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Com sua promessa de reduzir preços e ampliar a exploração, Trump volta ao cenário como defensor das energias fósseis e do petróleo barato, mas setor enfrenta dilemas e incertezas

Publicado em 06/11/2024 às 20:03
Com sua promessa de reduzir preços e ampliar a exploração, Trump volta ao cenário como defensor das energias fósseis e do petróleo barato, mas setor enfrenta dilemas e incertezas
O que muda com Trump de volta na indústria petrolífera (Imagem: Reprodução)

Trump está de volta, e com ele, as polêmicas! Para a indústria petrolífera, sua presença é tanto uma promessa quanto um risco. De um lado, há o entusiasmo com seu apoio incondicional ao petróleo barato e à produção desenfreada. De outro, a sombra de um possível impacto negativo nos preços e na sustentabilidade do mercado. Ao afirmar que “vai perfurar ao máximo” e que o “preço da energia vai cair”, o republicano deixou claro que pretende colocar os Estados Unidos como líder de uma nova fase das energias fósseis, mas com impactos ainda difíceis de prever.

A expectativa da indústria petrolífera é grande. Durante a convenção republicana, Trump prometeu fazer a energia voltar a preços baixos e alavancar a produção nacional de petróleo e gás. Representantes do setor, como Jeff Eshelman, diretor da Independent Petroleum Association of America (Ipaa), manifestaram seu interesse em trabalhar ao lado do governo Trump, caso ele retorne ao poder, em busca de “produções constantes” para o país. Esse cenário representa uma guinada oposta às limitações impostas pelo governo Biden, que priorizou políticas de transição energética e regulação ambiental.

Produção em alta de petróleo e o papel dos acionistas na volta de Trump

No entanto, nem tudo é entusiasmo. O atual cenário de mercado mostra que as empresas petrolíferas têm priorizado a valorização dos lucros para os acionistas ao invés de aumentar sua produção, conforme aponta Bill O’Grady, da Confluence Investment Management. O analista destaca que, por mais que Trump queira “perfurar ao máximo”, a decisão final ainda depende do mercado e dos interesses financeiros das empresas.

De acordo com Stewart Glickman, da CFRA, a indústria petrolífera se lembra bem dos efeitos colaterais da última grande onda de produção nos Estados Unidos. Em 2016, a Arábia Saudita inundou o mercado em resposta ao petróleo de xisto norte-americano, e o preço do barril de West Texas Intermediate (WTI) despencou para 26 dólares. Para muitos executivos, a experiência de falências no setor devido aos altos custos da exploração de xisto em comparação com o petróleo convencional ainda é uma lembrança amarga.

Impacto nos preços e na economia global

Com a possibilidade de Trump elevar os impostos sobre produtos de grandes parceiros comerciais dos Estados Unidos, como a China, as consequências econômicas são outra preocupação. Analistas da Wood Mackenzie alertam que tal medida poderia frear o crescimento econômico global, reduzindo a demanda por produtos refinados e pressionando os preços do petróleo para baixo, exatamente o oposto do desejado pela indústria petrolífera.

Por fim, a política climática também entra em jogo. Trump defende a reversão das políticas de transição energética de Biden, como cortes nos investimentos em energias renováveis e incentivos ao setor de hidrocarbonetos. Glickman acredita que esse retrocesso pode, a longo prazo, até impulsionar os preços do petróleo devido à queda nos investimentos nas energias alternativas.

Para a indústria petrolífera, Trump se coloca como defensor do petróleo barato e da liberdade de exploração. No entanto, com a dependência do setor em relação ao mercado e à pressão dos acionistas, a capacidade de Trump de implementar suas promessas pode ser limitada. Como uma bênção ambígua para o setor, seu possível retorno à Casa Branca coloca a indústria diante de um dilema: aproveitar o apoio político ou arriscar uma nova queda nos preços e nos lucros.

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Bruno Castilho Barreto

Jornalista com foco em petróleo e gás, investimentos e oportunidades no mercado nacional.

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