A escassez de caminhoneiros já afeta a economia brasileira e pode se tornar um apagão logístico nos próximos anos, ameaçando o abastecimento de alimentos, combustíveis e medicamentos, além de provocar perdas bilionárias para o país.
A falta de motoristas de caminhão pode desencadear uma crise logística no Brasil nos próximos anos, com impactos diretos na economia e no abastecimento da população.
O alerta foi feito por De Leon Petta, professor e pesquisador, em vídeo publicado no canal Geopolítica Mundial no YouTube.
Segundo ele, a categoria de caminhoneiros é uma das primeiras a revelar os efeitos da crise demográfica que já começa a se desenhar no país.
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Envelhecimento acelerado da categoria
De acordo com Petta, a força de trabalho no setor de transporte rodoviário está envelhecendo rapidamente.
A idade média dos motoristas brasileiros é de 45 anos, e em 2023, 29% tinham mais de 60 anos, contra 15% em 2013.
“Cerca de 60% dos caminhoneiros que hoje estão em atividade devem se aposentar até a próxima década”, destacou.
O problema é que não há jovens suficientes para substituir os veteranos. Em 2024, apenas 4% dos motoristas tinham até 30 anos, enquanto 11% já ultrapassavam os 70.
Esse desbalanço, conforme o pesquisador, aponta para um déficit estrutural de mão de obra.
Custos altos afastam novos profissionais
Outro ponto levantado por Petta é a dificuldade de entrada no mercado.
Para obter a habilitação necessária (categorias C, D ou E), o candidato precisa investir entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, dependendo do estado.
Já a compra de um caminhão próprio pode ultrapassar R$ 900 mil, o que torna inviável para a maioria dos jovens ingressar como autônomo.
Segundo ele, essa barreira financeira cria um “ciclo vicioso”: poucos entram na profissão, a frota de motoristas envelhece e a escassez aumenta.
A falta de atratividade da carreira também é reforçada pelas más condições de trabalho e pela baixa remuneração.
Jornada desgastante e infraestrutura precária
O pesquisador ressaltou que a profissão é marcada por jornadas longas, isolamento e estresse. As estradas brasileiras, em sua maioria, não oferecem pontos de parada com estrutura adequada.
“Muitos locais não têm nem sanitários limpos ou opções seguras de descanso”, afirmou. Além disso, a insegurança pesa fortemente.
O Brasil registra mais de 20 mil roubos de carga por ano, concentrados principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais.
Esses crimes expõem motoristas a assaltos, sequestros e violência, o que leva muitos a desencorajar seus próprios filhos a seguir na carreira.
Queda no número de motoristas ativos
Entre 2014 e 2024, o número de caminhoneiros no país caiu de 5,5 milhões para 4,4 milhões, redução de 20%. No mesmo período, a proporção de jovens na categoria diminuiu ainda mais.
Conforme Petta, só em São Paulo — motor econômico do Brasil — a queda chegou a 37% entre 2015 e 2023.
Esse encolhimento, aliado à idade avançada dos profissionais em atividade, projeta uma escassez ainda mais crítica até 2033.
Demanda crescente pressiona o sistema
Enquanto o número de motoristas encolhe, a demanda por transporte rodoviário aumenta.
Hoje, cerca de 60% das cargas do Brasil circulam por estradas, principalmente grãos do agronegócio, produtos industriais e mercadorias do comércio eletrônico.
Segundo o pesquisador, esse descompasso ameaça o funcionamento da economia nacional.
A escassez de caminhoneiros já gera atrasos em entregas, elevação dos custos de frete e risco de desabastecimento de itens essenciais como alimentos, combustíveis e medicamentos.
Impactos econômicos diretos
De acordo com estimativas citadas por Petta, o Brasil perde anualmente o equivalente a US$ 83 bilhões — cerca de 5,6% do PIB — em decorrência de custos logísticos mais altos.
Transportadoras elevam salários e benefícios para atrair motoristas, mas o aumento da carga trabalhista encarece ainda mais as operações.
