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Completar o tanque até a “boca” após o automático é um erro — e pode estragar o sistema de evaporação do carro

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 21/06/2025 às 17:09
Completar o tanque até a “boca” após o automático é um erro — e pode estragar o sistema de evaporação do carro
Foto: Completar o tanque até a “boca” após o automático é um erro — e pode estragar o sistema de evaporação do carro
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Muita gente ainda completa o tanque até a boca após o automático, mas esse erro pode danificar o sistema EVAP, gerar vazamento de combustível e acender a luz de injeção.

Abastecer o carro pode parecer uma tarefa simples, mas um hábito comum — e aparentemente inofensivo — pode gerar dores de cabeça caras no futuro. Muita gente, ao ouvir o click automático da bomba de combustível, pede ao frentista para “arredondar” ou “encher até a boca”. Esse simples ato, no entanto, é um erro no abastecimento que pode afetar diretamente um dos sistemas mais sensíveis do carro: o sistema EVAP — responsável por controlar a evaporação de combustível no tanque. Ao forçar combustível líquido para dentro do cânister, você pode danificar componentes internos, gerar falhas e até acionar a temida luz de injeção no painel.

Se você costuma pedir para completar “até a tampa”, vale a pena entender por que isso não é apenas desnecessário, mas também perigoso para o seu veículo.

O que é o sistema EVAP — e por que ele é tão importante

O sistema EVAP (Evaporative Emission Control System) é uma tecnologia obrigatória em carros modernos. Sua função é simples e essencial: evitar que os vapores de combustível escapem para a atmosfera.

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Esses vapores são altamente poluentes e representam perdas tanto para o meio ambiente quanto para o seu bolso. Para controlar isso, o sistema EVAP capta os gases do tanque e os direciona para um componente chamado cânister, que armazena esses vapores temporariamente até que possam ser queimados pelo motor.

O cânister contém carvão ativado, que absorve os vapores de combustível. Quando o carro entra em funcionamento, válvulas específicas liberam esses gases para serem consumidos na câmara de combustão, reduzindo emissões e aumentando a eficiência.

Tudo funciona bem — até o momento em que você força combustível líquido para dentro desse sistema, ao insistir em encher o tanque até a boca.

O que acontece ao forçar além do automático da bomba

Quando a bomba de combustível desarma automaticamente, significa que o nível de gasolina (ou etanol) atingiu o ponto ideal de segurança no tanque. Esse espaço restante não é um erro de projeto, mas uma área de expansão dos vapores, essencial para o funcionamento correto do sistema EVAP.

Ao continuar abastecendo depois do click, o combustível líquido pode invadir a linha de vapores, encharcar o cânister e comprometer todo o sistema de controle de emissões.

Os principais problemas que surgem com essa prática são:

  • Saturação do carvão ativado dentro do cânister
  • Entupimento de válvulas do sistema EVAP
  • Vazamento de combustível por pressão interna
  • Geração de códigos de erro e acendimento da luz de injeção
  • Odor de combustível no interior do carro
  • Queda na eficiência do motor

Esse tipo de dano não só afeta o desempenho como também pode resultar em reprovação na inspeção veicular (em estados onde é obrigatória) e custos elevados de reparo.

Por que o cânister não suporta combustível líquido

O cânister foi projetado para lidar com vapor, não com líquido. Ao ser encharcado, o carvão ativado perde sua capacidade de absorção, ficando saturado e inutilizável. Além disso, o líquido pode corroer ou danificar as válvulas internas do sistema, impedindo a ventilação correta do tanque.

Esse problema geralmente não é imediato — o carro pode continuar funcionando normalmente por um tempo. Mas aos poucos, o sistema começa a apresentar falhas e, de repente, a luz de injeção acende no painel sem motivo aparente.

Ao levar o veículo para diagnóstico, muitos mecânicos encontram justamente o cânister danificado como causa do erro, e a substituição pode custar caro.

O que dizem os manuais e as montadoras sobre encher o tanque até a boca

Nos manuais de fabricantes como Honda, Toyota, Volkswagen e Fiat, há alertas claros sobre o abastecimento: não tente completar após o desligamento automático da bomba. O objetivo é justamente proteger o sistema EVAP e manter a segurança do veículo.

Além disso, completar além do ponto pode causar vazamento de combustível pela tampa do bocal, o que representa risco de incêndio e contaminação do meio ambiente.

A Bosch, uma das maiores fabricantes de sistemas de injeção e controle de emissões do mundo, também alerta: abastecer além da capacidade recomendada é um erro grave que danifica os sensores e prejudica o funcionamento do sistema de evaporação.

“Mas só mais R$ 2,00…” — por que o “arredondamento” é um erro caro na hora de encher o tanque até a boca

Muitos motoristas insistem em “arredondar” o valor do abastecimento — por cultura, por hábito ou simplesmente por não saber do risco. Pedem para o frentista colocar “mais R$ 5,00” ou “completar até transbordar”, achando que estão aproveitando melhor o dinheiro.

Mas o que parece uma economia imediata pode se tornar um gasto desnecessário. Um novo cânister custa entre R$ 400 e R$ 1.200, dependendo do carro, sem contar o valor da mão de obra e o tempo sem o veículo.

Ou seja: aquele troco que parecia inocente pode virar uma bela conta no futuro.

Como abastecer corretamente — e evitar dor de cabeça

O procedimento correto é simples:

  • Peça ao frentista para abastecer até o automático da bomba desarmar.
  • Não insista em completar após o click.
  • Evite abastecer em horários de muito calor, pois a expansão do combustível pode causar pressão excessiva no tanque.
  • Sempre verifique se a tampa do tanque está bem fechada — falhas no vedamento também interferem no sistema EVAP.
  • Se a luz de injeção acender após abastecer, leve o carro para diagnóstico. Pode ser problema no sistema de evaporação.

Seguindo essas dicas simples, você protege seu veículo, evita prejuízos e colabora com o meio ambiente.

Um hábito silencioso que pode custar caro

Muita gente ainda acredita que está ganhando ao colocar “mais um pouquinho” de combustível no tanque. Mas a verdade é que essa prática coloca em risco todo o sistema de evaporação do carro, danifica o cânister e pode gerar problemas difíceis de diagnosticar.

Se você ainda tinha esse hábito de encher o tanque até a boca, está na hora de mudar. O automático da bomba está lá por um motivo — respeitá-lo é proteger seu carro, sua segurança e o seu bolso.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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