Categoria de carros 1.0 ganha força no mercado nacional após isenção do IPI, descontos das montadoras e regras ambientais mais rígidas estimularem fabricantes e consumidores. Programa impulsiona vendas e renova cenário do setor automotivo.
A categoria de carros 1.0 com motor flex, potência de até 115 cavalos e fabricação nacional registrou um aumento expressivo nas vendas em julho de 2025, impulsionada pelo novo programa Carro Sustentável, que zera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos que se enquadram em critérios técnicos e ambientais.
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas desses modelos cresceram 13% em comparação com junho deste ano.
Em relação ao mesmo período de 2024, o avanço foi de 11,4%, evidenciando o impacto imediato da iniciativa sobre o mercado automotivo brasileiro.
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O presidente da Fenabrave, Arcélio Alceu dos Santos Junior, apresentou os resultados ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, durante encontro oficial em Brasília, em 2 de agosto.
Na ocasião, Alckmin destacou a importância do incentivo fiscal: “O programa é um sucesso […], e as montadoras ajudaram com um bom desconto”, afirmou o ministro durante visita a concessionárias na capital federal.
Além do IPI zerado, algumas fabricantes aplicaram descontos próprios, reduzindo ainda mais o valor dos veículos 1.0 para o consumidor final.
Carro Sustentável impulsiona vendas e amplia acesso
Os dados de desempenho do setor reforçam o efeito da política.
Segundo a consultoria K.Lume, o mercado brasileiro emplacou 229.397 carros novos em julho de 2025, frente aos 202.164 registrados em junho.
Os automóveis 1.0, por serem os mais acessíveis do segmento, foram responsáveis por grande parte desse crescimento, consolidando-se como a principal porta de entrada para o público que busca o primeiro veículo zero quilômetro ou a renovação da frota com menor custo.
Critérios para participação no programa Carro Sustentável
Para fazer parte do programa Carro Sustentável, o veículo precisa ser produzido no Brasil, possuir motor flex de baixa emissão de poluentes, potência máxima de 115,5 cavalos, atender a limites de peso, apresentar alto índice de reciclabilidade e cumprir exigências de segurança estrutural.
Com esses requisitos, o objetivo do governo é estimular a oferta de veículos mais eficientes e acessíveis, revertendo uma tendência recente em que o mercado praticamente deixou de oferecer opções abaixo dos R$ 80 mil.
Até o início da iniciativa, os modelos mais baratos disponíveis, como Fiat Mobi e Renault Kwid, já ultrapassavam essa faixa de preço, o que dificultava o acesso ao carro novo por parte de famílias de menor renda.
Marcas que aderiram ao programa de incentivo automotivo
Quatro marcas foram as primeiras a aderir oficialmente ao programa: Fiat, Hyundai, Renault e Volkswagen.
Essas empresas cadastraram modelos elegíveis junto ao governo federal, viabilizando a aplicação do IPI zerado.
Cabe a cada fabricante realizar o cadastro de seus veículos, e os valores finais dependem dos descontos próprios concedidos por cada montadora, além da isenção fiscal promovida pelo Estado.
O público atendido inclui tanto pessoas físicas quanto jurídicas, beneficiando ainda frotistas e empresas de locação de veículos, o que amplia o alcance da política pública.
Como funciona o IPI Verde e a taxação ambiental
Para compensar a redução da arrecadação decorrente do novo benefício, o governo federal implementou o IPI Verde, uma sobretaxa direcionada a veículos considerados mais poluentes.
Esta medida faz parte do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que introduz critérios mais rigorosos de avaliação ambiental e eficiência energética.
A pontuação dos veículos passa a considerar não apenas a potência do motor e os gases emitidos, mas um conjunto de fatores ligados ao impacto ambiental de cada modelo.
Quanto melhor a classificação, menor a tributação.
Essa mudança afeta tanto veículos produzidos no Brasil quanto importados, tornando o sistema mais justo e alinhado a metas ambientais.
Histórico recente dos incentivos ao setor automotivo
Essa é a primeira grande política de incentivo ao setor desde 2023, quando foi aprovada a medida provisória que liberou R$ 1,5 bilhão em créditos tributários para fabricantes, dos quais R$ 500 milhões foram destinados exclusivamente aos automóveis.
O impacto da medida de dois anos atrás ainda é percebido no mercado: em 2023, o preço dos carros populares chegou a cair entre R$ 2 mil e R$ 10 mil, dependendo do modelo e do desconto concedido por cada fabricante.
Para equilibrar as contas públicas, o governo optou por reonerar o diesel, garantindo recursos para a execução dos incentivos ao setor automotivo.