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Com investimento de US$ 17 bilhões, o Grande Porto de Al-Faw promete tornar o Iraque um novo centro logístico entre Ásia e Europa: Primeira fase será entregue em 2025 e quebra-mar já é o maior do mundo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 28/03/2025 às 14:37
Porto de Al-Faw quer mudar o comércio entre Ásia e Europa e desafiar o Canal de Suez.
Porto de Al-Faw quer mudar o comércio entre Ásia e Europa e desafiar o Canal de Suez.
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Localizado na única saída marítima do Iraque, o Porto de Al-Faw pode se tornar um dos maiores centros logísticos do planeta. O projeto prevê 99 milhões de toneladas de carga por ano, conexão direta com a Turquia por terra, e desafia a hegemonia do Canal de Suez. Primeira fase deve ser concluída em 2025.

À primeira vista, a Península de Al-Faw, no sudeste do Iraque, parece apenas um pedaço estreito de terra banhado pelo Golfo Pérsico. Mas por trás da paisagem discreta, está surgindo uma das maiores apostas de infraestrutura do século: o Grande Porto de Al-Faw.

Com investimento total de US$ 17 bilhões, o projeto quer reposicionar o Iraque no mapa econômico mundial e oferecer uma nova rota comercial entre a Ásia e a Europa. A primeira fase das obras está prestes a ser entregue, e os impactos prometem ser profundos, para o país e para o comércio global.

O maior porto de águas profundas do Oriente Médio

Visão aérea da construção do Grande Porto de Al-Faw, destacando sua magnitude e importância estratégica.
Visão aérea da construção do Grande Porto de Al-Faw, destacando sua magnitude e importância estratégica.

O plano do Iraque é ambicioso. Quando estiver completo, o Porto de Al-Faw terá capacidade para movimentar até 99 milhões de toneladas de carga por ano, com terminais capazes de receber navios de última geração. Só o cais principal terá 1,7 km de extensão e está sendo erguido com estacas de 50 metros cravadas no leito marinho.

Essas estacas, só para comparação, têm quase a altura da Estátua da Liberdade. Elas garantem sustentação para navios gigantes, como os New Panamax, que transportam até 15 mil contêineres. A dragagem para atingir 17 metros de profundidade exigirá a remoção de 142 milhões de metros cúbicos de sedimentos, o equivalente a 57 pirâmides de Gizé.

O quebra-mar mais longo do planeta

Outro marco do projeto é o quebra-mar de 14,5 km, já reconhecido pelo Guinness como o mais longo do mundo. Ele foi construído sem acesso a pedreiras na região, então os engenheiros usaram uma solução criativa: colchões de concreto moldados em tecido, uma técnica que reduziu drasticamente o uso de pedras e otimizou a logística.

Ao todo, foram mais de 100 mil unidades de reforço instaladas ao longo de cinco anos. Essa estrutura é vital para proteger o porto das correntes do delta do rio Shatt Al-Arab e das frequentes tempestades de areia que varrem a região.

Conexão com a Europa por ferrovia

O Porto de Al-Faw não é um projeto isolado. Ele será o ponto de partida da chamada “Rota do Desenvolvimento”, uma ligação ferroviária e rodoviária de 2.000 km que cruzará o Iraque até a fronteira com a Turquia. A ideia é transformar o país em um corredor seco para mercadorias que vêm da Ásia e seguem para a Europa.

Estima-se que o transporte por esse novo trajeto possa economizar até 11 dias em comparação com o tradicional Canal de Suez. Isso coloca o Iraque em posição de oferecer uma rota mais rápida, segura e estável, o que se torna ainda mais atrativo em tempos de instabilidade no Mar Vermelho.

Tecnologia e cidades inteligentes no entorno

A estrutura portuária será moderna e automatizada, com sistemas semelhantes aos usados nos portos de Rotterdam e Singapura. O objetivo é alcançar um nível de eficiência de ponta desde o início, sem depender de adaptações no futuro.

Ao redor do porto, o governo planeja construir refinarias, usinas siderúrgicas e até cidades inteligentes, o que vai impulsionar a geração de empregos e a diversificação da economia ainda hoje muito dependente do petróleo.

Desafios de engenharia, política e clima

Apesar do avanço nas obras, o projeto enfrenta desafios complexos. A geografia da região, com águas rasas e alto nível de sedimentação, exige soluções técnicas avançadas. A instabilidade política do país levanta preocupações sobre a continuidade e segurança da operação no longo prazo.

Mesmo assim, a conclusão da primeira fase está prevista para o fim de 2025, e os sinais são positivos. O projeto tem apoio governamental direto e já atraiu interesse de parceiros internacionais.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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