Expansão de montadora chinesa no Brasil simboliza aproximação econômica e política com a China, fortalecendo o BRICS e ampliando o peso do bloco no comércio global, mas desafios internos ainda limitam seu potencial.
A expansão da fabricante chinesa BYD no Brasil é um marco na aproximação entre os dois países.
Com a modernização de sua unidade industrial e o início da produção nacional de veículos elétricos, a empresa consolida sua presença no mercado brasileiro.
Segundo reportagem publicada pelo site Boomblerang, essa conexão simboliza o fortalecimento dos laços entre Brasil e China, dois membros centrais do BRICS, coalizão que busca ampliar o peso político e econômico do Sul Global e disputar espaço com o G7, liderado pelos Estados Unidos.
-
Novas regras no mercado de Gás de Cozinha; mais de 80% dos brasileiros se dizem contrários às mudanças
-
BRICS cresce e ganha novos aliados: conheça todos os países membros e como essa união pode mudar o futuro da economia mundial
-
Governo exige manutenção de empregos e libera R$ 30 bilhões em crédito para exportadores afetados por tarifa de 50% dos EUA
-
BRICS Pay: o “Pix mundial” que almeja reduzir a dependência do dólar e transformar o comércio internacional
Essa integração econômica não se restringe ao setor automotivo.
Representa também um movimento mais amplo de cooperação, abrindo espaço para acordos comerciais, investimentos em infraestrutura e parcerias tecnológicas.
No entanto, a questão central permanece: será que os países do BRICS conseguirão superar diferenças internas para se firmar como uma força global coesa?
Como surgiu o bloco BRICS
O acrônimo BRIC foi criado em 2001 por Jim O’Neill, economista da Goldman Sachs, ao projetar o crescimento de quatro grandes economias emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China.
Ele publicou o artigo “O mundo precisa de tijolos econômicos melhores” como metáfora para o papel que esses países poderiam desempenhar na construção de uma nova economia global.
Em 2009, a primeira cúpula do BRIC ocorreu na Rússia.
No ano seguinte, a África do Sul foi convidada a integrar o grupo, formando os BRICS.
Com o tempo, outros países demonstraram interesse em ingressar, atraídos pela possibilidade de participar de um fórum que oferecia visibilidade e influência fora dos blocos tradicionais, como a União Europeia e o G20.
De acordo com apuração do Boomblerang, a China passou a desempenhar um papel determinante nesse processo, expandindo investimentos e aumentando o comércio com diversas nações do Sul Global, especialmente aquelas que buscavam alternativas aos fóruns dominados por potências ocidentais.
Crescimento e impacto econômico do BRICS+
Desde a fundação, o PIB combinado dos membros originais cresceu significativamente.
Em 2019, o grupo superou o G7 em participação no PIB global.
Com a expansão para dez países, a fatia do BRICS chega hoje a quase 40% da economia mundial.
Esse peso se deve tanto ao aumento populacional quanto ao avanço da industrialização e do comércio interno.
No campo político, esse crescimento deu ao bloco maior influência em negociações multilaterais e fortaleceu a busca por reformas na governança global.
O Boomblerang apontou que, para muitos países em desenvolvimento, fazer parte do BRICS representa não apenas prestígio, mas também acesso a financiamentos e mercados antes restritos.
O papel das sanções e das moedas locais
O conflito na Ucrânia e as sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia à Rússia impulsionaram mudanças na dinâmica interna do bloco.
Entre 2021 e 2024, o comércio entre os cinco membros fundadores cresceu 40%, atingindo mais de US$ 700 bilhões.
Parte relevante dessas transações passou a ser feita em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar.
O uso do yuan nas negociações internacionais da China já supera a moeda norte-americana em volume, fenômeno destacado pelo Boomblerang.
Embora a criação de uma moeda única tenha sido discutida, a proposta não avançou diante das diferenças econômicas e fiscais entre os membros.
Brasil e China: parceria estratégica no BRICS
Durante seu primeiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos primeiros líderes a reconhecer formalmente a China como parceiro estratégico.
Desde 2009, o país asiático se tornou o principal destino das exportações brasileiras, ultrapassando os Estados Unidos.
Essa mudança reflete a diversificação das pautas de exportação, que vão de commodities agrícolas e minerais a produtos industriais.
Para o Brasil, a parceria com a China no contexto do BRICS+ significa mais do que ganhos comerciais.
Também envolve investimentos em energia limpa, infraestrutura e tecnologia, com potencial de alterar a matriz produtiva nacional.
Limitações e desafios internos do bloco
Apesar dos avanços, o BRICS não é um bloco comercial nos moldes da União Europeia.
Cada país mantém autonomia plena sobre suas políticas econômicas e acordos bilaterais.
Essa característica, embora preserve a soberania, também dificulta a implementação de estratégias conjuntas.
Além disso, tensões geopolíticas entre membros — como as disputas territoriais entre China e Índia ou divergências na política externa entre Brasil e Rússia — limitam a capacidade de ação coordenada.
Segundo análise do Boomblerang, a diversidade política e econômica é ao mesmo tempo uma força e uma fraqueza do grupo.
Mesmo assim, há iniciativas concretas.
O Novo Banco de Desenvolvimento, criado em 2015, já financiou projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em vários países do Sul Global.
Sua proposta é oferecer crédito com exigências mais flexíveis do que as praticadas pelo Banco Mundial.
Embora o volume de recursos ainda seja modesto, a instituição tem potencial de crescimento.
O futuro do BRICS+ no cenário global
O cenário internacional sugere que os Estados Unidos podem gradualmente perder parte de sua posição dominante, o que abre espaço para novos polos de poder.
No entanto, para que o BRICS+ se consolide como protagonista global, será necessário mais do que tamanho econômico.
Será preciso convergência política, coordenação em temas como mudanças climáticas, saúde pública e comércio internacional, além de capacidade de mediar conflitos internos.
Como observou o Boomblerang, o bloco é altamente eficaz como símbolo de um mundo multipolar, mas seu sucesso futuro dependerá do desempenho individual de cada economia e da disposição coletiva para enfrentar desafios globais de forma unificada.
A pergunta que persiste é: diante de tantas oportunidades e divergências, o BRICS+ conseguirá transformar seu potencial em influência concreta na redefinição da geopolítica mundial?
TRUMP NÃO ESTA AJUDANDO ESTA AGRUPANDO OS DITADORES, TERRORISTAS E MONARCAS. NÓS POVO, ESTAMOS ASSUSYINDO O BRADIL SENDO ENTREGUE PARA OS EXPLORADORES. INFELIZMENTE NÃO TEMOS UM GOVERNO FORTE.