Bateria gelatinosa pode revolucionar o mercado de eletrônicos com uma fonte de energia mais segura, flexível e durável, capaz de funcionar mesmo após sofrer danos físicos extremos.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, anunciaram um avanço promissor na área de armazenamento de energia: uma bateria gelatinosa, flexível e capaz de continuar funcionando mesmo após ser torcida, cortada ou perfurada. A inovação pode abrir caminho para uma nova geração de baterias mais seguras, sustentáveis e ideais para eletrônicos vestíveis.
Durante os testes realizados em laboratório, os cientistas demonstraram que o componente regenerava até 90% de sua capacidade original mesmo após ser danificado. Essa resistência, aliada à flexibilidade e ausência de substâncias tóxicas, representa um grande passo em direção à substituição das baterias de íons de lítio — padrão atual, mas conhecidas por serem inflamáveis e perigosas.
O que é uma bateria gelatinosa e como ela funciona?
A bateria gelatinosa criada pela equipe americana possui uma estrutura maleável, feita com materiais não tóxicos e moldáveis, o que permite que ela seja dobrada, amassada e até mesmo rasgada sem deixar de fornecer energia. Essa capacidade vem do seu componente regenerativo, que permite uma espécie de “cicatrização” dos danos físicos.
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Ao contrário das tradicionais baterias de íons de lítio, que exigem revestimentos rígidos e proteção contra superaquecimento, a versão flexível pode funcionar mesmo com perfurações ou rachaduras, tornando-se uma alternativa mais segura para diferentes aplicações.
O projeto foi idealizado com foco em dispositivos móveis e eletrônicos de vestir, como relógios inteligentes, pulseiras fitness, roupas tecnológicas e sensores biométricos, onde a maleabilidade é um requisito essencial.
Resistência e regeneração: os resultados dos testes
Nos experimentos realizados em laboratório, a bateria flexível e regenerativa passou por testes extremos. Ela foi cortada com navalhas, perfurada por agulhas e torcida repetidamente, simulando cenários onde uma bateria convencional deixaria de funcionar imediatamente.
Após os danos, os cientistas aplicaram um breve processo de regeneração, baseado em reações químicas internas, e o componente recuperou até 90% da sua capacidade original. Isso mostra que mesmo em situações de alto desgaste físico, o sistema consegue se manter ativo, algo considerado inédito para uma bateria funcional em ambiente não controlado.
A durabilidade também impressiona. A bateria passou por 500 ciclos completos de carga e descarga, o que já se aproxima da média dos smartphones modernos. No entanto, ainda há limitações: após os 500 ciclos, a bateria mantinha 60% da capacidade, abaixo dos 80% esperados em baterias tradicionais. Esse ponto deve ser aprimorado nas próximas fases do projeto.
Vantagens da bateria gelatinosa em comparação com as baterias convencionais
As baterias de íons de lítio, apesar de amplamente utilizadas em celulares, carros elétricos e laptops, possuem riscos importantes. São altamente reativas, inflamáveis e requerem blindagem reforçada para evitar explosões em caso de superaquecimento.
A nova bateria gelatinosa oferece vantagens que podem mudar esse cenário:
- Mais segura: sem metais tóxicos nem risco de combustão espontânea
- Flexível: ideal para eletrônicos que precisam ser dobrados, curvados ou adaptados ao corpo
- Resistente a danos físicos: continua operando mesmo após rompimentos
- Autoregenerativa: capacidade de “se curar” e retomar funcionamento após avarias
Esses pontos tornam a tecnologia especialmente atrativa para aplicações em saúde, moda tecnológica, wearables e dispositivos que acompanham o corpo humano durante atividades físicas ou uso prolongado.
Aplicações futuras da nova bateria regenerativa em tecnologia vestível
Um dos focos da equipe é levar a bateria flexível e regenerativa ao setor de eletrônicos vestíveis. Esse mercado está em expansão e exige soluções energéticas que acompanhem o movimento do corpo sem comprometer a segurança ou a autonomia do dispositivo.
A tecnologia pode ser aplicada em roupas com sensores embutidos, relógios fitness, acessórios inteligentes e até próteses com monitoramento de sinais vitais. Como não há risco de curto-circuito por rachaduras ou torções, a segurança do usuário também aumenta significativamente.
Além disso, a possibilidade de criar baterias moldáveis pode permitir o desenvolvimento de dispositivos com novos formatos, mais leves, finos e adaptáveis à anatomia humana.
Limitações e próximos desafios da bateria regenerativa
Apesar do avanço, a tecnologia ainda precisa superar alguns obstáculos antes de chegar ao uso comercial. O principal deles é a capacidade de retenção de carga a longo prazo. Embora a bateria tenha suportado 500 ciclos, seu rendimento caiu para 60% após esse limite, o que está abaixo do padrão exigido para produtos duráveis.
Outro desafio é escalar a produção industrial com custo acessível, mantendo a segurança e eficiência da versão de laboratório. A equipe da Universidade da Califórnia trabalha agora em colaborações com empresas de tecnologia para otimizar o desempenho e viabilizar a fabricação em larga escala.
A criação da bateria gelatinosa representa mais que uma inovação técnica: é um passo em direção a uma nova geração de fontes de energia sustentáveis, adaptáveis e seguras. O fato de continuar funcionando mesmo após sofrer cortes ou perfurações amplia significativamente seu potencial de uso em ambientes extremos, onde manutenção é difícil ou impossível.
Para especialistas da área de materiais e tecnologia, essa descoberta pode se tornar a base para nova geração de baterias inteligentes, capazes de se regenerar e se adaptar às condições do usuário e do ambiente. O impacto pode ser especialmente grande em áreas como saúde, segurança, vestíveis esportivos e tecnologias portáteis.