Hofbräu München inicia produção de sua clássica cerveja de trigo no Brasil, trazendo frescor, tradição bávara e preços mais acessíveis aos consumidores
Uma das cervejarias mais tradicionais da Oktoberfest alemã vai inaugurar um novo capítulo de sua história no Brasil. A Hofbräu München começará a produzir e engarrafar sua clássica cerveja de trigo no país a partir de setembro. Será a primeira vez que a HB Hefe Weizen, lançada em 1602, sairá das fronteiras da Alemanha.
O projeto é conduzido pela importadora Bier & Wein, que atua há mais de 30 anos no mercado de cervejas especiais.
A empresa foi responsável por trazer aos brasileiros, desde os anos 1990, rótulos de destaque como Erdinger, Warsteiner, Tempelier, Conserdonck, Praga e 1795.
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Segundo Marcelo Stein, sócio da Bier & Wein, o Brasil vive uma expansão da cultura cervejeira, o que amplia as oportunidades de crescimento no segmento de especiais.
Ele afirma que unir a tradição de Munique ao frescor de uma produção local é um sonho de dez anos.
Tradição centenária
A HB Hefe Weizen é uma receita alemã clássica. Trata-se de uma cerveja de trigo de alta fermentação, não filtrada, com aromas frutados e 5,1% de teor alcoólico. Especialistas indicam que harmoniza com aves, peixes, frutos do mar e queijos suaves.
Por quase dois séculos, até 1798, a Hofbräu München deteve o monopólio de sua produção. Além dessa marca histórica, o plano no Brasil inclui a HB Original, uma lager clara de baixa fermentação e mesmo teor alcoólico.
Ambas seguem a tradicional Lei da Pureza Alemã, que determina apenas água, malte, lúpulo e levedura na composição. Nenhum aditivo químico ou cereal não-maltado pode ser utilizado.
Produção nacional
A primeira brassagem está programada para setembro, e a distribuição deve começar em outubro. A produção será realizada em uma fábrica parceira em São Paulo, escolhida com acompanhamento de representantes da Hofbräu München.
A cervejaria foi fundada em 1589 pela realeza bávara e está diretamente ligada às origens da Oktoberfest. É uma das seis de Munique que abastecem o maior festival de cerveja do mundo.
A meta inicial é fabricar 5 mil hectolitros por ano, o que equivale a 1 milhão de garrafas de 500 ml. O volume representa quase seis vezes mais do que a Bier & Wein importa atualmente da marca.
Impacto no mercado
O preço estimado ao consumidor deve ficar cerca de 20% menor em comparação à versão importada, girando em torno de R$ 20. O movimento acompanha um cenário de queda das importações no país.
De acordo com o Anuário de Cerveja, do Ministério da Agricultura, as importações em 2023 foram 50% menores do que em 2019. A desvalorização do real e o avanço das cervejarias artesanais são apontados como principais razões.
Stein destaca ainda os desafios para importadores. Entre eles, o câmbio elevado e o alto custo do capital, pressionado por juros recordes.
Rótulos e formatos
As versões nacionais serão comercializadas em garrafas de 500 ml e latas de 473 ml, com rótulos idênticos aos originais. A HB Original também terá barris de 30 litros em aço retornável.
Um desafio frequente nesse tipo de projeto é manter a qualidade sem mudar o sabor original. Muitas vezes, cervejarias adaptam receitas ao paladar local.
O especialista Eduardo Passarelli cita o exemplo da Brahma, que provou na Europa e notou diferente da versão brasileira. Segundo ele, esse tipo de variação é comum.
Supervisão alemã
Marcelo Stein garante que o sabor das HBs nacionais será igual ao das originais. Para isso, mestres-cervejeiros da Alemanha acompanharão a produção com visitas regulares.
Desde o início, o controle é rígido. Dois profissionais da Hofbräu participaram das visitas para definir a fábrica parceira. Entre os pontos avaliados, a qualidade da água dos poços artesianos foi analisada com atenção.
Esse rigor também determinou que a HB Hefe Weizen não fosse produzida em barris de chope, por questões técnicas.
Ingredientes importados
O lúpulo e o malte usados na cerveja de trigo virão da Alemanha. A levedura será do mesmo tipo líquido aplicado nas receitas originais. Uma empresa do interior paulista foi contratada para importar, armazenar e cuidar do ingrediente.
O planejamento ainda inclui ampliar a linha a partir do próximo ano. A ideia é produzir as cervejas escuras Schwarze Weisse e Dunkel, além de avaliar exportações para outros países da região.
Frescor e expectativa
Para os consumidores, a principal vantagem será pagar menos e contar com uma cerveja fresca, feita no Brasil. Passarelli lembra que longas viagens podem comprometer a qualidade de rótulos sensíveis.
Com a produção local, a expectativa é que o produto chegue ao mercado em condições ainda melhores, preservando aroma e sabor.
Se o projeto der certo, o mais importante é que o público terá acesso a uma experiência autêntica, fiel à tradição bávara, mas com o frescor de uma fabricação próxima. É esperar, brindar e provar.
Com informações de Neo Feed.