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Cientistas desenvolvem “scanner” cerebral capaz de identificar marcadores genéticos do autismo com 95% de precisão, abrindo novas perspectivas para diagnósticos e tratamentos

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 31/08/2024 às 16:34
Cientistas desenvolvem scanner cerebral capaz de identificar marcadores genéticos do autismo com 95% de precisão, abrindo novas perspectivas para diagnósticos e tratamentos.
Foto: Canva

Cientistas dos Estados Unidos desenvolvem “scanner” cerebral revolucionário que detecta autismo com 95% de eficiência.

Recentemente, cientistas da University of Virginia, nos Estados Unidos, fizeram um grande avanço na compreensão do autismo. Eles desenvolveram um sistema inovador que utiliza um scanner cerebral para detectar marcadores genéticos do transtorno do espectro autista (TEA) com uma precisão impressionante de até 95%.

Scanner cerebral avança na detecção do autismo

O sistema consegue identificar variações genéticas específicas associadas ao autismo, abrindo novas possibilidades para diagnósticos mais precisos e, eventualmente, tratamentos mais eficazes.

A nova técnica se baseia em modelagem matemática para identificar padrões específicos na estrutura do cérebro, que estão ligados a variações genéticas.

Essas variações são conhecidas como “variações do número de cópias”, onde partes do código genético são duplicadas ou deletadas.

Essas mudanças genéticas têm sido associadas ao desenvolvimento do autismo, e a capacidade de identificá-las com precisão em imagens cerebrais representa um avanço significativo.

Como o scanner cerebral funciona

O sistema criado pelos cientistas utiliza uma série de equações matemáticas para analisar imagens cerebrais de forma detalhada.

Essas equações conseguem decifrar informações complexas das imagens, transformando-as em novos dados visuais que podem ser analisados posteriormente.

O processo envolve a separação de variações biológicas normais daquelas que estão associadas ao autismo. Isso permite que os pesquisadores identifiquem com precisão as áreas do cérebro onde ocorrem essas variações genéticas.

Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram dados do Projeto Simons Variation in Individuals.

Este projeto reúne informações de indivíduos que possuem variações genéticas associadas ao autismo.

Ao analisar essas informações, o sistema conseguiu identificar variações genéticas diretamente ligadas ao transtorno.

Isso representa um avanço importante, já que tradicionalmente o autismo é diagnosticado com base em observações comportamentais, o que pode ser subjetivo e impreciso.

O novo sistema, portanto, oferece uma abordagem mais objetiva e baseada em dados concretos, o que pode transformar a maneira como o autismo é diagnosticado e tratado.

Impactos da nova técnica na pesquisa e tratamento

A aplicação dessa técnica pode ter impactos significativos na pesquisa e no tratamento do autismo.

Ao identificar com precisão as áreas do cérebro afetadas por variações genéticas, os pesquisadores esperam que isso possa apontar para novos alvos terapêuticos.

Essa identificação de regiões cerebrais específicas pode, no futuro, levar ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados para pessoas com autismo.

Além disso, o método também permite uma compreensão mais profunda de como o autismo afeta o desenvolvimento cerebral.

Uma das descobertas recentes é que a macrocefalia, ou aumento do cérebro, pode intensificar os sinais de autismo.

Essa relação entre o tamanho do cérebro e os sintomas do autismo é um exemplo de como a nova técnica pode revelar informações valiosas sobre o transtorno.

Outra descoberta importante é que as alterações no desenvolvimento neurológico associadas ao autismo surgem nas primeiras semanas de vida.

Essa informação é crucial para o desenvolvimento de intervenções precoces, que podem fazer uma grande diferença na vida das pessoas com autismo.

O futuro do diagnóstico genético do autismo

Os pesquisadores envolvidos no estudo acreditam que a capacidade de identificar variações genéticas ligadas ao autismo usando scanners cerebrais pode transformar a maneira como o transtorno é entendido.

Atualmente, o diagnóstico do autismo é baseado principalmente em observações comportamentais, o que pode ser subjetivo.

No entanto, a nova abordagem prioriza a genética, oferecendo uma visão mais clara e objetiva.

Essa técnica também pode ser aplicada a outras condições neurológicas, permitindo uma análise mais detalhada das variações genéticas e como elas afetam o cérebro.

Com mais pesquisas, é possível que novas terapias sejam desenvolvidas, focando nas áreas específicas do cérebro afetadas pelo autismo e outras condições.

O sistema criado pelos cientistas da University of Virginia é apenas o começo de uma nova era na pesquisa sobre autismo.

Com o tempo, espera-se que essa tecnologia se torne mais acessível e amplamente utilizada, beneficiando não apenas a pesquisa, mas também a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

A expectativa é que, com a evolução da tecnologia e a ampliação dos estudos, seja possível desenvolver tratamentos que abordem diretamente as causas genéticas do autismo, em vez de apenas tratar os sintomas.

Isso pode transformar a vida das pessoas com autismo e suas famílias, oferecendo novas esperanças para o futuro.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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