Cocal dá um passo importante na energia renovável ao operar sua segunda planta de biogás em São Paulo, produzindo biometano sustentável a partir da cana-de-açúcar
A empresa Cocal, referência no setor sucroenergético, iniciou a operação de sua segunda planta de biogás no interior de São Paulo, marcando um avanço significativo na produção de biometano a partir da cana-de-açúcar.
Localizada em Paraguaçu Paulista, a nova unidade tem capacidade para gerar até 60 mil metros cúbicos de biometano por dia, expandindo a participação da região no setor.
Expansão estratégica da Cocal no setor de biogás
A inauguração da segunda planta de biogás da Cocal representa um marco na transição energética brasileira. A unidade foi oficialmente lançada no último fim de semana, com a presença do governador Tarcísio de Freitas e outras autoridades estaduais e federais.
-
Plano Nacional de Infraestruturas de Gás e Biometano apresenta 14 projetos estratégicos e prevê investimentos de R$ 42 bilhões em gasodutos e hubs energéticos no Brasil
-
Desafios ameaçam cumprimento do potencial energético do hidrogênio verde
-
Rio Grande do Norte aposta em hidrogênio verde com alto potencial e marco regulatório
-
Embraer faz 1ª aquisição de lote 100% SAF da Vibra e amplia estudos com combustível sustentável de aviação para acelerar inovação e reduzir emissões
A planta opera 100% com biometano, utilizando como matéria-prima a vinhaça e a torta de filtro — subprodutos da industrialização da cana-de-açúcar — além de esterco animal proveniente de granjas locais.
Segundo Carlos Ubiratan Garms, membro do conselho de acionistas da Cocal, com a operação das duas plantas, a região passa a figurar entre os maiores polos produtores de biometano do mundo.
A iniciativa reforça o papel da empresa como protagonista na geração de energia limpa e renovável, alinhando-se às metas globais de descarbonização e à crescente demanda por alternativas sustentáveis no setor de transportes e indústria.
Produção sustentável de biometano a partir da cana-de-açúcar
A nova planta de biogás da Cocal reforça o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a economia circular. O processo de produção do biometano a partir da cana-de-açúcar envolve a purificação do biogás gerado pelos resíduos agroindustriais, transformando-o em um combustível limpo e eficiente.
Esse biometano é então distribuído por meio de gás natural comprimido (GNC), transportado em cilindros por caminhões, permitindo o abastecimento de regiões não conectadas à malha de gasodutos.
Além disso, o biometano será utilizado na própria frota da Cocal, substituindo o diesel durante a safra. Na safra 2022/2023, a empresa deixou de consumir 300 mil litros de diesel, e a expectativa para a atual safra é quadruplicar esse número, ultrapassando 1 milhão de litros economizados.
A substituição do diesel por biometano representa uma economia significativa e uma redução expressiva nas emissões de gases de efeito estufa.
Investimento robusto da Cocal na planta de biogás
A construção da planta de biogás em Paraguaçu Paulista demandou um investimento de R$ 216 milhões, e foi desenvolvida em parceria com a Geo Biogás & Tech, empresa especializada em soluções tecnológicas para o setor.
A unidade utiliza equipamentos nacionais e foi projetada para operar durante todo o ano, inclusive na entressafra, graças à capacidade de estocagem dos insumos. André Gustavo Silva, diretor comercial da Cocal, destacou que a empresa está avançando na jornada para tornar o agronegócio mais sustentável e livre de carbono.
A adoção de tecnologia nacional fortalece a cadeia produtiva brasileira e estimula o desenvolvimento de soluções locais para desafios energéticos globais. A planta também contribui para a geração de empregos diretos e indiretos na região, promovendo desenvolvimento econômico sustentável.
São Paulo como referência na produção de biometano
Com a operação das duas plantas de biogás — uma em Narandiba e outra em Paraguaçu Paulista — o estado de São Paulo se consolida como um polo estratégico na produção de biometano.
A iniciativa da Cocal contribui diretamente para a diversificação da matriz energética brasileira e para o cumprimento das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil conta atualmente com seis plantas de biometano autorizadas a operar, produzindo cerca de 195 mil m³/dia, sendo a maior parte proveniente de aterros sanitários.
A planta da Cocal se destaca por utilizar resíduos agrícolas, promovendo uma alternativa sustentável e economicamente viável.
Benefícios ambientais e econômicos do biometano
A produção de biometano a partir da cana-de-açúcar oferece múltiplos benefícios:
- Redução das emissões de CO₂: substituição de combustíveis fósseis por renováveis.
- Valorização de resíduos agroindustriais: aproveitamento da vinhaça e torta de filtro.
- Geração de empregos locais: fortalecimento da economia regional.
- Independência energética: abastecimento de áreas isoladas sem infraestrutura de gasodutos.
- Estímulo à inovação: desenvolvimento de novas tecnologias e processos industriais.
Esses fatores tornam o biometano uma peça-chave na transição energética e na construção de um futuro mais sustentável. A atuação da Cocal demonstra que é possível conciliar rentabilidade com responsabilidade ambiental, criando um modelo replicável para outras regiões e empresas.
Desafios e perspectivas para o setor de biogás no Brasil
Apesar dos avanços, o setor de biogás ainda enfrenta desafios estruturais, como a falta de infraestrutura dutoviária e a necessidade de incentivos regulatórios. A distribuição via GNC, adotada pela Cocal, é uma solução provisória eficaz, mas demanda logística especializada e investimentos contínuos. A expectativa é que, com o crescimento da demanda e o fortalecimento das políticas públicas voltadas à energia renovável, o biometano ganhe ainda mais espaço no mercado brasileiro.
O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) prevê um aumento significativo na participação de fontes renováveis na matriz energética nacional até 2031, o que pode impulsionar novos projetos e investimentos no setor. A regulamentação adequada e o apoio governamental são fundamentais para acelerar a adoção do biometano em larga escala.
O papel da Cocal na transformação energética do agronegócio
A inauguração da segunda planta de biogás da Cocal em São Paulo é um exemplo claro de como o setor sucroenergético pode contribuir para a descarbonização da economia. Com tecnologia nacional, investimento robusto e foco na sustentabilidade, a empresa amplia a produção de biometano a partir da cana-de-açúcar e fortalece sua posição como líder na transição energética.
A energia do futuro já está sendo produzida no interior paulista. Cocal mostra que é possível transformar resíduos em combustível limpo e gerar impacto positivo para o meio ambiente e a sociedade.
Essa iniciativa não apenas reforça o papel do Brasil como potência em bioenergia, mas também inspira outras regiões e empresas a seguirem o mesmo caminho. O exemplo da Cocal evidencia que o agronegócio pode ser protagonista na construção de um modelo energético mais limpo, eficiente e inclusivo.