Antes de ser uma nação independente, o Uruguai foi uma província do Brasil chamada Cisplatina. Sua independência foi o resultado de uma guerra cara e impopular que marcou a primeira grande rivalidade com a Argentina.
Pode parecer surpreendente para muitos, mas o que hoje conhecemos como Uruguai já foi parte do território brasileiro. A chamada Província Cisplatina foi incorporada ao Brasil no início do século XIX, mas uma guerra sangrenta e cara, travada contra rebeldes locais apoiados pela Argentina, resultou na perda do território e no nascimento de um novo país na América do Sul.
De acordo com historiadores como John Armitage, que documentou o período, a Guerra da Cisplatina foi o primeiro grande conflito internacional do Brasil como nação independente. A história de como o Brasil perdeu o Uruguai é uma saga de disputas coloniais, batalhas mal planejadas e uma intervenção estrangeira que selou o destino da região.
A “terra de ninguém”: a disputa entre Portugal e Espanha
A região onde hoje fica o Uruguai, conhecida como Banda Oriental, foi por séculos um território disputado entre Portugal e Espanha. Em 1680, os portugueses fundaram a Colônia do Santíssimo Sacramento, às margens do Rio da Prata, para marcar sua presença.
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A Espanha reagiu, e a região se tornou um palco de conflitos constantes. Tratados como o de Madri (1750) e o de Santo Ildefonso (1777) tentaram resolver a disputa, mas nunca de forma definitiva. A área virou uma “terra de ninguém”, com uma identidade dividida entre as duas coroas.
A Província Cisplatina: quando o Uruguai foi oficialmente brasileiro
A situação mudou com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808. Como uma espécie de retaliação à Espanha, que havia se aliado a Napoleão, o príncipe regente Dom João VI ordenou a ocupação da Banda Oriental em 1816.
Em 1821, o território foi oficialmente anexado ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, recebendo o nome de Província Cisplatina. A região chegou a eleger deputados e a participar da política brasileira, como se fosse uma província qualquer.
A Guerra da Cisplatina (1825-1828): a batalha pelo controle do Rio da Prata
A paz durou pouco. Em 1825, um grupo de rebeldes conhecido como os “Trinta e Três Orientais”, liderado por Juan Antonio Lavalleja, desembarcou na província com o objetivo de expulsar os brasileiros e anexar o território às Províncias Unidas do Rio da Prata (o nome antigo da Argentina).
O Brasil respondeu com uma declaração de guerra em 10 de dezembro de 1825. No entanto, o Império não estava preparado. O exército brasileiro era mal treinado, formado por camponeses alistados à força e mercenários europeus. A Marinha, embora numerosa, tinha dificuldade para operar nas águas rasas da região.
O resultado foi uma série de derrotas para o Brasil, como na Batalha de Sarandí (1825) e na Batalha de Juncal (1827), o que enfraqueceu a posição brasileira no conflito.
O Tratado de Paz e o nascimento do Uruguai
Com o impasse militar e os altos custos da guerra para ambos os lados, o Reino Unido e a França, que tinham interesses comerciais na região, intervieram para forçar um acordo de paz.
Em 28 de agosto de 1828, Brasil e Províncias Unidas assinaram o Tratado do Rio de Janeiro. O acordo determinava que a Província Cisplatina não pertenceria a nenhum dos dois, mas se tornaria uma nação independente: a República Oriental do Uruguai.
As consequências para o Brasil: crise, dívidas e o enfraquecimento de Dom Pedro I
O Brasil saiu como o grande derrotado da guerra. O conflito custou ao Império o equivalente a 30 milhões de dólares da época e cerca de 8 mil vidas.
A perda da Cisplatina gerou uma enorme crise política e econômica. A imagem do imperador Dom Pedro I ficou extremamente desgastada, e a insatisfação com os custos da guerra e a perda do território foi um dos fatores que contribuíram para a crise que o levou a abdicar do trono em 1831. A rivalidade entre Brasil e Argentina, no entanto, estava apenas começando.
O que você acha dessa história? Acredita que a independência do Uruguai foi o melhor desfecho para a guerra? Deixe sua opinião nos comentários.