Nova projeção cartográfica apresenta representação inédita dos hemisférios norte e sul em faces opostas de um disco, superando distorções históricas e preservando a continuidade dos continentes sem cortes convencionais
O mapa da Terra mais preciso já criado foi desenvolvido por físicos da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e apresenta um formato inovador em forma de disco. Cada face representa um hemisfério, norte ou sul, e o resultado minimiza as distorções comuns nas projeções cartográficas tradicionais, oferecendo maior fidelidade em relação à superfície esférica do planeta.
Segundo os autores, essa abordagem supera projeções amplamente utilizadas, como a de Mercator e a Winkel-Tripel, especialmente no critério de continuidade, já que evita cortes no Oceano Pacífico, comuns em mapas convencionais. “Não se pode fazer tudo perfeitamente. Um mapa é tão bom em uma coisa quanto não é em representar outras”, afirmou o físico Richard Gott.
A solução foi apresentada como uma alternativa para representar a superfície terrestre em um plano sem perder a proporção real das áreas e formas. O projeto se baseia em métricas rigorosas para avaliar deformações, incluindo áreas, distâncias, flexão, assimetria e cortes.
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Problema cartográfico que persiste há séculos
A humanidade sabe que a Terra é esférica há milênios, mas essa característica nem sempre representou um desafio prático. Durante séculos, mapas mostravam apenas regiões limitadas da Eurásia e da África, sem incluir as Américas, a Oceania e a Antártida. Nessas condições, as distorções não eram relevantes para a navegação ou para o uso cotidiano.
Com o avanço da exploração marítima e da aviação, a precisão cartográfica tornou-se essencial. A projeção de Mercator, criada no século XVI, passou a ser amplamente usada por navegadores, pois preservava formas e direções, mas distorcia o tamanho das áreas próximas aos polos.
No século XX, surgiram alternativas como a projeção Winkel-Tripel, adotada pela National Geographic Society, que reduzia as distorções, mas ainda apresentava limitações próximas às extremidades do globo.
Novo modelo supera projeções tradicionais
Em 2007, David Goldberg e Richard Gott desenvolveram um sistema de pontuação para avaliar mapas com base em seis critérios técnicos. Nessa escala, um globo perfeito teria nota 0, e quanto maior o valor, maior a distorção. A projeção Winkel-Tripel marcou 4,563 pontos, enquanto o novo mapa da Terra obteve 4,497 pontos, sendo considerado o mais fiel já projetado.
O destaque está na forma como a projeção preserva a continuidade geográfica. Em vez de apresentar cortes verticais que separam continentes, o novo mapa distribui os hemisférios em duas faces de um mesmo disco, mantendo a integridade visual e reduzindo distorções de área.
Além disso, a nova abordagem permite que diferentes elementos astronômicos sejam mapeados no mesmo formato, incluindo planetas, a abóbada celeste e o Fundo Cósmico de Micro-ondas.
Técnica e design do mapa em disco
O conceito de disco com dupla face foi inspirado na ideia de representar o planeta como se fosse um “vinil”, onde o lado A mostra o hemisfério norte e o lado B exibe o hemisfério sul. Essa configuração pode ser impressa frente e verso, facilitando sua manipulação física e consulta.
O corte utilizado no mapa foi colocado no equador, mas os autores afirmam que ele também poderia estar no meridiano de Greenwich. A escolha do corte é estratégica, pois influencia diretamente na minimização de deformações e na percepção de continuidade.
A proposta também busca ampliar a aplicação desse tipo de projeção em áreas como educação, pesquisa e design, tornando a geografia visualmente mais precisa para o público.
Impacto e aplicações futuras
O desenvolvimento desse mapa da Terra pode impactar desde a produção de materiais didáticos até projetos científicos que dependem de alta precisão cartográfica. Em áreas como climatologia, oceanografia e geopolítica, um modelo com menos distorções pode fornecer interpretações mais corretas de dados globais.
A projeção também pode ser adaptada para uso em ambientes digitais, permitindo que mapas interativos preservem escalas e distâncias com mais precisão do que as projeções retangulares atuais.
Pesquisadores apontam que, embora a adoção massiva dependa de adaptação tecnológica, o modelo representa um marco para a cartografia contemporânea.