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Combustível destruindo a correia banhada a óleo? Risco silencioso que causa falhas caras e como proteger o motor do seu carro

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 01/05/2025 às 17:47
Atualizado em 02/05/2025 às 10:01
CORREIA BANHADA A ÓLEO: Como O COMBUSTÍVEL DESTROI a correia
CORREIA BANHADA A ÓLEO: Como O COMBUSTÍVEL DESTROI a correia
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Entenda por que a inovadora correia dentada imersa em óleo está falhando antes do tempo e como o combustível contaminado ou adulterado agrava o problema.

Carros modernos, como o Chevrolet Onix 1.0 Turbo, são símbolos de economia e tecnologia. No entanto, uma peça específica em seus motores tem gerado preocupação. É a correia banhada a óleo. Projetada para durar muito mais que as correias secas, chegando a 240.000 km segundo alguns manuais, ela tem apresentado falhas bem antes disso.

Muitas vezes, quebra antes dos 80.000 km. A culpa frequentemente recai sobre o uso de óleo incorreto. Mas há outro fator importante: o próprio combustível pode estar destruindo a correia silenciosamente.

A promessa da correia banhada a óleo

A busca por maior eficiência energética e o cumprimento de normas de emissões levaram ao desenvolvimento da correia banhada a óleo. A ideia surgiu com a Ford nos anos 2000. Em 2007, a DAI, fabricante de correias, registrou sua patente. A tecnologia se popularizou na Europa. No Brasil, chegou em modelos Ford a partir de 2015, como o Ka 1.5 de três cilindros. A GM adotou a inovação no popular Onix em 2020.

Essa correia faz parte do sistema de sincronismo do motor, assim como a correia seca e a corrente de comando. A correia seca fica fora do motor e exige trocas frequentes (50-60 mil km). A corrente, metálica e interna, dura muito mais (acima de 200 mil km). A correia banhada a óleo é uma solução híbrida. Fica dentro do motor, imersa em óleo, como a corrente. Tenta combinar a simplicidade da correia seca com a durabilidade e menor atrito da corrente. As montadoras prometiam trocas entre 100 mil e mais de 200 mil km.

Material especial e óleo específico

GM trouxe essa "inovação promissora" para o Onix em 2020, um carro líder de vendas, provavelmente visando esses benefícios de eficiência e economia para manter a competitividade do modelo.
GM trouxe essa “inovação promissora” para o Onix em 2020, um carro líder de vendas, provavelmente visando esses benefícios de eficiência e economia para manter a competitividade do modelo.

Sabendo que borracha e óleo geralmente não combinam, essa correia usa materiais especiais. É feita de borracha HNBR (nitrila butadieno hidrogenada). Esse material resiste a altas temperaturas e ao óleo. Possui também um revestimento de teflon para aumentar a resistência.

O óleo lubrificante também precisa ser específico. Deve ter aditivos especiais para não atacar a borracha da correia. Fabricantes como a Continental afirmam que essa solução gera 30% menos atrito que as correntes. Isso contribui para a eficiência do motor.

Falhas inesperadas e custos elevados

Apesar da teoria promissora, a prática tem mostrado problemas. Donos de carros com correia banhada a óleo relatam falhas prematuras. As correias estão se partindo ou esfarelando muito antes do prazo previsto. Há casos de quebra antes dos 80.000 km. Alguns proprietários afirmam que o problema ocorreu mesmo usando o óleo correto e fazendo revisões na concessionária. A tecnologia se tornou controversa. Engenheiros e mecânicos debatem se a falha é do projeto ou do mau uso pelos proprietários.

O rompimento da correia causa danos graves e caros ao motor. Quebra válvulas e outros componentes devido à perda de sincronismo. A manutenção preventiva (troca de correia e filtro) custa em média R$ 2.000. Se a correia já soltou farelos, a manutenção corretiva (com limpeza do sistema) pode variar de R$ 3.000 a R$ 4.000. Em caso de rompimento com danos ao motor, o prejuízo pode chegar a R$ 7.000.

Causas comuns: óleo errado, uso severo e riscos em carros usados

O uso de óleo incorreto é, de fato, uma causa comprovada de falhas. Não basta usar a viscosidade certa (como 0W20 ou 5W30). É preciso usar o óleo com a especificação exata exigida pela montadora (como a norma Dexos 1 Geração 3 da GM). Adicionar produtos como condicionadores de metais também compromete o óleo e a correia.

Outro fator é o “uso severo”. Isso inclui situações comuns como trajetos curtos. Nesses casos, o motor não atinge a temperatura ideal. O óleo frio não consegue eliminar contaminantes do combustível que passam para o cárter. Com o tempo, o óleo se degrada e perde suas propriedades, atacando a correia. O superaquecimento em longos engarrafamentos também degrada o óleo e a correia.

Carros usados, especialmente ex-locadoras, representam um risco. Não há garantia de que a manutenção anterior usou o óleo correto. O problema de durabilidade reduzida é relatado também na Europa. Sinais de desgaste incluem luzes de advertência (injeção, óleo), freio endurecido (bomba de vácuo entupida por detritos da correia) e falhas no turbo.

O impacto do combustível na correia banhada a óleo

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Um fator crucial, e talvez subestimado pelas montadoras, é a contaminação do óleo pelo combustível. Como explicado, mesmo em uso severo normal, o combustível contamina o óleo. Agora, imagine o impacto do combustível adulterado. Esse é um problema recorrente no Brasil, intensificado em épocas de preços altos. Aditivos como solventes, querosene e metanol são misturados à gasolina ou etanol. Essas substâncias prejudicam o motor e podem contaminar severamente o óleo lubrificante.

A combinação de uso severo (motor frio ou superaquecido) com combustível adulterado cria o cenário perfeito para a degradação acelerada do óleo. Esse óleo contaminado ataca diretamente a borracha especial da correia banhada a óleo. Enquanto em motores com correia seca ou corrente os danos do combustível ruim podem ser mais lentos ou afetar outros sistemas (injeção), na correia banhada a óleo o resultado pode ser catastrófico e rápido.

Soma-se a isso o risco de óleo lubrificante falsificado, que também é um mercado lucrativo para o crime organizado. O proprietário pode comprar um óleo falso pensando ser o original, levando à falha prematura da correia.

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Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
07/05/2025 13:59

Boa tarde!
Essa carreira banhada a óleo foi a melhor coisa que a Chevrolet fez… já estou no quarto Onix e nunca tive problema com essa correia… isso é conversa de mecânico que não sabe trocar ou mexer na correia

Arlete F trabach
Arlete F trabach
07/05/2025 09:40

Depende muito de uma boa manutenção!!eu não espero kilometragem para trocar óleo !
Muito menos a correia.
Óleo apropriado sempre !e manutenção diária!
Tenho um Tracker 2023 estou muito feliz com ela!
Um carro econômico!me atende bem.mas cuido direitinho de troca de óleo original !toda manutenção.
Tenho um Agile 2012!!carro nunca me deu problema!!
Manutenção diária!! cuidado! abastecer sempre mesmo posto de combustível.
So tenho elogiar.
Manutenção e cuidar sempre!muito contente com a tracker.nao tenho nada a reclamar.obrigada
Arlete

Anderson
Anderson
07/05/2025 09:23

Querem fazer o consumidor de ****..
Quando se projeta algum motor tem que fazer muitos testes oq parece que não aconteceu..
Agora o consumidor que fica no prejuizo…
Já que os combustíveis estão danificando as correias ,pq então não colococar corrente de comando ou correias que não seja banhada a óleo…
Mas preferem fazer o consumidor de OTARIOS..

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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