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Como era viver numa casa brasileira dos anos 70: sofá de listras, cadeira de fio e aquele cheirinho de café fresco no quintal

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 25/10/2025 às 21:46
Reviva a casa brasileira dos anos 70 com sofá de listras, cadeira de fio, piso de caco e quintal cheio de lembranças afetivas.
Reviva a casa brasileira dos anos 70 com sofá de listras, cadeira de fio, piso de caco e quintal cheio de lembranças afetivas. IMAGEM: Diário de Biologia & História
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A casa brasileira dos anos 70 reunia sofá de listras, cadeira de fio, piso de caco e o ritual do café no quintal, um conjunto de hábitos e objetos que explica o dia a dia de uma família típica e a estética que marcou uma época.

Entrar em uma casa brasileira dos anos 70 é revisitar uma arquitetura simples, prática e cheia de soluções afetivas. A fachada discreta, a varanda com cadeira de fio, o alpendre arejado e o piso de caco no quintal compunham um cenário em que vizinhos se conheciam pelo nome, o portão ficava aberto e a rua era extensão da sala.

Por dentro, a casa brasileira dos anos 70 seguia uma lógica funcional e muito identificável. Sala de visitas separada da sala de jantar, estante de madeira escura com vitrine, televisão de tubo como protagonista e o som do toca-discos enchendo o ambiente. Cada elemento tinha função e simbolismo, do telefone de disco exibido com orgulho ao tanque de cimento que ditava o ritmo das lavagens no quintal.

A frente da casa: fachada, alpendre e primeiras memórias

Como era viver numa casa brasileira dos anos 70: sofá de listras, cadeira de fio e aquele cheirinho de café fresco no quintal

A fachada valorizava linhas retas e discretas, muitas vezes com o telhado oculto por um coroamento que reforçava a ideia de modernidade.

O alpendre era o lugar de transição entre rua e casa, com piso limpo, vasos pendentes e a inevitável cadeira de fio em plástico colorido sobre estrutura metálica.

Ali se tomava café, se lia jornal e se observava o movimento da calçada.

As janelas cresceram em vidro e largura, a ventilação ganhou protagonismo e os azulejos decorativos na frente viraram marca de cuidado.

Motivos geométricos, flores e losangos apareciam em painéis ou faixas, escolhidos também pela facilidade de manutenção.

O piso externo variava entre o quadriculado e o mosaico artesanal de cacos cerâmicos, enquanto uma roseira no canteiro era presença quase obrigatória.

O quintal dos fundos: tanque de pedra, varal e fruta no pé

Como era viver numa casa brasileira dos anos 70: sofá de listras, cadeira de fio e aquele cheirinho de café fresco no quintal

Nos fundos, a área de serviço organizava o cotidiano.

O tanque de cimento grosso, com área de esfregar marcada, era peça central, acompanhado do sabão em barra, da escova dura e do varal esticado entre canos.

A máquina de lavar ainda era exceção, e o sol determinava o melhor dia para atacar a pilha de roupas.

Mesmo com terrenos mais enxutos, sobrava espaço para uma árvore frutífera.

Goiabeira, limoeiro, manga ou tangerina complementavam a paisagem do piso de cimento batido.

A fruta colhida na hora e lavada na torneira do tanque era um pequeno luxo cotidiano.

O cachorro da casa, geralmente sem raça definida, vigiava o quintal, dividindo território com hortinhas improvisadas e, às vezes, com galinhas soltas.

Sala de visitas: sofá de listras, estante e televisão de tubo

Como era viver numa casa brasileira dos anos 70: sofá de listras, cadeira de fio e aquele cheirinho de café fresco no quintal

A sala de visitas era cartão de apresentação. O piso chamava atenção com cerâmicas estampadas em marrom, bege, laranja e verde, ou então com taco de madeira encerado no brilho.

O sofá pesava no visual e na estrutura, em veludo, couro ou tecido listrado, geralmente em tons escuros, acompanhado de almofadas coloridas.

