Avanço inédito da indústria naval nacional coloca em operação navio multifuncional, equipado com tecnologia furtiva, sistemas digitais de ponta e soluções inovadoras para defesa, patrulha e proteção ambiental. Conheça os detalhes deste novo marco brasileiro.
A Marinha do Brasil se prepara para incorporar à sua frota o mais avançado navio de defesa já produzido no país.
Projetada para fortalecer a proteção das fronteiras marítimas brasileiras, a Fragata Tamandaré representa um marco para a indústria naval nacional e reforça o compromisso do Brasil com a soberania, segurança e proteção ambiental em suas águas jurisdicionais.
Fragata Tamandaré: projeto inédito e tecnologia furtiva
O programa Fragatas Classe Tamandaré prevê a construção de quatro embarcações de última geração no estaleiro de Itajaí, em Santa Catarina, com entrega escalonada até o final de 2029.
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Dentre elas, a primeira unidade, batizada de Fragata Tamandaré, está com o cronograma mais avançado e deve ser entregue à Marinha em dezembro de 2025.
De acordo com o vice-almirante Marcelo da Silva Gomes, diretor de gestão de programas da Marinha do Brasil, trata-se do projeto naval mais complexo já desenvolvido no território nacional.
Segundo o oficial, as novas fragatas são capazes de operar em múltiplos cenários e missões, incluindo guerra antissubmarino, combate a ameaças de superfície e defesas antiaéreas, além de atuar em operações de combate à pirataria, proteção ambiental e repressão à pesca ilegal.
Inovações e capacidade de atuação em diferentes cenários
Uma das características mais inovadoras da Fragata Tamandaré é a adoção de tecnologias furtivas, que dificultam a detecção do navio por sensores e radares inimigos.
Um dos recursos implementados é o sistema de exaustão posicionado na linha d’água, substituindo a tradicional chaminé e reduzindo a assinatura térmica e visual da embarcação.
Além disso, o projeto inclui superfícies anguladas e materiais especiais para minimizar o eco radar, o que amplia a vantagem estratégica em situações de conflito ou vigilância.
Outro avanço importante é o conceito de gêmeo digital — ou avatar digital — desenvolvido para cada uma das quatro fragatas.
Esse sistema cria uma réplica virtual detalhada do navio, alimentada por dados em tempo real de todos os componentes, sensores e sistemas embarcados.
Segundo Fernando Queiroz, CEO e presidente da SPE Águas Azuis, consórcio responsável pela construção, o gêmeo digital permite monitorar o desempenho da embarcação, antecipar falhas e simular soluções de manutenção, reduzindo custos operacionais e aumentando a disponibilidade para missões.
Construção inovadora e montagem estratégica
O processo de construção da Fragata Tamandaré foi planejado para combinar eficiência, precisão e rapidez.
O casco é montado a partir de chapas de aço naval de apenas 3 mm de espessura, que garantem leveza e velocidade sem comprometer a resistência estrutural.
A montagem se assemelha à sobreposição de camadas, como descreve Fernando Queiroz: inicia-se com um bloco central, onde o motor é instalado, seguido pela expansão da estrutura tanto na direção da proa quanto da popa e, posteriormente, para cima, formando gradualmente o grande casco da embarcação.
Ao longo da construção, são integrados sistemas de propulsão, armamentos, sensores e equipamentos eletrônicos de última geração.
Todas as fases passam por rigoroso controle de qualidade, garantindo que o navio atenda aos mais altos padrões internacionais de desempenho, segurança e sustentabilidade ambiental.
Treinamento especializado para a tripulação
A complexidade tecnológica do novo navio exige capacitação avançada dos militares responsáveis pela operação e manutenção.
O treinamento da primeira turma, composta por 20 oficiais e praças, teve início em julho de 2025.
Entre os conteúdos ministrados, destaca-se o domínio do software brasileiro que gerencia todo o sistema de propulsão e automação da fragata, considerado o cérebro eletrônico da embarcação.
Até o final de 2025, está prevista a formação de mais 136 tripulantes, que estarão aptos a operar todos os recursos embarcados, inclusive os sistemas de combate, comunicações e navegação.
Versatilidade operacional e proteção ambiental
Além da tradicional função de defesa, as Fragatas Classe Tamandaré se destacam pela versatilidade em operações de patrulha, resgate, combate à pirataria e resposta rápida a emergências ambientais.
Os navios contam com equipamentos dedicados ao controle e contenção de poluentes, além de recursos para apoio em situações de desastres naturais e vigilância das áreas marítimas protegidas.
O combate à pesca ilegal e ao tráfico nas águas territoriais brasileiras é reforçado pela capacidade de integração com outros órgãos de segurança e fiscalização.
Indústria naval brasileira e geração de empregos
O desenvolvimento da Fragata Tamandaré faz parte de um amplo esforço para modernizar a Marinha do Brasil e fortalecer a base industrial de defesa nacional.
O projeto envolve transferência de tecnologia, geração de empregos qualificados e incentivo à pesquisa, beneficiando a cadeia produtiva brasileira em setores como metalurgia, eletrônica, automação e sistemas de informação.
Segundo dados do Ministério da Defesa, o programa deve gerar mais de 2 mil empregos diretos e cerca de 6 mil indiretos até 2029.
Entregas e futuro da defesa marítima
A entrega da primeira Fragata Tamandaré à Marinha do Brasil está prevista para dezembro de 2025, marcando o início de uma nova era para as operações navais do país.
As outras três unidades devem ser finalizadas e incorporadas à frota até o fim de 2029, consolidando o Brasil como referência na produção de navios militares avançados na América Latina.
Diante desse salto tecnológico e estratégico, como o avanço representado pela Fragata Tamandaré poderá impactar a segurança marítima, a proteção ambiental e a projeção internacional do Brasil nos próximos anos?