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Cientistas capturam pela primeira vez terremoto lento que percorre 2 km por dia e pode reduzir risco de tsunamis

Publicado em 28/06/2025 às 07:57
Terremoto, Terremotos, falhas
Sensores e instrumentos de observação (à esquerda) sendo baixados em um poço na costa do Japão, a quase 455 metros abaixo do fundo do mar. Dick Peterse / Kevin Schafer
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Ondulação sísmica percorreu 32 km no fundo do mar na Falha de Nankai, revelando como fluido e pressão afetam terremotos lentos

Pesquisadores da Universidade do Texas em Austin registraram um terremoto de deslizamento lento em movimento. O fenômeno foi detectado em uma zona de falha próxima ao fundo do oceano, na costa do Japão. A descoberta é considerada importante para entender como o estresse se acumula e se dissipa nas placas tectônicas da Terra.

O terremoto ocorreu na Falha de Nankai, uma região conhecida por sua atividade sísmica e capacidade de gerar tsunamis. A equipe utilizou sensores de perfuração para acompanhar o fenômeno. Os sensores foram instalados em uma área crítica, onde a falha está próxima da fossa oceânica.

Esses sensores são sensíveis o suficiente para captar movimentos muito pequenos, de apenas alguns milímetros. De acordo com Demian Saffer, diretor do Instituto de Geofísica da universidade (UTIG), esse tipo de detecção não seria possível por redes tradicionais de GPS.

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Ondulações tectônicas percorreram o fundo do mar

O fenômeno, descrito pelos cientistas como uma “ondulação” se deslocando ao longo da linha de contato entre duas placas tectônicas, foi observado no outono de 2015.

Um segundo evento similar ocorreu em 2020. Ambos seguiram o mesmo caminho e se estenderam por áreas rasas da falha, onde terremotos mais superficiais podem gerar tsunamis.

O líder do estudo foi o aluno de doutorado Josh Edgington, que analisou os dados como parte de seu trabalho no UTIG. O estudo foi publicado recentemente na revista Science.

Deslizamento lento percorreu 32 km em semanas

No artigo, os cientistas afirmam que o deslizamento começa a cerca de 30 quilômetros em direção à terra a partir da trincheira oceânica.

A movimentação segue em direção ao mar, numa velocidade entre 1 e 2 quilômetros por dia. Os eventos coincidem com o início de tremores e terremotos de frequência muito baixa.

Os pesquisadores utilizaram registros de pressão de fluidos nos poros, obtidos por três observatórios de perfuração offshore.

Esses dados permitiram reconstruir o histórico dos dois eventos e confirmar que eles ocorreram em regiões de alta pressão de fluido e baixa tensão.

Fluidos geológicos são peça-chave no processo

Essa constatação é relevante porque mostra uma ligação direta entre a presença de fluido e os terremotos de deslizamento lento. Até agora, essa relação era considerada provável, mas ainda carecia de provas observacionais claras.

Segundo o comunicado divulgado pela universidade, as ondulações se originaram a cerca de 48 quilômetros da costa do Japão. Ao longo de semanas, percorreram cerca de 32 quilômetros, até dissipar-se na borda da margem continental.

Parte da falha atua como amortecedor natural

Os resultados indicam que essa parte da falha atua como um amortecedor tectônico. Isso significa que, em vez de acumular energia para gerar grandes terremotos, essa área libera pressão de forma lenta e recorrente. Tal comportamento pode diminuir o risco de eventos sísmicos mais destrutivos naquela região específica.

Mesmo assim, a Falha de Nankai já foi palco de um terremoto de magnitude 8, em 1946. Na ocasião, mais de 36.000 casas foram destruídas e mais de 1.300 pessoas morreram.

Um novo terremoto de grandes proporções é esperado para o futuro, mas os pesquisadores acreditam que os eventos lentos ajudam a aliviar parte da pressão acumulada.

Estudo pode ajudar a entender outras falhas

A localização dos sensores também é relevante. Ela mostra que a parte mais superficial da falha consegue liberar energia de forma independente do restante da estrutura.

Esse conhecimento pode ser usado para estudar outras zonas de subducção, como aquelas que fazem parte do Anel de Fogo do Pacífico — uma região que concentra os maiores terremotos e tsunamis do planeta.

A equipe agora pretende usar as informações coletadas para investigar outras áreas da falha. Com isso, será possível entender melhor o comportamento sísmico em regiões similares e aprimorar a avaliação dos riscos futuros.

Com informações de Interesting Engineering.

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Romário Pereira de Carvalho

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