Na parede, quadros de paisagem ou retratos de família ocupavam lugar de destaque.

Em frente, a televisão de tubo coroava a estante de madeira escura com vitrines de vidro, bibelôs e souvenires.

O telefone de disco ficava à vista, símbolo de status em tempos de fila para conseguir uma linha.

O toca-discos, muitas vezes em um três-em-um com rádio e fita, descansava sob tampa de acrílico como se fosse joia.

Sala de jantar: mesa farta, bufê e fórmica colorida

Ambiente próprio e separado, a sala de jantar concentrava os encontros.

Mesas de madeira pesada com cadeiras de encosto alto dividiam espaço com o clássico bufê, onde viviam as melhores louças, toalhas bordadas e o jogo de copos reservado às visitas.

Era cenário de aniversários, almoços de domingo e datas festivas.

Nas casas mais simples, a estrela era a mesa de fórmica, disponível em cores vivas que conversavam com cortinas e toalhas.

A disposição reforçava a etiqueta doméstica da época, com horários bem definidos e rituais que aproximavam família e vizinhança.

A refeição era evento social e pedagógico, em que se partilhavam notícias, receitas e histórias.

Materiais, cores e texturas: quando o design falava alto

A estética setentista misturava praticidade e ousadia visual.

Cerâmica estampada, madeira escura, fórmica colorida e metal pintado desenhavam um repertório tátil e cromático que hoje virou referência vintage.

Na sala, cortinas densas filtravam a luz e ajudavam no conforto térmico. No quintal, o cimento batido simplificava a faxina.

Essa combinação tinha lógica técnica e cultural.

Materiais duráveis, fáceis de limpar e relativamente acessíveis faziam sentido para famílias que equilibravam orçamento, manutenção e aparência.

O resultado era uma casa com personalidade, capaz de acolher desde o silêncio da tarde até o barulho das visitas de domingo.

Rotinas, cheiros e sons: o café que marcava a casa inteira

A vida doméstica corria no compasso das pequenas liturgias.

O cheirinho de café coado tomava a casa desde cedo, muitas vezes vindo do quintal, onde o filtro secava ao sol.

A tarde cheirava a sabão de coco, a enceradeiras e a bolo na forma.

O ventilador de coluna sussurrava, o relógio de parede marcava hora, e a TV de tubo dava o tom das novelas.

Havia uma etiqueta de portas abertas.

O portão baixo e a conversa na calçada eram sinais de confiança. Crianças ocupavam a rua, brincavam sob a vista dos adultos, e o alpendre servia de observatório do bairro.

A casa parecia maior porque a vizinhança também era espaço de convivência.

Tecnologia e consumo: entre orgulho e funcionalidade

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Os objetos tecnológicos entravam como troféus. Ter telefone de disco, TV colorida e três-em-um sinalizava conquista e esforço.

Mesmo assim, a lógica era de uso cuidadoso. Cobrir a TV, polir a madeira, guardar o aparelho de som protegido mostrava a importância de fazer durar.

Essa relação com o consumo moldava escolhas.

Comprar bem significava comprar o que resolve e atravessa o tempo, do tanque de cimento à mesa resistente, da cadeira de fio ao sofá que recebia gerações.

A casa era patrimônio afetivo e prático, com cada item desempenhando papel claro no cotidiano.

A casa brasileira dos anos 70 unia simplicidade, funcionalidade e rituais afetivos.

Do sofá de listras à cadeira de fio, do piso de caco ao cheiro de café no quintal, tudo contava a história de uma época em que os espaços eram bem definidos e a vizinhança fazia parte da planta da casa.

Era um projeto de vida baseado em durabilidade, convivência e identidade visual forte.

E você? Qual é a lembrança mais viva da sua casa brasileira dos anos 70 ou daquela que você visitou na infância? Conte nos comentários o objeto, o cheiro ou o som que melhor resume essa época para você.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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