Parceria inédita entre MST, estatal chinesa e Prefeitura de Maricá prevê R$ 100 milhões em investimentos, geração de empregos e mecanização no campo.
O MST terá fábrica de tratores em Maricá graças a um acordo firmado com a estatal chinesa Sinomach, a Prefeitura local e a empresa OZ.Earth. O projeto promete transformar o município em um polo agroindustrial e fortalecer a agricultura familiar em todo o país.
Com investimento estimado em R$ 100 milhões, a unidade fabril terá capacidade inicial para produzir 2 mil tratores por ano, em modelos adaptados a pequenas propriedades, além de gerar entre 200 e 250 empregos diretos e centenas de vagas indiretas, segundo o portal do CompreRural e o portal do MST (publicado em 13 de Julho).
Maricá como polo agroindustrial
A fábrica será instalada entre Ponta Negra e Espraiado, região onde já funcionam iniciativas ligadas à produção de pescados.
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Para o prefeito Washington Quaquá, o projeto representa um passo decisivo na diversificação econômica: “Vamos produzir tratores para suprir a enorme carência do Brasil e apoiar a agricultura familiar”, declarou em entrevista ao CompreRural.
Além da produção de maquinário, o acordo inclui transferência de tecnologia, capacitação técnica e soluções sustentáveis, como bioinsumos e energias renováveis.
O município, que hoje depende fortemente dos royalties do petróleo, passa a se projetar como um polo de inovação rural.
Testes e adaptação da tecnologia
Antes da assinatura, equipamentos chineses como colheitadeiras e adubadeiras foram testados em áreas do MST e na Fazenda Água Limpa, da UnB, em 2024.
Os resultados mostraram boa adaptação ao solo brasileiro, reforçando a confiança na viabilidade da fábrica, destacou o CompreRural.
Segundo Kelli Mafort, da Secretaria-Geral da Presidência, a iniciativa é estratégica em tempos de crise ambiental, pois garante acesso a maquinário moderno e adaptado à realidade dos agricultores familiares.
Entre inovação e controvérsias
O envolvimento do MST reacendeu debates. Críticos apontam o histórico de ocupações de terras improdutivas, levantando preocupações sobre insegurança jurídica.
Por outro lado, defensores ressaltam a capilaridade do movimento e sua rede de assentamentos, considerada fundamental para levar tecnologia e mecanização a pequenos produtores, lembrou o CompreRural.
Esse contraste entre inovação e polêmica reforça o impacto social do projeto, que pode se tornar um divisor de águas para o futuro da agricultura familiar no Brasil.
Impactos esperados
Entre os efeitos imediatos estão a industrialização rural com foco em inclusão social, estímulo à produção sem agrotóxicos e maior integração tecnológica entre Brasil e China.
A expectativa é que a fábrica contribua para reduzir a pobreza no campo e ampliar a segurança alimentar.
Especialistas ouvidos pelo CompreRural avaliam que a iniciativa pode dar protagonismo a pequenos agricultores e assentados, reforçando a cooperação Brasil-China em biotecnologia e mecanização agrícola.
O projeto da fábrica de tratores em Maricá, com apoio da China e protagonismo do MST, representa uma aposta ousada na transformação da agricultura familiar brasileira.
Se der certo, poderá servir de modelo para outras regiões do país.
Você acredita que essa parceria vai realmente revolucionar a agricultura familiar no Brasil? Ou vê riscos nessa iniciativa?
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