Descoberta acidental de um túnel sob casa antiga em Rio Claro reacende mistério sobre rede subterrânea esquecida no interior paulista
Uma reforma comum em um casarão antigo no interior paulista acabou revelando um dos mistérios mais curiosos do estado. A cidade de Rio Claro, com cerca de 200 mil habitantes, viu sua rotina mudar durante os anos 1990 com uma descoberta inesperada.
Um pedreiro contratado para obras em um imóvel na Rua 6 encontrou, por acaso, uma entrada que dava acesso a uma complexa rede subterrânea. Desde então, o assunto virou parte da história local.
Acidente revela túnel sob a cidade
A descoberta ocorreu quando a Imobiliária Saraiva comprou uma casa antiga para instalar sua sede. Durante a obra, parte do chão cedeu com um forte estrondo, revelando uma passagem de tijolos.
-
Por que esse aluno abandonou a faculdade por medo da inteligência artificial: ‘diploma pode não importar mais’
-
Caças dos EUA escoltaram avião de Putin no Alasca, em primeira vez que aeronave oficial russa recebeu acompanhamento norte-americano
-
Quanto ganha um motorista de aplicativo na cidade de São Paulo
-
Vagas falsas com salários de até R$ 3.200 circulam em anúncios que imitam os Correios
Ao investigar, os trabalhadores se depararam com um túnel de 3 metros de altura por 20 metros de comprimento, revestido de granito escuro e se estendendo sob outras construções.
O túnel começava logo abaixo do quintal do imóvel. Durante a limpeza da área, foram encontrados frascos de remédios, tubos de ensaio e materiais farmacêuticos.
Esses objetos intrigaram ainda mais os moradores, que passaram a criar e espalhar diversas histórias e lendas sobre a utilidade daquele espaço oculto.
Redescoberta de um tema antigo
Apesar do alvoroço na década de 1990, o assunto não era exatamente novo. Nos anos 1970, a museóloga Marizilda Couto, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), já havia pesquisado túneis semelhantes em Rio Claro.
Seu estudo apontou que uma parte da rede subterrânea passava sob a Praça da Liberdade, ligando a antiga Igreja Matriz à Igreja do Convento — hoje, Colégio Puríssimo.
Na época, circularam boatos de que corpos de bebês teriam sido encontrados embaixo do obelisco da praça. A história nunca foi confirmada oficialmente, mas ajudou a manter o mistério vivo por mais de uma geração. Mesmo assim, o tema voltou a cair no esquecimento até as escavações da década de 1990.
Nova tentativa reacende o mistério
O assunto voltou à tona em 2013, quando o imóvel da Rua 6 foi vendido novamente. O novo dono decidiu retomar as escavações e encontrou uma sala de 5 metros de altura com teto em forma de abóbada.
Um dos detalhes mais intrigantes da sala era a presença de um possível altar e uma caixa metálica enferrujada, presa à parede, com aparência de alavanca de elevador.
Essa descoberta aumentou ainda mais a curiosidade sobre a rede subterrânea de Rio Claro. O sistema de túneis parece interligar igrejas, casas antigas, escolas e pontos históricos da cidade. A origem exata e o propósito das passagens, porém, continuam sem resposta.
Teorias e lendas urbanas
A população local, sem explicações oficiais, criou diversas teorias. Uma das mais populares diz que os túneis serviam para ajudar escravizados a fugir, já que Rio Claro é considerada uma das primeiras cidades a libertar seus escravos.
Há também versões mais fantasiosas, como a que afirma que a rede era usada para rituais satânicos ou que guardava relíquias sagradas, como a cabeça de São João Batista.
Outras histórias citam a possibilidade de que o local teria sido usado por maçons ou até por seres extraterrestres.
Embora essas hipóteses circulem pela cidade há décadas, nenhuma delas foi comprovada. Até hoje, os túneis não passaram por uma investigação científica com metodologia rigorosa.
Falta de estudos e sumiço do interesse
Sem pesquisas aprofundadas, as dúvidas permanecem. A principal teoria entre os estudiosos locais é que os túneis foram construídos entre o século XVIII e meados do século XIX. Esse período coincide com a construção de diversos prédios importantes da cidade, como a residência do Barão de Porto Feliz (1864) e a reforma da Igreja Matriz (1869).
Boa parte da rede subterrânea também pode ter sido destruída ou bloqueada por construções mais recentes. Estima-se que ao menos 25 pontos da estrutura original tenham sido substituídos por novos edifícios, o que dificulta o acesso a possíveis entradas ou conexões.
Atualmente, o tema voltou a cair no esquecimento. Não há pesquisas em andamento, nem planos públicos para investigar o que resta desses túneis.
Mesmo assim, a curiosidade continua presente em quem vive na cidade. Afinal, sob as ruas comuns de Rio Claro, ainda existe um labirinto silencioso de pedras, histórias e mistérios sem solução.
Com informações de Mega Curioso.