Em um país onde a maioria das cargas pesadas ainda passa por rodovias esburacadas e abarrotadas, as ferrovias em construção no Brasil se mostram verdadeiros “heróis” aguardando seu momento de brilhar. Com bilhões de reais em investimentos e projetos ambiciosos como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e a Ferrovia Transnordestina, o cenário está pronto para uma revolução logística que promete aliviar as rodovias, reduzir custos e diminuir a pegada de carbono das operações de transporte.
Atualmente, cerca de 65% de toda a carga brasileira é movimentada por caminhões, enquanto apenas 15% utiliza ferrovias. Esse modelo rodoviário, embora essencial para a economia, traz altos custos e impactos ambientais. É aí que as ferrovias em construção no Brasil entram como alternativa sustentável e estratégica, com potencial para transformar o fluxo de mercadorias e reduzir gargalos logísticos.
Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL)
A FIOL, um dos maiores empreendimentos ferroviários do Brasil, é projetada para cruzar os estados da Bahia e Tocantins, conectando o Porto Sul, em Ilhéus, até a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis. Com uma extensão de 1.527 km, a FIOL visa abrir um corredor estratégico para o escoamento de commodities, especialmente de grãos e minérios. Esse projeto conta com um marco impressionante: a maior ponte ferroviária da América Latina, com 2,9 km sobre o rio São Francisco, entre Serra do Ramalho e Bom Jesus da Lapa.
Iniciado em 2011, o trecho FIOL 1 já apresenta 75% de avanço, com previsão de conclusão até 2027, enquanto o FIOL 2, iniciado pouco depois, avança lentamente, com cerca de 67% concluído. Sob uma concessão de 35 anos, a empresa BAMIN destina R$ 13,13 bilhões para finalizar a obra, que tem um custo médio de R$ 6,4 milhões por quilômetro.
- Túnel subaquático no Brasil ligará 11 municípios! Obra com 29 metros de profundidade custará R$ 1 bilhões e gerará 11 MIL empregos
- Como pontes sobre a água são construídas? A ENGENHARIA por trás dessas estruturas incríveis
- Barragem de US$ 5 bilhões no Rio Nilo pode causar guerra na África? Egito enfrenta risco de falta d’água enquanto Sudão pode sofrer inundações
- Construção do RODOANEL de Belo Horizonte vai tirar 15 mil caminhões das ruas, economizar 50 minutos por viagem e gerar 15 mil empregos
Integração Centro-Oeste (FICO)
A FICO é fundamental para o escoamento agrícola da região centro-oeste. Com uma extensão de 888 km, a ferrovia está projetada para conectar áreas produtoras de grãos do Mato Grosso ao sistema ferroviário nacional. O primeiro trecho, de Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT), recebeu investimento de R$ 2,5 bilhões, e espera-se que as obras concluam até 2028.
Este projeto foi iniciado em 2010 e, apesar de lentos avanços, representa uma importante conexão entre os estados centrais e os portos brasileiros, beneficiando especialmente a exportação de soja e milho.
Ferrovia Transnordestina
Com 1.753 km de extensão planejada, a Transnordestina visa conectar o sertão nordestino aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. Embora promissora para a economia do nordeste, a obra enfrentou inúmeros desafios ao longo dos anos, como paralisações e problemas de financiamento. Atualmente, o projeto segue uma reavaliação estratégica, focando primeiramente no trecho entre Eliseu Martins (PI) e Pecém, com previsão de conclusão para 2027.
O projeto, estimado em R$ 6,7 bilhões, é crucial para a integração do sertão à infraestrutura nacional de transporte, facilitando a exportação de grãos e minérios do nordeste.
Ferrovia Norte-Sul
Considerada a “espinha dorsal” ferroviária do Brasil, a Ferrovia Norte-Sul cobre atualmente mais de 4.000 km, desde Açailândia (MA) até Estrela D’Oeste (SP). Projetada para facilitar o transporte de cargas por todo o país, a Norte-Sul é operada pela VLI e pela Rumo Logística, que investiram em melhorias e novas tecnologias para aumentar a eficiência.
A obra, que começou em 1985, enfrenta um histórico de atrasos e revisões. Atualmente, novos trechos estão em fase de planejamento, com a previsão de expansão ao norte, até o Pará, e ao sul, até o Rio Grande do Sul, consolidando um dos eixos de transporte mais importantes do Brasil.
O futuro do transporte ferroviário no Brasil
As ferrovias em construção no Brasil trazem promessas robustas de redução de custos, alívio das rodovias e benefícios ambientais, como a diminuição nas emissões de carbono. Com mais de R$ 241 bilhões em investimentos, o setor ferroviário nacional começa a traçar uma nova rota para o escoamento de cargas, especialmente agrícolas e minerais, atendendo a uma demanda crescente por alternativas sustentáveis.
Para o Brasil, essas obras são mais que simples trilhos, representam uma aposta em infraestrutura eficiente e conectividade de longo prazo. A conclusão dessas ferrovias ainda é um grande desafio, mas, se cumpridos os prazos, o impacto positivo na economia brasileira e na competitividade de exportações será imenso. Afinal, com cada quilômetro de ferrovia que se completa, o país avança mais próximo de um futuro logístico mais integrado, eficiente e sustentável.