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Com 9.700 m2, a mansão mais cara de Bel Air, um ícone de 21 quartos que foi a leilão por uma fração de seus US$ 500 milhões

Escrito por Carla Teles
Publicado em 26/10/2025 às 11:21
Com 9.700 m2, a mansão mais cara de Bel Air, um ícone de 21 quartos que foi a leilão por uma fração de seus US$ 500 milhões
De US$ 500 Mi a US$ 141 Mi: veja como “The One”, a colossal propriedade de 9.700 m2 em Bel Air, foi à falência e quem arrematou o ícone em leilão.
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Avaliada em meio bilhão de dólares, a suntuosa propriedade de 9.700 m2 foi a leilão por uma fração do valor após uma cascata de dívidas, problemas legais e um estado inacabado.

A megamansão de Bel Air conhecida como “The One”, uma colossal propriedade de 9.700 m2 (quase o dobro da Casa Branca), foi concebida para redefinir o ultraluxo com um preço especulativo de US$ 500 milhões, conforme relatado pela Forbes.com.br. O projeto ambicioso, que segundo a Wikipedia foi desenvolvido por Nile Niami e desenhado pelo arquiteto Paul McClean, incluía 21 quartos, cinco piscinas, uma boate privativa e uma garagem para 30 carros.

No entanto, o que era para ser o auge do mercado imobiliário de Los Angeles transformou-se em um pesadelo financeiro. Assolada por dívidas que ultrapassaram os US$ 100 milhões, incluindo um empréstimo crucial de US$ 82,5 milhões da Hankey Capital que entrou em incumprimento, a mansão foi forçada à liquidação judicial, como detalha a CNNbrasil.com.br. A saga culminou em um leilão que expôs a dura realidade do mercado, muito distante da visão original.

A visão de excesso de Nile Niami

A força motriz por trás de “The One” foi Nile Niami, um promotor imobiliário cuja carreira evoluiu da produção de filmes de baixo orçamento para o desenvolvimento de casas especulativas de altíssimo padrão. A Wikipedia documenta que o objetivo de Niami não era apenas construir uma casa, mas criar um “espetáculo” de riqueza, uma narrativa midiática que estabeleceria um novo padrão de luxo e justificaria seu preço estratosférico.

Para materializar essa visão, Niami contratou o renomado arquiteto Paul McClean. O projeto focava em uma “grandiosidade minimalista”, utilizando extensas paredes de vidro e paletas de cores neutras para proporcionar vistas panorâmicas de 360 graus sobre Los Angeles, o Oceano Pacífico e as montanhas. A construção, que se estendeu de 2014 a 2021, envolveu mais de 600 trabalhadores, um esforço logístico monumental para erguer a estrutura no topo da colina, segundo a Wikipedia.

As comodidades desafiavam o conceito de residência, posicionando a propriedade como um resort privado. A lista incluía uma suíte principal de 510 m2 (maior que muitas casas inteiras), uma pista de boliche de quatro pistas, um cinema com mais de 40 lugares, uma adega para 10.000 garrafas e até uma “ala de filantropia” dedicada a galas de caridade. Foi essa fusão de uso residencial com instalações de nível comercial que, ironicamente, plantou as sementes de muitos dos problemas legais e de licenciamento futuros.

O castelo de cartas financeiro desmorona

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A construção prolongada e logisticamente complexa foi financiada por uma alavancagem financeira extrema. Um ponto crítico, documentado pela CNNbrasil.com.br, foi o empréstimo de US$ 82,5 milhões obtido em 2018 junto à Hankey Capital. À medida que os atrasos na construção se acumulavam e os custos disparavam, a situação da dívida tornou-se insustentável.

Em março de 2021, a empresa de Niami, Crestlloyd LLC, entrou em incumprimento de uma dívida total que já ultrapassava os US$ 165 milhões, incluindo o empréstimo da Hankey (que com juros e taxas já passava de US$ 110 milhões). A CNNbrasil.com.br relata que, com o prazo de 90 dias para pagamento esgotado, a propriedade foi colocada em administração judicial (receivership) em julho de 2021, uma medida drástica para gerir o ativo e tentar recuperar os valores devidos aos credores.

A situação encontrada pelo administrador judicial era caótica. A mansão não possuía uma apólice de seguro válida, expondo-a a riscos significativos, e sofria de defeitos de construção, incluindo danos causados por água e fissuras estruturais. O projeto estava cronicamente inacabado, tornando-se um ativo tóxico e de difícil comercialização.

O leilão: a realidade se impõe

Após a declaração de falência da Crestlloyd LLC em outubro de 2021, a “The One” foi listada para leilão pela Concierge Auctions no início de 2022. Apesar da avaliação inicial de US$ 500 milhões e de um preço de listagem reduzido para US$ 295 milhões, o resultado foi um choque para o mercado. A Forbes.com.br reportou que a licitação vencedora foi de apenas US$ 126 milhões. Com a adição da comissão de leilão de 12%, o preço total de aquisição subiu para US$ 141 milhões.

O comprador foi identificado pela Forbes.com.br como Richard Saghian, o bilionário fundador e CEO da gigante do fast-fashion Fashion Nova. Saghian, já um ávido colecionador de imóveis de luxo em Los Angeles, descreveu a compra como uma “oportunidade rara” de possuir uma propriedade única que faria parte da história da cidade. Para ele, a mansão é vista não apenas como residência, mas como um potencial e poderoso ativo de marketing para sua marca.

Mas por que um desconto tão massivo? O principal obstáculo, apontado repetidamente pela Forbes.com.br, era a ausência de um certificado de ocupação. “The One” não era vendida como uma casa pronta para morar; era, legalmente, um complexo projeto de construção. A Wikipedia corrobora que a propriedade foi vendida em estado inacabado, exigindo um investimento adicional estimado em pelo menos US$ 20 milhões apenas para ser concluída, legalizada e tornada habitável.

O legado de “The One”: um marco irrepetível

A saga da “The One” serve como um severo conto preventivo sobre os perigos da especulação extrema, da alavancagem excessiva e de permitir que a narrativa de marketing se descole das realidades logísticas e financeiras no mercado de ultraluxo. O sonho de Niami transformou-se em um exemplo clássico de como a ambição desmedida pode levar a um fracasso financeiro catastrófico.

Ironicamente, o maior legado da mansão pode ser sua singularidade. Durante sua conturbada década de construção, a cidade de Los Angeles, em parte motivada pela controvérsia em torno de projetos gigantescos como este, aprovou novas e restritivas “leis anti-mansões”. Essas regulamentações agora impedem a construção de uma residência unifamiliar desta escala, especialmente em terrenos de encosta.

Isso significa que “The One” é, de fato, a primeira e a última do seu gênero. O mesmo excesso que causou sua queda financeira agora lhe confere um monopólio regulatório. A propriedade de 9.700 m2 tornou-se um ativo arquitetônico que jamais poderá ser replicado em Los Angeles, solidificando seu status de lenda, embora por motivos muito diferentes dos que seu criador imaginou.

A história de “The One” é um misto de ambição desmedida e um duro choque de realidade. Você acredita que a mansão, por sua arquitetura e localização, valia os US$ 500 milhões iniciais, ou o mercado foi justo ao pagar US$ 141 milhões por um projeto inacabado? E o novo dono, ao potencialmente usá-la para marketing, fez um bom negócio? Deixe sua opinião nos comentários.

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Carla Teles

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