Com três estágios principais, milhares de cabeças de boi e uma cadeia complexa de criação, abate e comercialização, a pecuária de corte é a espinha dorsal do setor de carnes no Brasil e no mundo
A pecuária de corte é a atividade rural voltada à criação de bovinos com o objetivo principal de produzir carne bovina. No Brasil, um dos maiores exportadores mundiais, a cadeia envolve fazendas de boi, frigoríficos, transportadoras e canais de distribuição nacional e internacional. O processo inicia-se nas chamadas operações cow-calf, onde as vacas são criadas para gerar bezerros.
Esses bezerros são depois destinados ao sistema de backgrounding, que promove ganho de peso com pasto e suplementação. Por fim, os animais são enviados aos confinamentos, conhecidos como feedlots, para engorda rápida antes do abate. Os bois que passam por essa fase são chamados de “feeder cattle” e destinam-se ao abate industrial.
As raças mais utilizadas na pecuária de corte brasileira incluem Nelore, Angus, Bonsmara, Brahman e Tabapuã, entre outras, que são selecionadas com base em fatores como ganho de peso, fertilidade e resistência a parasitas.
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A rotina nas fazendas de gado e a alimentação dos animais
Em uma fazenda de gado de corte, o manejo sanitário e alimentar é vital. Os animais podem ser criados em pastagens naturais ou em sistemas intensivos. Uma vaca pode consumir até 4% de seu peso em ração por dia, composta por silagem, milho, feno ou ração balanceada.
A hidratação também é essencial: bois podem beber até 30 a 70 litros de água por dia em clima quente. As instalações incluem currais, cercas elétricas, bebedouros, comedouros e, em casos mais tecnificados, sensores e controle por software.
Além da carne, a pecuária de corte fornece subprodutos como couro, insulina e ingredientes para cosméticos e doces. A atividade também impulsiona o agronegócio, movimentando indústrias de maquinário, fertilizantes e veterinária
Impactos ambientais e exigências sanitárias
A criação intensiva de gado é frequentemente associada a emissão de gases do efeito estufa, em especial o metano. O uso de grandes extensões de terra para pastagem e plantação de ração tem sido ligado ao desmatamento, notadamente na Amazônia brasileira.
O setor responde com programas de rastreabilidade bovina, uso de tecnologias para reduzir o impacto ambiental e certificações como a Carne Carbono Neutro. No campo sanitário, normas internacionais exigem bem-estar animal, acesso a sombra e água, e abate humanizado.
No abate, o boi é insensibilizado com pistola pneumática antes do sangramento. A carcaça é resfriada por 24 a 48 horas e então desossada, gerando até 200 kg de carne de um animal de 450 kg vivo.
Qualidade da carne e exportações
A qualidade da carne bovina é definida pelo teor de marmoreio, que são as infiltrações de gordura na fibra muscular. Cortes mais marmorizados, como os de raças como Wagyu ou Angus, são valorizados no mercado gourmet.
O Brasil exporta carne bovina para mais de 150 países, com destaque para China, Emirados Árabes, Estados Unidos e Chile. Em 2023, as exportações geraram mais de US$ 10 bilhões, segundo dados da ABIEC.
A pecuária de corte também é essencial para abastecimento interno, empregando milhões de pessoas direta e indiretamente e sendo base da agricultura familiar em várias regiões.