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Cielo perde liderança histórica na ‘guerra das maquininhas’ após avanço de concorrentes, novas regras do Banco Central e ascensão do Pix

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 09/08/2025 às 19:06
Guerra das maquininhas derruba margens e força Cielo a competir com fintechs que oferecem contas digitais, crédito e fidelidade
Guerra das maquininhas derruba margens e força Cielo a competir com fintechs que oferecem contas digitais, crédito e fidelidade
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Como a Cielo perdeu espaço na guerra das maquininhas? Concorrência intensa, mudanças regulatórias e novas tecnologias desafiaram a liderança histórica da empresa

Durante anos, pagar com cartão no Brasil era quase sinônimo de passar por uma maquininha da Cielo. A empresa chegou a controlar mais da metade das transações do país, sustentando margens robustas em um mercado praticamente fechado.

Mas a chegada de novos competidores, a regulamentação do Banco Central e a ascensão do Pix mudaram o jogo. Hoje, a Cielo luta para se manter competitiva em um cenário onde maquininhas são apenas a porta de entrada para ecossistemas financeiros muito mais amplos.

O reinado que parecia inabalável

A trajetória da Cielo começou como Visanet, focada exclusivamente em transações Visa. Do outro lado, a RedeCard, ligada à Mastercard, atendia o restante do mercado. Essa divisão obrigava comerciantes a manter duas maquininhas, criando um duopólio que garantia receitas altas e estabilidade para os dois grupos.

O modelo gerava ganhos não apenas nas taxas de transação, mas também no aluguel dos equipamentos, manutenção, antecipação de recebíveis e acordos com emissores e bandeiras. Essa combinação fez da Cielo uma gigante difícil de ser desafiada — até que a regulação mudou.

O Banco Central desmonta o duopólio

A partir de 2010, o Banco Central e o Cade determinaram o fim da exclusividade entre bandeiras. A Cielo passou a aceitar Mastercard, e a RedeCard (hoje Rede) começou a processar Visa. O objetivo era abrir o mercado, aumentar a concorrência e reduzir custos para lojistas.

O efeito foi rápido: Stone, PagSeguro, Getnet, SafraPay e Mercado Pago chegaram oferecendo maquininhas mais baratas, sem aluguel e integradas a aplicativos modernos. Assim nasceu a chamada “guerra das maquininhas”, que derrubou margens e ampliou o acesso ao cartão para autônomos e pequenos comerciantes.

Pix e registrador de recebíveis mudam a fonte de lucro

Em 2021, uma nova mudança regulatória retirou das adquirentes o controle sobre a antecipação de recebíveis. Qualquer lojista passou a poder antecipar suas vendas com qualquer instituição financeira, aumentando a competição nesse segmento.

Somado a isso, o Pix ganhou adoção massiva desde 2020, reduzindo o uso do débito e impactando diretamente as receitas das credenciadoras. O lucro deixou de estar na captura da transação e passou a depender de quem oferece pacotes completos com conta digital, crédito, investimentos e programas de fidelidade.

Estrutura societária e perda de agilidade

Mesmo com todos os desafios, a Cielo ainda é uma das maiores do país, com cerca de 20% do mercado, atrás da Rede, que lidera com 22%. Mas a sua estrutura de controle limita a agilidade: a empresa pertence à Elopar, holding dividida entre Bradesco e Banco do Brasil, que também controla marcas como Elo, Livelo, Alelo e Veloe.

Na prática, qualquer mudança estratégica exige consenso entre dois bancos que competem diretamente no mercado. Enquanto isso, concorrentes como o Itaú — dono da Rede — e as fintechs atuam de forma mais integrada e veloz, adaptando produtos e preços com rapidez.

O desafio de se reinventar

Em 2024, Bradesco e Banco do Brasil compraram as ações restantes da Cielo e fecharam o capital, movimento semelhante ao que Itaú e Santander já haviam feito com suas adquirentes. A ideia é que, fora da bolsa, seja mais fácil ajustar processos sem a pressão dos investidores.

Mas a questão central permanece: é possível transformar uma operação robusta e tradicional em uma máquina ágil o suficiente para competir com fintechs e bancos verticalizados? Hoje, as maquininhas não são mais o produto principal, mas sim a porta de entrada para serviços financeiros completos, onde o valor está na integração e no uso inteligente de dados.

E você, acha que a Cielo ainda tem força para voltar à liderança ou o futuro do setor pertence às fintechs? Compartilhe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa disputa no dia a dia.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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