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Com mais de 8 mil km de ferrovias, 320 milhões de toneladas de minério por ano e 120 mil trabalhadores, a maior mineradora do Brasil opera como uma cidade subterrânea e move a economia nacional

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 08/10/2025 às 10:45
Com mais de 8 mil km de ferrovias, 320 milhões de toneladas de minério por ano e 120 mil trabalhadores, a maior mineradora do Brasil opera como uma cidade subterrânea e move a economia nacional
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Maior mineradora do Brasil, a Vale extrai 320 milhões de toneladas por ano, opera 8 mil km de ferrovias e funciona como uma cidade subterrânea em movimento.

Poucos imaginam o tamanho da engrenagem que mantém o Brasil entre os gigantes do setor mineral global. Fundada em 1942, a Vale S.A. é hoje a maior mineradora do Brasil e uma das três maiores do mundo, ao lado da BHP e da Rio Tinto. Com mais de 8 mil quilômetros de ferrovias, 10 terminais portuários, 320 milhões de toneladas de minério de ferro extraídas anualmente e 120 mil trabalhadores diretos e indiretos, a empresa se tornou um verdadeiro organismo industrial que nunca para — uma cidade subterrânea, invisível para a maioria, mas que pulsa no ritmo do aço, da exportação e da economia nacional.

O império do ferro que sustenta o Brasil

A Vale nasceu em plena Segunda Guerra Mundial, quando o governo de Getúlio Vargas criou a Companhia Vale do Rio Doce para explorar as jazidas de Itabira (MG). Desde então, a empresa se transformou em um colosso global, responsável por cerca de 15% de todo o minério de ferro exportado no planeta.

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A produção concentra-se em dois eixos principais:

  • Sistema Norte (Carajás, Pará): considerado o maior complexo minerador a céu aberto do mundo, com minério de ferro de altíssimo teor (67%).
  • Sistema Sudeste e Sul (Minas Gerais): abrange Itabira, Mariana, Itabirito e Brumadinho, regiões onde a mineração moldou a geografia e a economia mineira por décadas.

Somados, esses sistemas garantem uma produção anual de mais de 320 milhões de toneladas, embarcadas por trilhos e navios que cruzam o país até os portos de Tubarão (ES) e Ponta da Madeira (MA) — dois dos terminais mais movimentados do planeta.

Uma estrutura que funciona como um país

O que impressiona na Vale não é apenas o volume produzido, mas o tamanho de sua infraestrutura. A empresa opera ferrovias próprias que cruzam três estados, transportando minério, combustível, grãos e até passageiros em trajetos diários.

  • Estrada de Ferro Carajás (EFC): 892 km entre Parauapebas (PA) e São Luís (MA), com trens de até 330 vagões e 3,3 km de comprimento — os maiores das Américas.
  • Estrada de Ferro Vitória–Minas (EFVM): 905 km entre Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES), a única ferrovia brasileira que transporta passageiros diariamente.
  • Portos e terminais: a Vale controla dez terminais portuários e marítimos, com capacidade conjunta superior a 500 milhões de toneladas por ano.
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Em torno dessa infraestrutura, formou-se uma rede que lembra uma cidade industrial: vilas operárias, refeitórios, oficinas, hospitais, escolas técnicas e frotas internas mantêm o funcionamento contínuo das operações.

Nos turnos de 12 horas, máquinas de 300 toneladas e caminhões fora de estrada com pneus de 4 metros de altura movem montanhas para alimentar o mundo.

Carajás: o coração do império mineral brasileiro

No interior do Pará, a Serra dos Carajás abriga o coração da mineração brasileira. O complexo da Vale ocupa uma área equivalente à da cidade de Belo Horizonte, e sua produção anual supera 150 milhões de toneladas de minério de ferro de altíssimo teor.

Os caminhões autônomos, controlados por sistemas GPS e inteligência artificial, substituíram parte da frota convencional, aumentando a segurança e a precisão das operações. Cada caminhão autônomo é capaz de transportar 240 toneladas de minério por viagem, e funciona 24 horas por dia.

