Descubra como a empresa brasileira superou a quase falência, venceu gigantes internacionais e se tornou líder mundial em tecnologia e inovação aeroespacial.
A Embraer é um dos maiores casos de sucesso da indústria brasileira. Nascida em uma cidade do interior de São Paulo, a empresa enfrentou ceticismo e crises profundas. Hoje, é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo. Sua tecnologia alcança mais de 90 países, um símbolo da capacidade de inovação do Brasil. Com uma produção que se aproxima de uma aeronave fabricada a cada 42 horas, sua trajetória mostra como uma visão estratégica se transformou em uma potência aeroespacial global.
O nascimento da Embraer a partir de uma visão audaciosa
A história da Embraer começou muito antes de sua fundação oficial. Nas décadas de 1940 e 1950, o Brasil investiu na criação de um ecossistema de conhecimento. O Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) foram criados para formar engenheiros de alta qualificação.
A ideia de construir aviões em um país que nem sequer produzia bicicletas parecia uma fantasia. O projeto era visto com tanto descrédito que seus idealizadores eram apelidados de “Júlio Verne”, em referência ao escritor de ficção científica.
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O catalisador foi o avião Bandeirante. Projetado no CTA sob a liderança de Ozires Silva, ele respondia a uma necessidade real do Brasil: conectar cidades pequenas e isoladas. O sucesso do protótipo foi tão grande que exigiu a criação de uma fábrica. Assim, em 19 de agosto de 1969, nasceu a Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer), uma estatal com a missão de produzir o Bandeirante em escala.
Crise, privatização e a volta por cima
Os anos 90 foram um teste de fogo. Uma grave crise econômica no Brasil e uma retração global na aviação levaram a Embraer a uma situação de pré-falência. O apoio do governo diminuiu, e a sobrevivência da empresa ficou em jogo.
A solução foi a privatização, ocorrida em 7 de dezembro de 1994. Essa mudança impôs uma rigorosa disciplina de mercado, essencial para competir globalmente. Contudo, o governo brasileiro manteve um instrumento estratégico: a “golden share”. Essa ação especial dá ao Estado poder de veto sobre decisões cruciais, protegendo os interesses nacionais e a tecnologia desenvolvida.
Mais recentemente, em 2020, a empresa enfrentou outro grande choque: o cancelamento abrupto de um acordo de fusão pela Boeing. O colapso, que inicialmente foi devastador, acabou por fortalecer a Embraer. A crise forçou a empresa a se reerguer de forma independente, reafirmando sua identidade e tornando-a ainda mais resiliente.
Como a Embraer venceu a guerra dos jatos regionais
Após a privatização, a Embraer mirou no mercado de jatos regionais. Lançou a família ERJ (Embraer Regional Jet), entrando em competição direta com a canadense Bombardier. A rival tinha vantagem inicial, mas a resposta da Embraer foi um golpe de mestre.
Em vez de apenas adaptar um avião existente, a empresa projetou a família E-Jets a partir de uma “folha em branco”. O foco era o conforto do passageiro e a eficiência. Os E-Jets ofereciam uma cabine mais espaçosa com configuração de assentos 2-2, eliminando o indesejado assento do meio.
A aposta em um design superior se pagou. Os E-Jets se tornaram um sucesso de vendas global. A Bombardier, por sua vez, foi forçada a abandonar o mercado de aviação comercial. A Embraer não apenas venceu a “guerra dos jatos regionais”, mas se consolidou como a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do planeta, atrás apenas de Boeing e Airbus.
A diversificação estratégica da Embraer
A força da Embraer hoje se baseia em quatro pilares de negócios, que garantem estabilidade e mitigam riscos.
- Aviação Comercial: Continua sendo a espinha dorsal, com as bem-sucedidas famílias de jatos ERJ e E-Jets.
- Aviação Executiva: Um segmento altamente lucrativo, onde a Embraer domina com jatos como o Phenom 300, o mais vendido do mundo em sua categoria por mais de uma década.
- Defesa & Segurança: Um pilar estratégico com produtos de alta tecnologia, como o avião de ataque leve A-29 Super Tucano e o cargueiro multimissão C-390 Millennium, que já foi encomendado por países da OTAN.
- Serviços & Suporte: Unidade de alta margem que gera receitas recorrentes com a manutenção e o suporte para a frota global de aeronaves Embraer.
Sustentabilidade, “carros voadores” e a próxima fronteira
Olhando para frente, a Embraer investe em tecnologias que vão moldar o futuro da aviação. Sua aposta mais ousada é a Eve Air Mobility, uma empresa dedicada ao desenvolvimento de “carros voadores” (eVTOLs). A Eve não está apenas criando a aeronave elétrica, mas todo o ecossistema para a mobilidade aérea urbana.
Simultaneamente, a Embraer aborda o desafio da sustentabilidade. O projeto “Família Energia” explora conceitos de aeronaves movidas a eletricidade e hidrogênio, visando zerar as emissões de carbono até 2050.
A gigante brasileira também estuda um projeto ambicioso para uma nova aeronave maior, que poderia competir diretamente no mercado dominado pela Boeing e pela Airbus. A história da Embraer prova que, a partir de suas raízes em São José dos Campos, ela tem a engenhosidade e a resiliência para continuar conquistando os céus do mundo.