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Cientistas desenvolvem o primeiro combustível liquido do mundo que não pega fogo

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 06/10/2023 às 17:43
Cientistas desenvolvem combustível liquido inédito que não pega fogo
Foto: Adobe Istock

Cientistas desenvolvem o primeiro combustível à prova de fogo do mundo, prometendo muito mais segurança que os combustíveis líquidos utilizados atualmente no mercado.

Engenheiros químicos desenvolveram o primeiro combustível à prova de fogo do mundo, o liquido só entra em ignição com a aplicação de uma corrente elétrica. Desta forma, é possível colocar um maçarico no combustível, se não houver uma corrente elétrica, ele não queimará!

Como não reage a chamas, o combustível dos cientistas não provoca incêndios acidentais durante o armazenamento ou transporte, o que o torna um combustível muito mais seguro.

Como funciona o combustível à prova de fogo?

Segundo Yujie Wang, da Universidade da Califórnia em Riverside, o combustível que normalmente é utilizado ao redor do mundo não é muito seguro. Ele evapora, pode pegar fogo e impedir isso é algo muito difícil. Desta forma, é muito mais fácil controlar a inflamabilidade do seu combustível e impedir que ele queime quando a tensão é removida.

Imagem: Prithwish Biswas

Quando um combustível líquido, como etanol, diesel ou gasolina, entra em combustão, não é o próprio líquido que queima. Em vez disso, são as moléculas voláteis do combustível que pairam acima do líquido que se inflamam em contato com o oxigênio e o calor. A remoção da fonte de oxigênio extinguirá a chama, entretanto isso é difícil de fazer fora de um motor, mais ainda em um incêndio acidental descontrolado.

Entendendo o processo

Segundo o co-autor da descoberta, Prithwish Biswas, se jogarmos um fósforo em uma poça de gasolina no chão, é o vapor do gás que está queimando. É possível sentir o cheiro do vapor e saber instantaneamente que ele é volátil. Se for possível controlar o vapor, é possível controlar o vapor que queima, complementa Biswas.

A base do novo combustível à prova de fogo é um líquido iônico, que é uma espécie de sal liquefeito. Segundo Wang, ele é parecido ao sal que utilizamos para dar sabor aos alimentos, que é o cloreto de sódio. O que é utilizado para este projeto tem ponto de fusão inferior ao sal de cozinha, baixa pressão de vapor e é orgânico.

Cientistas modificaram a fórmula do líquido iônico

O “truque” dos cientistas consistiu em modificar a fórmula do líquido iônico, substituindo o cloro (CI) pelo perclorato (NaCLO4), o que foi suficiente para que o combustível deixasse de queimar ante uma chama, como acontece com o combustível normal antes da modificação química. Entretanto bastou a aplicação de um campo elétrico no novo combustível para que ele queimasse normalmente.

Segundo Wang, assim que a corrente foi desligada, a chama desapareceu e foi possível repetir o processo indefinidamente, aplicando voltagem, vendo a evaporação, acendendo o vapor para que ele queimasse e depois apagando-o. Os cientistas ficaram entusiasmados em encontrar um sistema que pudesse iniciar e parar tão rapidamente.

Outras vantagens do combustível “à prova de fogo

Ampliar a corrente a que o combustível é submetido resulta em chamas maiores, com maior produção de energia. Assim, a técnica também poderia funcionar como um sistema de medição ou aceleração em um motor.

Para o professor Michael Zachariah, é possível medir a combustão desta forma, e cotar a tensão funciona como um interruptor de homem morto, um recurso de segurança que desliga automaticamente uma máquina se o operador ficar incapacitado.

Uma propriedade interessante do líquido iônico é que ele pode ser misturado com combustível convencional e ainda assim manter esse seu comportamento. Entretanto é preciso haver pesquisas adicionais para entender qual porcentagem pode ser misturada e ainda assim não ser inflamável.

Na verdade, há questões importantes que devem ser respondidas antes que o combustível à prova de fogo possa ser comercializado, sendo a principal delas o aspecto prático, mais especificamente que modificações seriam necessárias nos motores para que eles possam utilizar o novo combustível.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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