No subsolo, redes de túneis e correias transportadoras se estendem por dezenas de quilômetros, interligando minas, britadores e pátios de estocagem.

Tudo é monitorado em tempo real a partir de um centro de controle em Belo Horizonte, onde engenheiros acompanham o fluxo de dados, produção e manutenção por telões de alta resolução.

Energia e tecnologia: o novo rosto da mineração

A Vale vem investindo pesado em tecnologia e transição energética. Cerca de 85% de toda a energia usada nas operações já vem de fontes renováveis, como hidrelétricas e eólicas.

Nos últimos anos, a empresa iniciou projetos de eletrificação de frotas, uso de biocombustíveis e desenvolvimento de “green steel”, o aço verde com baixa emissão de carbono.

O plano é ousado: até 2050, a Vale pretende zerar suas emissões líquidas de carbono, um compromisso que a coloca entre as líderes mundiais de mineração sustentável.

Além disso, a empresa desenvolve sistemas autônomos de perfuração, monitoramento geotécnico por drones e análise preditiva de barragens com tecnologia de satélite. Essa digitalização reduziu acidentes, aumentou a produtividade e tornou o processo de extração mais eficiente e rastreável.

Um ecossistema econômico que sustenta cidades inteiras

A presença da Vale transforma qualquer região onde se instala. Somente o Sistema Norte emprega cerca de 60 mil pessoas direta e indiretamente, enquanto o Sistema Sudeste mantém mais de 40 mil empregos em Minas Gerais.

Cidades como Parauapebas, Canaã dos Carajás, Itabira e Mariana dependem em grande parte das receitas geradas pela mineração.

Estima-se que, somando os impostos, royalties e investimentos sociais, a Vale injete mais de R$ 40 bilhões por ano na economia brasileira, o equivalente ao PIB de estados inteiros.

Esses recursos financiam obras de infraestrutura, escolas, hospitais e programas sociais, especialmente nas comunidades próximas às minas.

Desafios, tragédias e reinvenção

Nem tudo, porém, é triunfo. A história da Vale também é marcada por tragédias ambientais, como os rompimentos das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), que deixaram centenas de vítimas e colocaram em xeque o modelo de mineração brasileiro.

Desde então, a empresa passou por uma reestruturação profunda, com novos protocolos de segurança, fiscalização independente e investimentos bilionários em tecnologia de monitoramento.

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O episódio serviu de ponto de virada: a Vale migrou de um modelo centrado apenas em volume para um modelo de mineração responsável e sustentável, priorizando segurança e transparência.

O Brasil e o futuro do ferro

Mesmo com os desafios, a Vale segue como pilar da economia nacional e símbolo da força produtiva do Brasil. O minério de ferro responde por cerca de 12% de todas as exportações brasileiras, e a Vale é responsável por mais de 70% desse total.

Em 2024, o minério brasileiro atingiu os principais portos da Ásia e Europa, abastecendo indústrias de aço em China, Japão, Coreia do Sul, Alemanha e Itália.

O futuro aponta para diversificação: além do ferro, a empresa expande sua atuação em níquel, cobre e minerais críticos, insumos essenciais para baterias, carros elétricos e energias renováveis.

Uma ‘cidade subterrânea’ que move o mundo

Em suas minas, a 300 metros de profundidade, o silêncio só é quebrado pelo eco das máquinas que nunca param.

A cada minuto, toneladas de minério são extraídas, trituradas e embarcadas rumo a um ciclo industrial que movimenta portos, trens, fábricas e economias inteiras.

Com mais de 8 mil km de ferrovias, 3 mil locomotivas, 320 milhões de toneladas exportadas por ano e uma cadeia de 120 mil trabalhadores, a Vale opera como um país dentro de um país, uma engrenagem de aço, ferro e energia que mantém o Brasil em movimento.

Mais do que uma empresa, ela é um organismo nacional, onde engenharia, geologia, tecnologia e natureza se entrelaçam em escala monumental. E mesmo sob toneladas de rocha, o som que ecoa é o da força do Brasil moderno — um país que ainda pulsa sob a terra.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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