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Cientistas da NASA detectam perturbações misteriosas que abalam o céu da Antártida

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 06/09/2024 às 13:19
NASA detecta perturbações misteriosas que abalam o céu da Antártida e surpreendem cientistas
Foto: Reprodução

Cientistas intrigados: NASA capta uma série de perturbações incomuns no céu da Antártida, levantando novas hipóteses sobre os fenômenos climáticos e espaciais

A atmosfera acima da Antártida enfrenta um inverno altamente instável em 2024. A cerca de 30 quilômetros acima da superfície congelada, na estratosfera, uma sequência de eventos inesperados de aquecimento chamou a atenção dos cientistas, iniciando em julho de 2024.

Aumento inesperado de temperatura

Normalmente, as temperaturas na estratosfera sobre a Antártida, durante o mês de julho, ficam em torno de -80°C (-112°F). No entanto, em 7 de julho, ocorreu uma elevação drástica nas temperaturas, subindo 15°C (27°F), atingindo um recorde histórico para o mês de julho na região. Posteriormente, houve um resfriamento em 22 de julho, seguido por um novo aumento de 17°C (31°F) em 5 de agosto.

Esses picos repentinos de temperatura surpreenderam os cientistas Lawrence Coy e Paul Newman, do Goddard Space Flight Center da NASA. Ambos são responsáveis pelo desenvolvimento de modelos atmosféricos para o Global Modeling and Assimilation Office (GMAO) da NASA. Coy destacou que o aquecimento observado em julho foi o primeiro registrado em 44 anos de monitoramento da estratosfera antártica.

Impacto no vórtice polar

Durante o inverno, ventos de oeste circulam ao redor do Polo Sul na estratosfera, movendo-se a cerca de 300 km/h, criando o fenômeno conhecido como vórtice polar. No entanto, em determinadas ocasiões, esse fluxo simétrico é interrompido, resultando no enfraquecimento dos ventos e mudanças na forma do vórtice.

Quando isso ocorre, o vórtice polar deixa de circular de maneira uniforme e se alonga, o que contribui para o aumento significativo da temperatura na estratosfera. Em agosto de 2024, o enfraquecimento do vórtice foi evidente, conforme mostrado nos mapas gerados pelo modelo GEOS-FP da NASA. Esse modelo utiliza dados de satélites e sistemas de observação em solo para realizar as análises.

Temperaturas do ar na estratosfera média em 5 de agosto de 2023 (esquerda) e 5 de agosto de 2024.

A comparação com o hemisfério norte

Diferente do Ártico, onde eventos de aquecimento estratosférico ocorrem aproximadamente uma vez por ano, no Hemisfério Sul, esses fenômenos são muito mais raros, ocorrendo em média a cada cinco anos. Coy explica que a diferença se deve, em parte, à presença de mais terrenos no Hemisfério Norte, que acabam interferindo nos fluxos de vento da troposfera e atingem a estratosfera, provocando perturbações no vórtice polar.

Além das condições na estratosfera, o clima na troposfera antártica também apresentou comportamentos incomuns em julho de 2024. Grandes partes do continente registraram temperaturas 4°C (7,2°F) acima da média, fazendo com que julho de 2024 fosse um dos cinco mais quentes já registrados na Antártida. Apesar das anomalias climáticas, Newman alerta que não é simples atribuir esses eventos na troposfera ao aquecimento na estratosfera.

Implicações para o clima e a camada de ozônio

Os cientistas ainda estão investigando as causas das perturbações na superfície terrestre que resultam em mudanças na estratosfera. Newman sugere que variações na temperatura da superfície do mar e no gelo marinho podem estar contribuindo para esses eventos, mas é difícil determinar com precisão as razões por trás do desenvolvimento desses sistemas climáticos.

Dentro da estratosfera, eventos de aquecimento repentino têm sido associados a maiores concentrações de ozônio sobre a Antártida. A camada de ozônio desempenha um papel crucial ao absorver a radiação ultravioleta prejudicial, protegendo a vida na Terra.

Com a mudança de circulação causada pelos eventos de aquecimento, há um transporte de ozônio de outras regiões para o polo sul. Até o momento, em 2024, o buraco de ozônio no Hemisfério Sul tem sido menor do que o habitual.

Os cientistas continuarão monitorando esses fenômenos e investigando suas causas, buscando entender melhor como essas perturbações podem impactar o clima global e as concentrações de ozônio, essenciais para a saúde do planeta.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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