O rover VIPER da NASA, um jipe lunar de quase meio bilhão de dólares, era a maior aposta para mapear a água na Lua e viabilizar uma base humana, mas a agência espacial chocou o mundo ao engavetar o projeto.
Ele era um dos projetos mais empolgantes da nova corrida espacial. Um jipe-robô do tamanho de um carrinho de golfe, equipado com pneus de metal, faróis para iluminar as crateras mais escuras do universo e uma broca de um metro de comprimento capaz de perfurar o solo lunar. Sua missão: ser o primeiro a mapear em detalhes os depósitos de gelo no Polo Sul da Lua, um recurso vital para o futuro da humanidade no espaço. Mas o rover VIPER da NASA nunca sentirá a poeira lunar sob suas rodas.
Em uma decisão que surpreendeu a comunidade científica, a NASA anunciou o cancelamento da missão de US$ 433,5 milhões. O robô, que já estava em fase final de montagem e testes, não será lançado. Mas por que a agência espacial investiria tanto em um projeto para depois abandoná-lo? A resposta envolve um complexo quebra-cabeça de engenharia, logística e dinheiro.
O que era o projeto VIPER da NASA?
O VIPER, sigla para “Volatiles Investigating Polar Exploration Rover”, era um robô de exploração projetado para uma missão de 100 dias na Lua. Seu objetivo principal era criar o primeiro mapa detalhado da concentração e distribuição de gelo de água nas regiões de sombra permanente do Polo Sul lunar.
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Diferente de outros rovers, o VIPER foi projetado para “farejar” água. Ele era equipado com espectrômetros para detectar hidrogênio na superfície e, principalmente, com a broca TRIDENT, capaz de perfurar até um metro de profundidade para analisar amostras do solo e confirmar a presença de gelo. A tecnologia do rover VIPER era a chave para transformar a especulação sobre água na Lua em dados concretos e utilizáveis.
Por que a NASA cancelou a missão VIPER?
A pergunta de por que a NASA cancelou o VIPER não tem uma única resposta, mas sim uma principal. O rover não iria para a Lua sozinho; ele dependia de um “táxi” espacial. A NASA havia contratado a empresa privada Astrobotic para desenvolver o módulo de pouso Griffin, que seria responsável por levar o VIPER em segurança até a superfície lunar.
No entanto, a Astrobotic solicitou mais tempo e um aumento significativo de orçamento para concluir o desenvolvimento do Griffin, e a NASA avaliou que os custos e os riscos para garantir a entrega do módulo de pouso não eram mais viáveis dentro do orçamento do programa. Essencialmente, o jipe lunar da NASA, que estava praticamente pronto, ficou sem carona para a Lua. Diante dos atrasos e do aumento de custos do transporte, a agência optou por cancelar toda a missão.
Como o VIPER ia sobreviver à noite lunar de -173 °C?
Um dos maiores desafios da engenharia do jipe lunar nasa cancelado era a sobrevivência energética. As noites no Polo Sul da Lua são brutais, com temperaturas que despencam para -173 graus Celsius e uma escuridão que dura semanas. Para sobreviver, o VIPER foi projetado com uma estratégia inovadora.
Ele não ficaria parado esperando o sol voltar. Seu plano de missão era uma corrida contra o tempo, movendo-se constantemente para permanecer em áreas iluminadas pelo sol, como um surfista buscando a onda perfeita. Além disso, ele possuía um sistema de aquecimento interno e radiadores para dissipar calor durante o dia e conservá-lo durante os curtos períodos de sombra. Seus pneus não eram de borracha, mas sim de uma liga de alumínio com garras, projetados para não congelar e manter a tração no regolito lunar fofo e abrasivo.
Para que serviria o gelo que o VIPER ia procurar na Lua?
A busca pelo gelo na Lua é o pilar do programa Artemis e da futura exploração espacial. A água é um dos recursos mais preciosos no espaço, não apenas para o consumo dos astronautas. Suas moléculas (H₂O) podem ser quebradas em hidrogênio e oxigênio.
O oxigênio seria usado para o ar respirável em uma futura base lunar. O hidrogênio e o oxigênio, juntos, são os componentes do propelente de foguete mais poderoso que existe. Em outras palavras, encontrar gelo na Lua significa que os futuros foguetes poderiam ser reabastecidos lá mesmo, barateando drasticamente o custo de missões para Marte e para os confins do sistema solar. O VIPER era a missão que ia mapear o “posto de gasolina” da Lua, e embora o robô tenha sido cancelado, sua tecnologia e seus objetivos serão herdados por futuras missões do programa Artemis.
O que você acha da decisão da NASA de cancelar uma missão tão avançada? A exploração espacial deveria depender de empresas privadas? Deixe sua opinião nos comentários!