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China inicia megarepresa no Tibete e acende alerta na Índia e em Bangladesh!

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 24/07/2025 às 18:11
China inicia construção da maior represa do mundo e preocupa Índia e Bangladesh. Preocupação sobre rios, comunidades e o meio ambiente.
Foto Divulgação Folha UOL.
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China inicia construção da maior represa do mundo e preocupa Índia e Bangladesh. Preocupação sobre rios, comunidades e o meio ambiente.

A China deu início à construção da maior represa hidrelétrica do mundo no último sábado (19), no rio Yarlung Tsangpo, localizado no Tibete.

O projeto bilionário, liderado pelo primeiro-ministro chinês Li Qiang, já causa fortes reações na Índia e em Bangladesh.

O motivo: os possíveis impactos ambientais e sociais que a estrutura poderá gerar a jusante, principalmente nos rios Siang, Brahmaputra e Jamuna.

O empreendimento, chamado de Estação Hidrelétrica de Motuo, ultrapassará a famosa represa de Três Gargantas em capacidade de geração de energia. Apesar das promessas de desenvolvimento e energia limpa, autoridades indianas temem que a obra possa comprometer o fluxo hídrico de regiões inteiras e gerar riscos às populações locais.

A iniciativa, segundo o governo chinês, tem custo estimado de 1,2 trilhão de yuans — equivalente a aproximadamente R$ 928 bilhões.

Como a represa da China afeta Índia e Bangladesh?

O rio Yarlung Tsangpo nasce no planalto tibetano e segue seu curso rumo ao sul, entrando no território da Índia, onde passa a ser conhecido como rio Siang e, depois, como Brahmaputra. Mais adiante, já em Bangladesh, ele deságua no Jamuna.

Com a construção da represa chinesa, autoridades dos países a jusante temem que a China passe a controlar o fluxo desses rios, podendo até desviar ou reter a água.

Um relatório do think tank australiano Lowy Institute já alertava, em 2020, que “o controle sobre esses rios oferece efetivamente à China um estrangulamento sobre a economia da Índia”.

Autoridades indianas expressam preocupações sobre a represa

O ministro-chefe do Estado de Arunachal Pradesh, Pema Khandu, alertou recentemente que a conclusão da represa da China pode causar um esvaziamento significativo dos rios Siang e Brahmaputra.

Ele afirmou que essa ação pode representar “uma ameaça existencial às nossas tribos e meios de subsistência”.

Ele destacou o impacto potencial sobre tribos como os Adi, que vivem próximas ao rio. O receio é que uma liberação súbita de água, acidental ou estratégica, cause inundações devastadoras.

Resposta diplomática e medidas de precaução

Diante do avanço do projeto, o Ministério das Relações Exteriores da Índia já comunicou à China sua preocupação com os impactos da represa.

Nova Délhi defende maior transparência e diálogo com os países a jusante, além de solicitar que os interesses das regiões afetadas sejam respeitados.

Como forma de defesa, o governo indiano também pretende construir sua própria barragem no rio Siang. A ideia é minimizar os efeitos de uma possível liberação repentina de água vinda do Tibete e controlar o risco de enchentes em território indiano.

China justifica represa como parte de política energética

Para a China, a construção da Estação Hidrelétrica de Motuo faz parte de um plano estratégico de geração e distribuição de energia limpa.

A obra integra a política “xidiandongsong” (envio de eletricidade do oeste para o leste), promovida pelo presidente Xi Jinping. Segundo a imprensa estatal, a energia gerada pela barragem será transmitida para fora do Tibete, mas também abastecerá a região local.

Localizada em um dos trechos mais profundos e íngremes do mundo, o rio Yarlung Tsangpo faz uma curva acentuada conhecida como “a Grande Curva”, onde há grande potencial de geração de energia.

A engenharia do projeto prevê a construção de túneis de 20 km através da montanha Namcha Barwa para desviar parte do rio e construir cinco usinas em cascata.

Impactos ambientais e sociais preocupam ativistas

Embora o governo chinês defenda o projeto como ecológico, ativistas e entidades ambientais apontam sérios riscos.

Entre eles, estão a ameaça à biodiversidade dos vales tibetanos, a possibilidade de alagamentos e a instabilidade sísmica da região, rica em falhas geológicas.

Além disso, comunidades tibetanas também estão sendo afetadas. Segundo reportagens anteriores, centenas de tibetanos foram detidos durante protestos contra a construção de outras represas na região.

Denúncias de prisões arbitrárias e violência policial foram registradas por organizações de direitos humanos.

Bangladesh também busca esclarecimentos sobre o projeto

Outro país que pode ser afetado pela construção da represa da China é Bangladesh. As autoridades bengalis enviaram, em fevereiro deste ano, uma carta oficial a Pequim pedindo mais detalhes sobre a obra e seus possíveis efeitos no território bangladês.

Como o rio Jamuna é um dos principais afluentes do país, o controle do seu fluxo pode ter impactos diretos na agricultura, abastecimento e segurança hídrica de milhões de pessoas.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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