Expansão bilionária da Heineken em Pernambuco transforma a unidade de Igarassu na maior produtora de Amstel do Nordeste, reforçando sustentabilidade e ampliando empregos na região.
A Heineken oficializou nesta quarta-feira (06) a expansão de sua unidade em Igarassu, Pernambuco, após um investimento de R$ 1,2 bilhão.
Segundo reportagem publicada pelo portal Exame, o projeto amplia em três vezes a capacidade produtiva da fábrica, consolidando-a como a maior produtora da marca Amstel no Nordeste brasileiro.
Com a nova estrutura, a cervejaria passa a atender integralmente mercados estratégicos da região, incluindo Pernambuco, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba e Sergipe, respondendo ao crescimento consistente da demanda por Amstel, que registrou expansão de cerca de 15% no primeiro semestre deste ano.
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Estratégia da Heineken no Brasil e liderança da Amstel
A ampliação reflete a estratégia da Heineken para fortalecer sua presença e elevar a competitividade no mercado brasileiro de cervejas, principalmente no segmento premium.
O vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da companhia, Mauro Homem, destacou em entrevista concedida ao Exame a importância do projeto:
“A expansão de nossa planta em Igarassu é um marco para consolidar nossa posição no Nordeste e fortalecer ainda mais a nossa estratégia de crescimento no Brasil. Amstel, em especial, tem mostrado grande potencial de crescimento, com resultados de duplo dígito, e sabemos que ainda há muito espaço para a marca na região”.
Desde sua chegada ao Brasil, em 2010, a Heineken vem ampliando investimentos no país, que ultrapassam R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos.
Atualmente, a companhia emprega mais de 13 mil pessoas e mantém 13 fábricas distribuídas pelo território nacional.
A unidade de Igarassu, agora renovada, passa a desempenhar papel fundamental dentro do plano nacional da empresa, tornando-se referência em produção, sustentabilidade e inovação industrial.
Sustentabilidade e inovação tecnológica da fábrica
Um dos pontos de destaque da expansão da fábrica pernambucana está no foco em sustentabilidade.
De acordo com apuração do portal Exame, a unidade conta com a maior linha de garrafas retornáveis do grupo no Brasil, iniciativa que busca promover a circularidade de materiais, especialmente vidro, e contribuir para a redução do impacto ambiental.
Além disso, toda a operação foi estruturada para ser 100% abastecida por energia renovável, tendo a biomassa como fonte principal.
Esse modelo energético reduz significativamente as emissões de carbono de escopo 1 e 2, alinhando-se aos compromissos globais da companhia na agenda ambiental.
Segundo Mauro Homem,
“nosso foco em sustentabilidade é evidente em cada etapa deste projeto. A nova planta não apenas triplica nossa capacidade produtiva, mas também assegura que estamos operando de forma mais sustentável. Com a biomassa, conseguimos reduzir o impacto ambiental e garantir um ciclo positivo de carbono. Este é um investimento crucial para o futuro da Heineken no Brasil e no mundo”.
A eficiência no uso de recursos hídricos também foi aprimorada.
Conforme detalhado pela reportagem do Exame, a cervejaria de Igarassu conseguiu reduzir em 30% o consumo de água nos últimos três anos, utilizando tecnologias avançadas para maximizar a produtividade e minimizar desperdícios.
O resultado é particularmente relevante para regiões como Pernambuco, frequentemente afetadas por escassez hídrica.
Geração de empregos e impacto social regional
O projeto de expansão gerou 130 novos empregos permanentes na unidade e mais de 700 vagas temporárias durante as obras.
O jornal também apontou que, além do impacto econômico regional, a Heineken reforçou seu compromisso com a inclusão e diversidade, estabelecendo metas para ampliar a presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança — com objetivo de superar a marca de 50% de mulheres em posições de comando.
No contexto do desenvolvimento local, a empresa busca estimular cadeias produtivas na região, promovendo parcerias com fornecedores e estimulando a economia de municípios do entorno da fábrica.
A aposta em mão de obra local e qualificação profissional também integra as ações para fortalecer o relacionamento com a comunidade.
Mercado de cervejas e competitividade no Brasil
O movimento da Heineken ocorre em um cenário de desafios e transformações para o setor cervejeiro no Brasil e no mundo.
Globalmente, a empresa registrou uma receita de € 7,64 bilhões no segundo trimestre de 2025, número que representa queda de 4,1% em comparação ao mesmo período de 2024.
A retração se concentrou em mercados desenvolvidos, como Europa e América do Norte, onde o consumo apresentou desaceleração.
No Brasil, os resultados do primeiro semestre de 2025 também mostraram desempenho abaixo do esperado, com queda orgânica de um dígito médio na receita líquida e redução de volume de vendas de um dígito baixo.
Apesar disso, conforme ressaltado pelo Exame, a marca Amstel se destacou, impulsionada pela parceria com a CONMEBOL Libertadores e por campanhas de marketing regionais, atingindo crescimento de cerca de 15% no semestre.
Marcas como Heineken® e Eisenbahn também apresentaram resultados positivos, especialmente no segmento premium, mesmo em um cenário de ajuste de estoques e menor consumo.
Para enfrentar as oscilações do mercado, a companhia implementou, em julho de 2025, um reajuste de preços de 6% no Brasil, buscando reequilibrar margens e preservar a competitividade das marcas diante de custos operacionais crescentes.
O Itaú BBA avaliou que esse ajuste pode ajudar a melhorar a dinâmica competitiva e sustentar o crescimento nos próximos meses.
Visão dos analistas e perspectivas para o setor premium
As reações do mercado financeiro diante do desempenho da Heineken foram divididas.
O Bradesco BBI destacou o crescimento da Amstel como ponto positivo, mas manteve cautela diante da performance geral mais fraca.
Já o HSBC revisou a recomendação para as ações da empresa, elevando de “Hold” para “Buy” e, posteriormente, para “Strong Buy”, com base na recuperação gradual e na força das marcas premium no Brasil.
O potencial do segmento premium segue como principal aposta da empresa para sustentar a liderança, mesmo diante dos desafios impostos pelo cenário macroeconômico.
No contexto internacional, a empresa destacou que tarifas impostas recentemente pelo governo dos Estados Unidos não devem afetar as operações no Brasil, já que a produção nacional é pouco dependente de insumos diretamente impactados pelas mudanças.