Esse reajuste no frete é repassado ao consumidor, alimentando a inflação e reduzindo o poder de compra da população. “É um efeito cascata que impacta toda a cadeia econômica”, explicou.
Escassez de caminhoneiros é global
O problema, no entanto, não é exclusivo do Brasil.
Relatórios da International Road Transportation Union (IRU) mostram que, em 2024, havia 3,6 milhões de vagas de caminhoneiros em aberto em 36 países que juntos representam 70% do PIB mundial.
A entidade classifica a falta de motoristas como uma crise estrutural global.
Petta destacou que a idade média dos caminhoneiros no mundo é de 44,5 anos, mas apenas 6,5% têm menos de 25.
Nos próximos anos, milhões de profissionais devem se aposentar sem reposição à altura, o que pode dobrar o número de vagas não preenchidas até 2026.
Tentativas de solução em outros países
Países como Estados Unidos e membros da União Europeia têm adotado medidas para reduzir a escassez.
Nos EUA, empresas oferecem salários maiores e programas de treinamento, enquanto o governo baixou a idade mínima para dirigir caminhões em operações interestaduais.
Na Europa, a idade mínima caiu de 21 para 18 anos, acompanhada de programas de certificação e melhorias nas áreas de descanso.
Ainda assim, a falta de motoristas persiste. Em paralelo, cresce o investimento em tecnologias de automação e veículos autônomos como solução de longo prazo.
Brasil em posição mais vulnerável
Conforme Petta, o Brasil enfrenta uma situação mais grave do que países desenvolvidos.
A crise demográfica ocorre em paralelo à falta de infraestrutura adequada e à alta criminalidade nas estradas.
“Teremos o padrão de envelhecimento de uma sociedade europeia, mas com a estrutura de transporte de um país subdesenvolvido”, afirmou.
Ele acrescentou que veículos autônomos dificilmente resolverão o problema no país, dadas as más condições das rodovias e a insegurança.
Um alerta para o futuro próximo
Para o pesquisador, a escassez de caminhoneiros já é realidade e tende a se intensificar ano após ano. “Essa crise não vai começar em 2040 ou 2050, ela já está acontecendo”, alertou.
Se nenhuma ação coordenada for tomada, o Brasil pode enfrentar um apagão logístico, com prateleiras vazias, combustíveis em falta e impacto direto na exportação agrícola.
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: o país está preparado para enfrentar a crise de motoristas que ameaça a base de sua economia?
Quando os motoristas autônomos perceberem que não deveriam ser autônomos e sim uma Transportadora, fazendo que o frete venha inteiro em suas mãos e o pedágio também. Assim escapando deste monopólio das transportadoras teriam condições de possuir carretas novas, com garantia de fábrica por 3 anos e sim conseguiriam em seis meses quitar o conjunto se assim preferirem.
Mas a mídia só fala em motoristas autônomos, que sempre recebem menos de um terço do valor real do frete e fazendo assim continuarem como escravos das grandes, médias e até mesmo das pequenas transportadoras.
Cada conjunto já é por si só uma transportadora, por falta de informações os caminhoneiros autônomos continuam a transportar cargas como agregados achando que estão fazendo um bom negócio.
Um bom negócio é negociar direto com o embarcador, sem atravessador como , transportadora ou plataformas digitais que ficam com grande parte do frete que deveria ser dos autônomos.
Abrir uma transportadora facilita até na compra de caminhão novos; Paga mais impostos, seguros etc. mas o frete vem inteiro para o dono do caminhão.
Outro assunto relacionado ao frete é que, quem paga os pedágios são os embarcadores e não os autônomos.
Olá , já fui profissional da categoria mas não recomendo a ninguém pois passa muita umilhacao nas estradas e jamais vou dizer ao meu filho pra seguir essa profissão
Sempre tem essas teorias malucas a que as máquinas, vão tirar os empregos que os robôs, vão dominar os humanos que o humanos, vão da lugar os polvos que serão os próximos a dominar a terra. Ouso isso a muito tempo as tecnologias vêm em todos o setores, e também viram para o transporte!!!