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Descubra como o botijão de gás é fabricado, testado e envasado

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 16/08/2025 às 09:46
Botijão de gás metálico em destaque, ilustrando matéria sobre fabricação, testes e envase do produt
Botijão de gás ilustrando reportagem sobre como ele é fabricado, testado e envasado no Brasil.
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Conheça todas as etapas da produção do botijão de gás, desde o aço até o envase, passando por testes de segurança e normas técnicas.

O botijão de gás é um dos itens mais presentes no dia a dia das famílias brasileiras. Ele garante o preparo de refeições, aquece água e movimenta atividades comerciais e industriais. Apesar da familiaridade, poucas pessoas conhecem a complexa engenharia e os rígidos protocolos de segurança por trás da sua fabricação. A seguir, você vai acompanhar todas as etapas: da produção do cilindro até o envase do gás.

Fabricação do botijão de gás

O processo de fabricação começa com a escolha das matérias-primas. O aço laminado a frio, resistente e durável, é adquirido de fornecedores especializados.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) define padrões obrigatórios. A Resolução ANP nº 12, de 2008, determina que o cilindro suporte altas pressões, tenha dispositivos de segurança e apresente informações claras de fabricação. Além disso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR 11927, estabelece especificações técnicas para diferentes tamanhos: P5, P13, P20 e P45.

Essas normas não são apenas recomendações. A ANP realiza inspeções periódicas para verificar se as fábricas cumprem os requisitos. O mais importante é garantir que cada botijão que chega à sua cozinha seja confiável.

Estampagem e formato

Após a aquisição do aço, começa a estampagem. As chapas passam por perfurações para ventilação e, em seguida, sofrem estampagem profunda, ganhando o formato cilíndrico.

O corte ajusta as dimensões, enquanto o acabamento remove rebarbas e imperfeições. Esse conjunto de processos assegura resistência e uniformidade.

Anel inferior e proteção

Na sequência, é fabricado o anel inferior. Ele confere estabilidade quando o botijão é colocado em superfícies planas e ajuda na ventilação, reduzindo o risco de corrosão. Essa peça é soldada à base do cilindro.

Na parte superior, chamada de cabeça, ficam os componentes de segurança: válvula, regulador de pressão, anel de proteção, alça de transporte, tampa de segurança e, em alguns modelos, manômetro. Esses elementos protegem contra danos, facilitam o manuseio e controlam a saída do gás.

Montagem e vedação

Na montagem, a soldagem precisa ser precisa. Por isso, o processo é automatizado. O anel o-ring, feito de elastômero, garante a vedação entre o corpo e a válvula, impedindo vazamentos. Essa etapa é decisiva para a segurança.

Tratamento térmico

O tratamento térmico alivia tensões causadas pela soldagem. Ele pode ser feito em forno de frequência intermediária, com calor por indução, ou a gás natural, que oferece aquecimento uniforme. Ambas as técnicas aumentam a durabilidade e a confiabilidade do cilindro.

Testes de segurança

Antes de chegar ao consumidor, cada botijão é testado. Radiografias de raio-X verificam se existem defeitos internos invisíveis a olho nu. Ensaios mecânicos medem a resistência das soldas. A avaliação dos anéis de vedação completa o processo. Esses testes confirmam que o produto suporta as condições de uso sem riscos.

Portanto, quando você acende o fogão, pode ter certeza de que o cilindro passou por um rigoroso controle de qualidade.

Produção do gás de cozinha

O gás que chega ao botijão é o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). Ele resulta da destilação e fracionamento do petróleo bruto. A mistura contém propano e butano, hidrocarbonetos leves que apresentam alto poder calorífico. Essa característica os torna ideais para fogões e aquecedores.

Além disso, o GLP recebe um aditivo de segurança: a etil-mercaptana. Esse composto de enxofre confere o cheiro característico ao gás. Ele serve para identificar vazamentos rapidamente. Se o gás escapar, o odor forte se espalha e alerta os moradores.

Envase do botijão

Depois de produzidos, os botijões seguem para o envase. Primeiro, passam por inspeção visual. Qualquer cilindro com ferrugem, amassado ou defeito é retirado da linha. Somente os aprovados seguem para o enchimento.

O envase ocorre em uma máquina chamada carrossel. Ela é capaz de encher até 1.800 botijões por hora. O processo é dividido em duas fases: um enchimento rápido inicial e um final mais lento, que completa os 13 kg de gás no modelo residencial. O ritmo controlado garante precisão e evita falhas.

Após o enchimento, os botijões passam por novos testes de segurança. A detecção de vazamentos utiliza tecnologia a laser. O anel de vedação é inspecionado mais uma vez. Em seguida, cada cilindro é higienizado, pintado, etiquetado e lacrado. Só depois ele é liberado para distribuição.

Diferentes capacidades de botijões

Os tamanhos variam de acordo com o uso. O P5, com 5 kg, é portátil e comum em churrascos e campings. O P13, com 13 kg, é o mais presente nas residências brasileiras. O P20, com 20 kg, é mais utilizado em comércios. Já o P45, com 45 kg, atende indústrias, aquecimento de água e geração de energia.

Cada um desses modelos segue as mesmas etapas de produção, testes e envase. O que muda é a capacidade de armazenamento e a aplicação.

Da fábrica à cozinha

Depois de passar por todas as fases, os botijões seguem para os centros de distribuição. De lá, são enviados para revendedores autorizados, que levam até as casas e estabelecimentos. Esse caminho garante que o produto esteja em plenas condições de uso.

Além disso, a fiscalização contínua da ANP e o cumprimento das normas da ABNT reforçam a confiança no sistema. O processo, que envolve milhares de trabalhadores e máquinas sofisticadas, é o que permite que o simples ato de acender o fogão seja seguro.

Segurança que chega ao consumidor

O ciclo de vida de um botijão de gás é mais complexo do que se imagina. Desde a escolha do aço até o lacre final, cada detalhe é pensado para oferecer estabilidade, durabilidade e proteção. É por isso que o botijão se mantém como um item indispensável nas cozinhas brasileiras.

O consumidor, portanto, recebe em casa não apenas um cilindro com gás, mas o resultado de um trabalho minucioso. Engenharia, normas técnicas, fiscalização e testes se combinam para que o GLP chegue com qualidade.

O botijão de gás, esse herói silencioso das cozinhas, passa por um caminho cheio de etapas invisíveis. Só assim ele consegue garantir o calor necessário para transformar alimentos simples em pratos que reúnem famílias em volta da mesa.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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