1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Cientistas brasileiros descobrem plantas capazes de remover metais pesados do solo e limpar áreas contaminadas naturalmente
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

Cientistas brasileiros descobrem plantas capazes de remover metais pesados do solo e limpar áreas contaminadas naturalmente

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 25/07/2025 às 12:19
Cientistas brasileiros descobrem plantas capazes de remover metais pesados do solo e limpar áreas contaminadas naturalmente
Foto: Cientistas brasileiros descobrem plantas capazes de remover metais pesados do solo e limpar áreas contaminadas naturalmente
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

Cientistas brasileiros identificam espécies nativas com alto potencial para remover metais pesados do solo por meio da fitoextração, oferecendo novas soluções de biorremediação e limpeza natural em áreas contaminadas no Brasil.

Pesquisadores brasileiros identificaram espécies vegetais com alta capacidade de absorver e acumular metais pesados presentes em solos contaminados. Essa descoberta abre caminho para soluções sustentáveis no combate à poluição ambiental e pode transformar áreas degradadas por atividades industriais e de mineração. A técnica, conhecida como fitorremediação, usa plantas de fitoextração para promover a limpeza natural do solo, representando um avanço promissor na biorremediação no Brasil. A identificação de espécies nativas e adaptadas ao clima tropical amplia as possibilidades de recuperação ambiental no país. 

Plantas brasileiras ajudam na limpeza natural do solo

A limpeza natural do solo por meio de plantas remediadoras é uma alternativa ecológica a métodos tradicionais, muitas vezes caros e poluentes. As espécies identificadas no Brasil têm a capacidade de absorver metais como níquel, manganês, zinco e cádmio em seus tecidos, com o objetivo de utilizá-las na recuperação de áreas contaminadas por atividades de mineração.

YouTube Video

Entre as espécies analisadas por cientistas brasileiros estão plantas nativas hiperacumuladoras que demonstram potencial para absorver altos teores de metais pesados em áreas contaminadas, especialmente em solos afetados pela mineração.

Essas plantas conseguem sobreviver em áreas contaminadas, extraindo substâncias tóxicas sem comprometer sua fisiologia, o que as torna candidatas ideais para projetos de biorremediação no Brasil.

O que são plantas remediadoras de solo?

As chamadas plantas remediadoras de solo são capazes de absorver e acumular compostos tóxicos presentes no ambiente, incluindo metais pesados no solo. Essas espécies atuam naturalmente como filtros biológicos, limpando terrenos contaminados sem a necessidade de escavações profundas ou uso de produtos químicos agressivos.

Dentre os mecanismos utilizados pelas plantas, destacam-se a fitoextração (acúmulo de contaminantes nas folhas e caules) e a rizofiltração (absorção pelas raízes). Essas técnicas são especialmente úteis em regiões afetadas pela mineração, pelo descarte inadequado de resíduos industriais ou pelo uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos.

Estudo brasileiro investiga espécies nativas com alto potencial de fitoextração

Pesquisadores de instituições brasileiras como a Unesp e a Universidade Federal de Viçosa têm conduzido estudos para identificar plantas nativas com potencial de acumular metais pesados, com o objetivo de aplicá-las em projetos de fitorremediação e agromineração. A pesquisa inclui coletas em áreas contaminadas de Minas Gerais e testes laboratoriais para medir a eficiência dessas plantas na retenção de contaminantes.

O foco está em plantas adaptadas ao solo brasileiro, com rápida taxa de crescimento, resistência à toxicidade dos metais e capacidade de produzir biomassa suficiente para posterior processamento. A expectativa é utilizar essas plantas tanto para limpeza natural do solo quanto para a agromineração — técnica que transforma biomassa contaminada em fonte de metais reutilizáveis.

Metais pesados no solo: um desafio ambiental global

A presença de metais pesados no solo é um dos principais problemas ambientais enfrentados por regiões industrializadas e mineradoras. Substâncias como cádmio, chumbo, mercúrio e níquel não se degradam facilmente e, em altas concentrações, tornam-se tóxicas para a flora, a fauna e os seres humanos.

