Com o achado das maiores pedras preciosas do país e um PIB superior ao da capital, Coromandel se consolida como referência mundial na mineração e símbolo de prosperidade no interior de Minas Gerais.
De acordo com o portal Gazeta do povo, distante cerca de 500 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade de Coromandel (MG), no Alto Paranaíba, tornou-se sinônimo de riqueza mineral e protagonismo internacional. Foi lá que foram encontrados os três maiores diamantes do Brasil, responsáveis por colocar o município no mapa global da mineração e por impulsionar uma economia que hoje ostenta PIB per capita superior ao da capital mineira.
O primeiro e mais famoso, o “Getúlio Vargas”, de 727 quilates, foi encontrado em 1938. No ano seguinte, veio o “Darcy Vargas”, com 460 quilates. E, em maio de 2025, Coromandel voltou às manchetes do mundo com a descoberta de uma pedra de 646,78 quilates, avaliada em R$ 16 milhões, nas margens do Rio Douradinho.
Um solo que guarda tesouros há milhões de anos
O geólogo Daniel Fernandes explica que a formação dos diamantes em Coromandel tem duas origens distintas.
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A primária está ligada ao manto terrestre, onde os cristais se formam sob altas pressões e temperaturas antes de serem lançados à superfície pelas chamadas rochas kimberlíticas. Já a origem secundária ocorre quando o tempo, a erosão e a ação da água deslocam essas pedras de seus depósitos originais, tornando-as mais difíceis de localizar.
“Essas rochas se rompem e liberam diamantes ao longo dos séculos.
É um processo geológico raro e complexo”, explica Fernandes. Segundo ele, centenas de kimberlitos compõem o subsolo de Coromandel, justificando a abundância das pedras e o apelido que a cidade carrega com orgulho: ‘capital dos diamantes’.
Tradição garimpeira e cultura do diamante
Em Coromandel, o diamante não é apenas um recurso natural é parte da identidade cultural.
Pequenas pedras preciosas circulam nas mãos de moradores, muitas vezes guardadas como lembrança familiar ou símbolo de pertencimento.
“O mais impressionante é que a mineração faz parte da rotina social da cidade”, diz Fernandes.
“Em uma tarde comum, é possível ver garimpeiros mostrando pequenas gemas nas praças e comércios locais.
Há uma convivência natural entre a população e a atividade mineral.”
O turismo também começa a se expandir sobre essa tradição. Experiências como visitas a garimpos, oficinas de lapidação artesanal e roteiros educativos sobre geologia têm atraído visitantes interessados em conhecer a história das pedras que mudaram a economia da região.
PIB acima da capital e crescimento sustentável
Os números confirmam o impacto econômico da mineração. O PIB per capita de Coromandel é de R$ 54.911, valor superior ao de Belo Horizonte, que registra R$ 41.818,32.
A renda local se diversificou: o garimpo movimenta hospedagem, combustíveis, alimentação e serviços técnicos, gerando empregos diretos e indiretos que fortalecem o comércio da cidade.
Para o prefeito Fernando Breno (PRD), o modelo de mineração regulada é o que garante o equilíbrio entre desenvolvimento e segurança.
“O garimpo é a espinha dorsal da economia de Coromandel, mas operamos com responsabilidade. A segurança e a legalidade são inegociáveis”, afirmou.
Fiscalização e legalidade sob a vigilância da ANM
A Agência Nacional de Mineração (ANM) fiscaliza a extração de diamantes no município a cada seis meses, em parceria com cooperativas locais.
Entre elas, destaca-se a Coopemg (Cooperativa dos Pequenos e Médios Garimpeiros), que atua sob permissão de lavra garimpeira regularizada.
Todo o processo segue protocolos rigorosos: o registro oficial do achado, a análise gemológica, a emissão do Certificado de Kimberley documento internacional que comprova a origem legal da pedra e a autorização para venda ou exportação.
Segundo Denize Fernandes, presidente da Coopemg, o impacto da mineração vai além da economia.
“A mineração de diamantes gera emprego, movimenta o comércio e mantém famílias inteiras no campo. Para muitas pessoas, é a principal fonte de sustento e dignidade”, explica.
Segurança exemplar e comunidade vigilante
Mesmo com a circulação de riquezas, Coromandel se destaca pela baixa criminalidade.
Em 2024, a Polícia Civil registrou apenas três roubos em todo o município, sem ocorrências de homicídios, sequestros ou extorsões.
De acordo com o prefeito, o sucesso se deve à vigilância comunitária e à restrição de acesso às áreas de garimpo.
“Há um sistema informal de proteção: os moradores se conhecem e sabem quem é da cidade. Estranhos tentando atuar ilegalmente são rapidamente identificados”, explica Breno.
Um modelo que alia tradição, riqueza e controle
Hoje, Coromandel se consolida como exemplo de equilíbrio entre riqueza natural e responsabilidade social.
A cidade conseguiu preservar a tradição garimpeira sem abrir mão da legalidade e da transparência. Além disso, mantém índices de desenvolvimento e segurança que rivalizam com grandes centros urbanos.
E você, acredita que a riqueza mineral deve continuar sendo explorada em Coromandel? Acha que o modelo de mineração regulada é o caminho ideal para o Brasil? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive ou acompanha de perto essa realidade mineral.