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CNH pode mudar em todo o Brasil com criação do “personal trainer do volante”: governo quer liberar aulas com instrutores independentes e reduzir burocracia

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 17/10/2025 às 18:37
Instrutor autônomo de trânsito credenciado pela Senatran orienta aluna durante aula prática para CNH.
Novo modelo da Senatran permite que instrutores autônomos ofereçam aulas de direção fora das autoescolas.
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Nova minuta da Senatran propõe curso específico, credencial digital e registro no Detran para profissionais autônomos atuarem legalmente fora das autoescolas

O governo federal quer mudar radicalmente a forma como os brasileiros aprendem a dirigir. A proposta cria a figura do instrutor autônomo de trânsito, apelidado de “personal trainer do volante”, um profissional que poderá oferecer aulas práticas de direção sem vínculo com autoescolas. A medida faz parte de uma minuta da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), ligada ao Ministério dos Transportes, e está em consulta pública até 2 de novembro.

A ideia é simples, mas ambiciosa: permitir que os candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) combinem livremente sua carga horária de treinos com um instrutor credenciado, reduzindo custos e burocracia. Conforme o texto da resolução, o aluno poderá escolher e até substituir o instrutor “a qualquer tempo”, de acordo com sua conveniência.

O governo argumenta que a mudança vai “ampliar as oportunidades de emprego” e dar mais liberdade aos motoristas em formação, que terão a opção de aprender fora das estruturas tradicionais das autoescolas. Já entidades do setor demonstram preocupação, alegando que a proposta pode gerar riscos à segurança no trânsito e impactar empregos.

Curso obrigatório, requisitos e credenciamento digital

Segundo a minuta, o candidato a instrutor autônomo precisará seguir regras específicas. Para obter a Carteira de Identificação Profissional de instrutor autônomo, emitida gratuitamente pelo site da Senatran, será necessário:

  • Ter pelo menos 21 anos de idade;
  • Ter concluído o Ensino Médio;
  • Possuir CNH há, no mínimo, 2 anos;
  • Apresentar certificado de curso específico emitido por órgão executivo de trânsito;
  • Não ter cometido infração gravíssima nos últimos 60 dias;
  • E não ter sofrido cassação da habilitação.

Depois de cumprir os requisitos e concluir o curso de formação, o profissional será autorizado pelo Detran e terá o nome registrado oficialmente junto ao Ministério dos Transportes. Com isso, qualquer aluno poderá verificar online se o instrutor está apto para atuar.

A informação foi divulgada por O Globo, que destacou ainda que os instrutores já vinculados a autoescolas poderão continuar atuando normalmente, mas terão a possibilidade de prestar serviços de forma autônoma. Essa flexibilidade permitirá que profissionais com experiência ofereçam aulas particulares de forma legal e reconhecida.

Carros sem pedal duplo e regras para as aulas práticas

Um dos pontos mais comentados da minuta é a flexibilização dos veículos usados nas aulas. O automóvel poderá ser fornecido pelo instrutor ou pelo próprio aluno, sem necessidade de pedal duplo ou câmbio manual. A única exigência é que o carro esteja em bom estado de conservação, tenha no máximo 12 anos de fabricação e exiba identificação visual de uso para aprendizagem.

As aulas práticas, no entanto, só poderão ocorrer após a emissão da Licença de Aprendizagem Veicular (LAV), respeitando os locais e horários autorizados pelos Detrans. Além disso, os instrutores estarão sujeitos a fiscalização regular e precisarão apresentar documentos obrigatórios, como CNH, crachá de instrutor, Licença de Aprendizagem e Certificado de Registro e Licenciamento do veículo.

Exame prático com nota de 0 a 100 e possibilidade de refazer no mesmo dia

De acordo com a proposta, o exame de direção veicular poderá ser agendado logo após a aprovação nas provas teóricas — mesmo que o candidato não tenha feito nenhuma aula prática prévia. A etapa será aplicada pelo órgão executivo de trânsito da região onde o aluno reside, e o trajeto será previamente definido pelas autoridades.

Durante o exame, o motorista em formação será acompanhado por um representante do órgão de trânsito, responsável por garantir a segurança de todos, orientar o candidato e registrar ocorrências relevantes. A avaliação será feita por uma comissão examinadora composta por três membros, sendo que pelo menos um deles deverá possuir habilitação igual ou superior à categoria pleiteada.

O teste poderá ser monitorado eletronicamente com imagens, áudio, sensores, telemetria e georreferenciamento. Isso servirá tanto para garantir a transparência do processo quanto para permitir que o candidato acesse os dados e recorra em caso de reprovação. Caso o monitoramento eletrônico seja adotado, a avaliação poderá ser feita de forma remota, desde que haja acesso às informações necessárias.

O veículo usado na prova poderá ser fornecido pelo órgão de trânsito ou pelo próprio candidato, inclusive de propriedade de terceiros, desde que o automóvel atenda às normas de segurança do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

O desempenho será medido por nota de 0 a 100 pontos. Cada candidato começará a prova com pontuação máxima e perderá pontos conforme as infrações cometidas. Para ser aprovado, o aluno precisará atingir pelo menos 90 pontos.

As penalidades terão pesos diferentes:

  • Peso 1: infrações leves;
  • Peso 2: infrações médias;
  • Peso 3: infrações graves;
  • Peso 4: infrações gravíssimas.

A decisão final será lançada no Registro Nacional de Carteira de Habilitação (Renach), e o resultado comunicado ao candidato. Quem não atingir a nota mínima poderá tentar novamente — inclusive no mesmo dia, caso o Detran local tenha estrutura disponível. Essa regra, no entanto, não vale para quem for eliminado durante a prova.

Próximos passos e debate público sobre segurança e mercado de trabalho

A minuta que cria o “personal trainer do volante” segue em consulta pública até 2 de novembro, e ainda pode sofrer alterações antes de ser implementada oficialmente. O governo acredita que a novidade vai desburocratizar o processo de obtenção da CNH, gerar novos empregos e permitir economia aos candidatos, que poderão escolher quanto investir e com quem aprender.

Por outro lado, associações de autoescolas e sindicatos de instrutores alertam para riscos à segurança viária e à formação técnica dos motoristas, caso o controle e a fiscalização não sejam rigorosos. Ainda assim, o projeto representa uma das maiores mudanças recentes no sistema de habilitação brasileiro, abrindo espaço para uma nova categoria de profissionais — os instrutores autônomos credenciados oficialmente pela Senatran.

Se for aprovada sem grandes modificações, a nova resolução poderá marcar o início de uma era em que aprender a dirigir será tão personalizado quanto treinar na academia, com cada aluno tendo seu próprio “personal trainer do volante”. Você acha que essa mudança vai realmente facilitar a vida de quem busca a primeira CNH ou pode colocar a segurança no trânsito em risco?

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Felipe Alves da Silva

Sou Felipe Alves, com experiência na produção de conteúdo sobre segurança nacional, geopolítica, tecnologia e temas estratégicos que impactam diretamente o cenário contemporâneo. Ao longo da minha trajetória, busco oferecer análises claras, confiáveis e atualizadas, voltadas a especialistas, entusiastas e profissionais da área de segurança e geopolítica. Meu compromisso é contribuir para uma compreensão acessível e qualificada dos desafios e transformações no campo estratégico global. Sugestões de pauta, dúvidas ou contato institucional: fa06279@gmail.com

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