No Brasil, áreas de extração mineral, especialmente em Minas Gerais, sofrem com a contaminação do solo e da água. Casos como o desastre de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) evidenciaram os riscos da exposição contínua a metais pesados e reforçaram a urgência de soluções sustentáveis.

Estudos ambientais e levantamentos feitos por universidades e órgãos públicos indicam que diversas regiões do Brasil apresentam solos contaminados por resíduos industriais e minerais, especialmente em áreas urbanas e zonas de mineração, representando risco à saúde e ao meio ambiente. A adoção de plantas de fitoextração pode contribuir para reduzir esse impacto ambiental de forma eficiente e acessível.

Vantagens da biorremediação no Brasil

A biorremediação no Brasil se mostra particularmente viável devido à rica biodiversidade de plantas nativas, que se adaptam bem a solos com baixa fertilidade e presença de contaminantes. Além disso, o clima tropical favorece o crescimento rápido das espécies utilizadas em fitorremediação, acelerando os processos de recuperação.

Outro benefício é o baixo custo em comparação a métodos tradicionais, que envolvem remoção de solo, transporte e tratamento em centros especializados. A utilização de vegetação adaptada localmente também minimiza o risco de impactos ecológicos secundários.

A pesquisa nacional tem mostrado que, com o uso adequado de plantas remediadoras de solo, é possível restaurar áreas afetadas sem a necessidade de grandes intervenções mecânicas ou químicas, tornando o processo mais ecológico e socialmente aceitável.

Possibilidades futuras: agromineração e economia circular

Além da reabilitação ambiental, as plantas que acumulam metais pesados podem ser aproveitadas para fins econômicos. A técnica conhecida como agromineração permite extrair metais valiosos diretamente da biomassa das plantas após colheita. Isso cria oportunidades para integrar a limpeza natural do solo a uma cadeia produtiva sustentável, inserida nos princípios da economia circular.

Pesquisadores apoiados pela FAPESP e vinculados à USP/Esalq e à Unesp investigam o uso de plantas nativas para extrair metais do solo e reaproveitá-los por meio da agromineração, contribuindo com práticas sustentáveis de economia circular. Com isso, metais como níquel, cobalto e zinco podem ser recuperados e reinseridos em processos industriais.

A longo prazo, isso pode gerar renda para agricultores, criar empregos verdes e promover o uso de tecnologias limpas no campo e nas cidades.

Limitações e desafios da fitorremediação

Apesar dos avanços, o uso de plantas de fitoextração ainda enfrenta limitações. O processo pode ser lento, exigindo várias colheitas ao longo dos anos até que os níveis de metais se tornem seguros. Além disso, a eficácia varia conforme o tipo de solo, clima, grau de contaminação e características das espécies vegetais.

Outro desafio é o destino adequado da biomassa contaminada, que não pode ser descartada como lixo comum. Por isso, o desenvolvimento de tecnologias para o reaproveitamento desses resíduos é fundamental para a viabilidade econômica da técnica.

A integração entre ciência, políticas públicas e produtores rurais será essencial para ampliar a adoção da fitorremediação no país.

Uma solução promissora e ecológica para limpeza natural do solo

A descoberta de espécies nativas capazes de remover metais pesados no solo reforça o papel da ciência brasileira na busca por soluções sustentáveis e eficientes para a recuperação ambiental. A biorremediação no Brasil, por meio de plantas remediadoras de solo, oferece uma alternativa viável, de baixo custo e com grande potencial ecológico.

Além de restaurar áreas degradadas, a técnica pode abrir novos caminhos para a agromineração e a economia circular, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a sociedade. Com mais investimentos em pesquisa e políticas públicas voltadas à sustentabilidade, o país pode se tornar referência mundial em limpeza natural do solo com base em sua própria biodiversidade.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x