composição genética poderosa
O Boran é fruto de uma combinação genética rara e vantajosa. Sua formação é composta por:
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- 64% zebuíno (Guzerá e Gir)
- 24% taurino europeu (Shorthorn)
- 12% taurino africano (como o Ndama)
Essa mistura proporciona um bovino de carcaça robusta, cupim desenvolvido, pelagem clara e curta, além de pele pigmentada — combinação que resulta em alto rendimento e resistência térmica.
Não é à toa que o Boran atrai o olhar de criadores experientes. Sua origem remonta a séculos de seleção natural feita por nômades do Quênia, Etiópia e Somália, que moldaram uma raça resistente, fértil e adaptável.
As características mais valorizadas incluem:
- Alta rusticidade em climas áridos
- Fêmeas com excelente habilidade materna
- Musculatura evidente e carcaça com ótimo acabamento
- Eficiência alimentar e boa conversão de peso
- Capacidade de adaptação ao calor tropical
Com esses atributos, o Boran se encaixa perfeitamente em sistemas de pecuária extensiva com suplementação — realidade comum no Brasil.
Cruzamento industrial: o trunfo do Boran
O maior potencial da raça Boran está no tricross, método de cruzamento em que touros Boran são utilizados sobre fêmeas meio-sangue taurinas, como Angus x Nelore, Brangus e Canchim.
Segundo o zootecnista Alexandre Zadra, essa prática tem mostrado resultados muito positivos: “Ao ser utilizado sobre essas matrizes, o Boran ajuda a ‘tropicalizar’ os bezerros, melhorando a resistência ao calor, a rusticidade e a uniformidade da progênie.”
Zadra também destaca que o uso sobre novilhas taurinas puras exige atenção, devido ao peso ao nascer dos bezerros, que tende a ser mais elevado.
A chegada da raça ao Brasil
Com desempenho consistente nos primeiros rebanhos comerciais, o Boran vem se estabelecendo como peça importante na genética tropicalizada.
Criadores que antes apostavam exclusivamente no Nelore agora observam com atenção os benefícios do novo integrante africano.
Pesquisadores do ILRI (International Livestock Research Institute) e outras instituições da África colaboraram para padronizar e registrar a raça, facilitando sua expansão para territórios como o Brasil.
A seleção milenar e a diversidade genética tornam o Boran extremamente competitivo, sobretudo quando o objetivo é obter bezerros mais produtivos e adaptados.
Fonte: Compre Rural